Marcello Medeiros
Em breve, no dia 12 de Janeiro, a maior tragédia natural da Região Serrana do Rio de Janeiro e uma das maiores do país completa 15 anos. Tanto tempo depois, para muita gente é difícil esquecer o caos e mortes geradas por escorregamentos de terra e transbordamento de rios em proporções nunca vistas antes em municípios como Teresópolis. Além de centenas de vidas perdidas, outras situações contribuem para que não se esqueça aquela fatídica madrugada, como problemas que se arrastam desde então e promessas não cumpridas pelas autoridades políticas. Em Campo Grande, um dos bairros mais afetados em 2011, surgiram vários projetos de grandes barragens para a contenção de novas cheias, mas, no máximo, foram instaladas grandes barreiras para a retenção de galhos, pedras e outros detritos em alguns pontos dos dois cursos d´água que cortam a localidade. Mas as estruturas, que custaram aproximadamente R$ 4,4 milhões dos cofres públicos, não cumprem mais a sua função: foram depredadas ou estão deterioradas pela ação do tempo.

A situação vem sendo denunciada já há algum tempo por Louis Capelle, que faz parte da Associação de Moradores e Amigos da Posse, bairro vizinho à Campo Grande e que naquela madrugada foi rasgado pela enxurrada que teve início na localidade anterior. “Dinheiro público jogado fora! Você sabe o que são barreiras flexíveis de contenção de pedras, galhos e detritos? Para que servem? Seriam para amenizar possíveis cabeças d’água ou chuvas intensas nas cabeceiras das montanhas. Pois é! Com o esquecimento pelo Inea RJ de fazer sua limpeza e manutenção, a obra de gastos milionários está abandonada, na localidade do Campo Grande, sofrendo avarias e pinos sendo retirados. Mesmo a AMAPOSSE tendo alertado para possíveis danos a estrutura, ofícios, reportagens, nada tem sido feito pelo órgão competente. Até quando fechar os olhos? Outro descaso total. Mais uma vez algo precisa ser feito! A População local reclama da morosidade e descaso com uma das áreas mais atingidas pela Tragédia de 12/01/2011”, destacou Louis em suas redes sociais.

O fantástico mundo das promessas
As barreiras de contenção de detritos foram construídas com recursos do Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (INEA RJ) e do Governo Federal, sendo instaladas entre novembro de 2018 e julho de 2019. Antes delas, havia a promessa de construção de uma grande barragem no ponto mais afetado de Campo Grande, um sistema que reteria a água da chuva em caso de nova enxurrada a partir das montanhas no entorno da localidade.
A obra, que seria custeada pela Caixa, chegou ser sinalizada, mas nunca saiu do papel – assim como a criação de um parque fluvial ao longo de todo o córrego Antônio José, também conhecido como Rio Príncipe, que nasce em Campo Grande e deságua no Paquequer, já na Cascata do Imbuí. Mais recentemente, foi anunciada uma parceria com o governo japonês para a criação de outro sistema de barragens, mais moderno e eficiente, mas que até agora também segue no campo das ideias.

Curso d´água assoreado
Além de não receber tal parque fluvial, que serviria como área de lazer para as famílias dessas comunidades e impediria a reocupação das margens do córrego, o pequeno curso d´água segue quase que totalmente assoreado. “O verão vem aí e as fortes chuvas também! O programa Limpa Rio precisa ser mais atento, rápido, eficiente em realizar o serviço pelo menos uma vez por ano na localidade. A população local reclama da morosidade e descaso com uma das áreas mais atingidas pela Tragédia”, denuncia Louis.









