A Casa de Cultura Adolpho Bloch está de cara nova. Inaugurada 37 anos atrás, em maio de 1988, necessita de reforma, por conta de vazamentos do telhado, o envelhecimento da pintura e defeitos nas paredes, piso e teto. Mas, enquanto a reforma não começa, o espaço passou por uma acurada revitalização e está um brinco, devidamente higienizada, com o gramado e os jardins bem cuidados, e até as bandeiras voltaram aos mastros, dando elegância ao espaço de cultura que é considerado um dos melhores do interior do Estado. A direção da artista Sandra Saan é a responsável pelo zelo esmerado, que se completa na equipe de zeladoria e orientação ao público, e ainda os professores contratados, mais de doze atualmente, nos vários cursos, o que permitiu aumentar de menos de 200 para mais de 600 a quantidade de alunos este ano.
A retomada do espaço pelos alunos dos diversos cursos que a Casa oferece, balé e dança, teatro e pintura, entre outros, maior parte desse público crianças entre 4 e 10 anos de idade, levou a direção a limitar o acesso do público em geral durante a semana, quando ocorrem as aulas. De segunda à sexta-feira os banheiros do corredor são exclusivos dos alunos, sendo de uso do público em geral somente nos dias de eventos, como o primeiro domingo do mês, quando ocorrem dentro da Casa o Cultura de Raiz e, no anfiteatro a Feira do Rolo. Enquanto demoram as aulas, visitas às exposições da Casa são guiadas, a partir da recepção, onde tem sempre dois ou três servidores para orientação.
Antes, quando praticamente não havia alunos no espaço de Cultura, os banheiros eram abertos ao público, e usados por quem necessitasse, do público da praça aos transeuntes, como se o banheiro da Casa fosse público, o que nunca deveria ter sido, porque o prédio é privativo para os interesses da Cultura. A medida desagradou alguns, e a internet, essa semana, deu conta do descontentamento de alguns, com muita gente criticando a regra, obrigando o secretário de Cultura, Wanderley Peres a explicar a decisão, em entrevista no programa Hélio Carracena, na manhã desta quarta-feira, 23.
“Durante alguns períodos do dia, fica sob a responsabilidade do secretário de Cultura o que as famílias teresopolitanas têm de mais sagrado, que são as suas crianças, e elas estavam frágeis na escola da Cultura, vulneráveis a esse público que é estranho ao objetivo do nosso principal espaço, que é o de transmitir o conhecimento e promover a arte. Em tempo passado, já ocorreu, inclusive, de duas crianças serem molestadas por um homem no corredor do banheiro, e isso nos alertou para a providência da medida, especialmente porque o local voltou a ter vida depois que foi revitalizado”, disse o secretário, que já está buscando recursos para a reforma da Casa, com previsão para ser remodelada já no próximo ano, inclusive com a construção de uma concha acústica no anfiteatro, que será coberto com uma lona cultural.

Na entrevista a O DIÁRIO, Wanderley anunciou ainda, para breve a reforma da varanda da Casa da Memória Arthur Dalmasso. “Havia um processo de licitação para projeto de restauro da Casa, que custaria R$ 150 mil. Substituímos esse projeto que não vingou por dois projetos, de reforma e restauro, que conseguimos de graça junto à faculdade Estácio, e vamos usar o recurso economizado para a reforma emergencial, deixando o restauro para uma próxima etapa, quando for conseguido o recurso específico, que é em maior monta”. O secretário de Cultura ainda anunciou o início da construção do Ceu da Cultura, para o próximo mês, e o projeto da Casa de José de Alencar, que também está confirmado. “Depois de ter sido perdido pelo governo passado o recurso do Ceu da Cultura, porque não arranjaram o terreno, o prefeito Leonardo Vasconcellos deu de presente para a Cultura à área de 4.000m2 da Prefeitura no Barroso, e conseguimos reativar o projeto do Ceu junto à secretaria Estadual de Cultura. Toda a parte burocrática já foi cumprida e a Emop definiu o início da obra para o próximo mês. Embora tenha sido um dos últimos a serem confirmados entre os 19 CEUs que o Estado do Rio de Janeiro vai ganhar do governo federal, o de Teresópolis deve ser um dos primeiros a ser construído; e, ao lado dele, o prefeito já confirmou, também, a construção de um polo esportivo de 1.500m2, com quadra de futebol, raia de corrida, e meia quadra de vôlei, além de equipamentos de ginástica e parquinho para as crianças. O projeto da Casa de José de Alencar, em frente ao Parque Nacional, também está andando e os procedimentos burocráticos sendo feitos. Em litígio com vizinhos, já foi garantida a integridade da propriedade e a obra de reforma da casa existente será retomada em breve. Assim que for definido o projeto desse novo espaço da Cultura ele será anunciado pelo prefeito, e vai encantar, porque está ficando muito interessante”, disse o secretário, que foi ao Ceará, para conhecer casa similar, onde nasceu o famoso escritor, e trouxe de Fortaleza, além da promessa de parceria, diversas ideias para serem implantadas em Teresópolis, onde nasceu o romance O Guarani, às margens do rio Paquequer, e bem à sombra do Dedo de Deus, como bem vai se realizar o empreendimento cultural que visa o turismo literário, uma grande novidade para a região.