Marcus Wagner
A declaração do prefeito licenciado Mario Tricano de que vai utilizar o período de licença para continuar trabalhando pelo governo municipal repercutiu negativamente entre os vereadores e pode gerar até mesmo uma ação no Ministério Público. O vereador Maurício Lopes foi quem primeiro utilizou a fala para denunciar a declaração e reproduziu o trecho da entrevista a uma rádio da cidade através do sistema de áudio do plenário. Alguns parlamentares chegaram a levantar a possibilidade de que a Câmara tenha que rever a autorização para o afastamento de Tricano, pois se ele pretende continuar tendo voz ativa no governo, não há de fato motivo para a licença.
De acordo com Maurício, se o prefeito continuar com voz ativa nas decisões da prefeitura, ele precisa também responder por todos os problemas que afetam o governo, como assinar o orçamento caótico de 2017 e se responsabilizar pelas atitudes tomadas. No áudio com o trecho da entrevista, Tricano afirma que é muito bom para Teresópolis passar a contar com dois prefeitos: “O município deveria ter dois prefeitos, o técnico, burocrata e também o operacional, aquele que vai para rua. Essa minha licença permite que o vice prefeito faça a parte burocrática e o licenciado ganha a oportunidade de ir para a rua, de buscar recursos fora. O vice-prefeito é o auxiliar do prefeito, então estou apenas invertendo, ele passa a ser o executivo e eu passo a ser o auxiliar e vou estar na rua o tempo”.
Ainda no áudio que está sendo compartilhado nas redes sociais, apesar de dizer que Sandro Dias teria autonomia para tomar decisões, Tricano afirma que logo após a entrevista já tinha compromissos: uma reunião com professores da rede municipal e em seguida iria à Praça Olímpica acompanhar o andamento dos trabalhos por lá.
“Fiquei espantado quando recebi a mensagem com o trecho do áudio de uma entrevista que o prefeito deu a uma rádio local ontem, dando conta de que está licenciado, mas vai continuar na rua trabalhando, fazendo política, ajudando o prefeito em exercício. Então essa é uma nova modalidade de governar a cidade. Há até uma brincadeira que define que ele é o rei que está na rua fazendo política e o primeiro-ministro fica na prefeitura assinando documentos. Se ele quisesse economizar, já que está na rua fazendo tudo, podia exonerar todos os secretário porque não precisa mais deles, assim vai até poder pagar a folha dos servidores. Agora pelo lado legal da coisa, a gente sabe que não está correto. Se o prefeito continuar nesse ritmo desrespeitando a posse de seu vice-prefeito, a Câmara vai ter que tomar uma atitude até mesmo de revogar a licença e ele voltar para a cadeira para honrar com os compromisso que ele jurou cumprir”, afirmou Maurício Lopes.
Da Ponte também alertou para a gravidade da declaração do prefeito licenciado: “Isso que o Maurício falou de revogar a licença do prefeito, eu falei aqui no dia da votação, deixei bem claro que não era a favor e não queria votar pela autorização. Eu votei para o prefeito poder se licenciar porque o grupo pediu, eu não sou a favor porque o problema é dele e quem tem que resolver é ele. Se o Sandro assumiu, agora quem tem que dar solução é ele. Se eu fosse o Sandro, exonerava todo mundo que podia e só contratava o que desse para não estourar a folha salarial e assim mostrava para o servidor que quer resolver o problema, que quer melhorar. O Sandro é um cara excelente, mas ele não vai ter autonomia e está arriscado ter o nome destruído. O cara ir para a rádio e dar uma declaração dessa não pode estar normal. Tricano se precipita muito com as palavras e o povo pede para votar contra ele. As consequências podem ser muito grandes, ele pode se arrepender e depois vai para a rádio falar mal de todo mundo”.
O vereador Pastor Luciano também afirmou que é necessário averiguar se Tricano está agindo pelo governo municipal e se for confirmado, será necessário revogar a licença dada a ele.
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