Desde que passou a liderar a “macabra lista” de casos do novo coronavírus confirmados em Teresópolis, há quase dois meses, São Pedro não deixou a parte mais alta da tabela. Pelo contrário, o bairro mais populoso do município cada dia se distancia mais das outras localidades e, nesta quarta-feira, 10, ultrapassou a marca das 500 notificações da Covid-19. Até o fechamento desta edição, quando a prefeitura ainda não havia divulgado nova atualização dos dados da secretaria municipal de Saúde, já eram 503. O grande bairro, composto de várias localidades, também é o que tem o maior número de óbitos, 19. Só para se ter uma ideia, a Várzea vem logo a seguir com 352 notificações e 10 mortes. Em Bonsucesso, o terceiro com mais casos confirmados da doença, 306 ocorrências e três óbitos. Analisando a relação divulgada pelo Gabinete de Crise, constata-se ainda que o número total em São Pedro é ainda maior, visto que algumas localidades dessa comunidade são listadas separadamente. São elas o Rosário (29 casos), Granja Primor (29) e Pimentel 18). Dessa forma, o geral sobe para 580.
Quando São Pedro passou a ser o bairro com maior incidência da doença, e o fato foi divulgado pelo jornal O Diário, dezenas de pessoas entraram em contato com a redação para denunciar motivos que podem ser responsáveis pela escalada da Covid-19 – além da proximidade da grande maioria das residências da populosa e popular comunidade. Aglomerações em praças públicas e bares, pequenos eventos particulares e muita gente sem máscara seriam situação comum naquele bairro que, por outro lado, ainda não viu uma ação específica da gestão municipal para tentar mudar esse quadro. “Uma verdadeira bagunça isso aqui. Há tempos estamos denunciando que tem muita gente agindo como se a pandemia tivesse terminado, mas ninguém faz nada”, relatou à nossa reportagem a técnica em enfermagem Sandra Santana.
A doença já foi registrada em 104 bairros ou localidades do município. Até a última quarta-feira, já havia contaminado 5.482 pessoas no município. Dessas, 3.883 conseguiram se recuperar e 122 perderam a batalha. Até o momento, havia 1.477 casos ativos e 29 pessoas internadas em leitos de UTI (De 31 disponíveis, chegando a 93,55% da ocupação máxima), além de outras 37 em leitos de clínica médica. Entre terça e quarta-feira, mais 79 casos foram registrados. O Diário tentou produzir essa reportagem com números mais atualizados. Porém, frequentemente a disponibilização dos dados tem acontecido no final da noite – apesar de o painel sempre indicar um horário muito diferente, bem mais cedo do que o verdadeiro momento de atualização.
PMT diz que está trabalhando
Em reunião do Gabinete de Crise da Prefeitura, na quarta-feira, 09, foram enfatizadas as medidas de reforço com relação ao enfrentamento do contágio pelo Novo Coronavírus no município. “Entre as medidas adotadas nos últimos dias está a ampliação do PET (Programa Estratégico de Testagem), com realização de testes rápidos nos 15 postos de saúde da família (PSF`s) e nas 5 Unidades Básicas de Saúde, formando uma rede de proteção para os grupos de risco (crianças e adolescentes, de gestantes e dos idosos a partir de 60 anos sintomáticos) nas comunidades”, informou a Assessoria de Comunicação da Prefeitura. Também foi divulgado que a prefeitura está agilizando a instalação de um tomógrafo na UPA para acelerar o diagnóstico e a transferência de pacientes atendidos na unidade. Até o momento, quando é necessária a realização de uma tomografia, o paciente é levado ao HCTCO. Com o equipamento instalado na UPA, a redução do tempo para o diagnóstico e a transferência para internação será de quatro horas, em média.
“Com relação aos leitos exclusivos para pacientes COVID-19, o Gabinete de Crise ressalta que, além dos 74 leitos locais (43 clínicos e 31 UTIs), o município conta com vagas da Regulação Estadual na cidade do Rio de Janeiro e no Hospital Estadual de Volta Redonda, para eventuais necessidades de internação, em caso de ocupação total de leitos em Teresópolis. Entretanto, o Gabinete de Crise continua trabalhando para que não sejam necessárias transferências para outros municípios, reforçando que, nos 6 meses de enfrentamento da pandemia, apenas 9 dos 477 pacientes transferidos da UPA para hospitais precisaram ocupar vagas fora do município, sendo uma transferência a pedido da família. Há 3 meses não há necessidade de transferência por falta de vaga”, explicou ainda a PMT.