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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Câmara Municipal apura suposto uso irregular do Teresópolis F.C.

Gramado do tradicional campo, doado ao município para ser utilizado somente na área esportiva, desapareceu

O Teresópolis Futebol Clube, o nosso “Tricolor do Alto”, voltou a ser assunto no município. Porém, mais uma vez, não foi graças a bons resultados em campo. Depois de denúncias sobre suposta participação na manipulação de resultados em jogos da série C, em 2020, e dos meninos de uma escolinha de futebol que estariam vivendo em condições insalubres no local, em 2023, a Câmara Municipal debateu na sessão ordinária desta quinta-feira (10) as acusações de que o espaço estaria sendo utilizado de maneira irregular – e possivelmente vendido para outros fins que não os esportivos. A situação ganhou destaque na Casa Legislativa depois que passaram a circular nas redes sociais vídeos mostrando que o gramado do Estácio Antônio Savatonne foi totalmente retirado, com comentários sobre especulação imobiliária em uma das áreas mais valorizadas do município.
“A Câmara tem que usar sua força para não permitir que esse crime se realize. O que está acontecendo é um absurdo, é uma especulação. Quero solicitar a Comissão de Esporte e outros colegas e que possamos fiscalizar para que não se perca um aparelho de tanta dimensão para o esporte. Temos que parar de destruir nossa história. Soubemos que até show está marcado, mas aquilo é um polo de esporte. Pedimos ajuda da Procuradoria da casa para expulsar essa pessoa que acha que é dona. Como assim uma pessoa tira todo o gramado, do nada?”, comentou a vereadora Erika Marra (PMB).
Marcos Rangel, do PP, foi ainda mais enfático: “É preciso saber o que está acontecendo, o que beira ao ridículo, é crime. Todo mundo tem conhecimento de um projeto sobre tombamento como patrimônio público. Me recordo que com a interdição anterior prejudicou um grande projeto social que atendia crianças e adolescentes da Beira-Linha, Ilha do Caxangá, Santa Cecília, que se interrompeu e aquilo ficou no marasmo. Agora retomam como coisa particular, um espaço que todo mundo sabe que é um terreno que pertence ao município, tem a questão que a associação utilizasse como campo e que se deixasse de utilizar seria devolvido ao município. Não podemos deixar que seja roubado na mão grande, que se utilize em interesses escusos, por empreendimentos, por pessoas que não têm vínculo com a cidade”.

Tombamento do estádio
Paulinho Nogueira, do PL, informou que um projeto de sua autoria, apresentado no ano passado visando o tombamento do T.F.C., segue nas Comissões da Casa Legislativa. Presidente da Câmara, o vereador Luciano Santos (DC) informou que as medidas legais necessárias serão tomadas: “A Casa vai entrar no Ministério Público com um ofício, vamos acionar todos os órgãos competentes para resguardar que esse belíssimo campo, que esse patrimônio da nossa cidade, não seja jogado no lixo. Peço que a CJJ faça uma reunião extraordinária para analisar o projeto do vereador Paulinho de tombamento do campo”. A reportagem do Diário buscou também o posicionamento do presidente do Teresópolis F.C., que não retornou o contato feito no início da tarde desta quinta-feira.

Em junho do ano passado, O Diário mostrou que o gramado onde jogaram Garrincha e Pelé havia sido abandonado e passado a ser utilizado como pasto. Foto: Gilberto Oliveira / O Diário

O gramado histórico
A grama que desapareceu do Teresópolis Futebol Clube, que se alastrava e crescia no mesmo lugar há mais de 100 anos, brotando da terra batida pelos pés daqueles que fazem do gramado campo de batalha, era a mesma desde os áureos tempos de seu surgimento em agosto de 1915. E das raízes primitivas da gramínia no verde campo que deslumbra os olhos dos amantes do futebol, a ramagem macia que brotou no inverno de 1966 serviu para amortecer os pés de Garrinha e Pelé, e dos outros craques da Seleção Brasileira naquele mês de maio da década de 60. 

Quem é o “dono” da valorizada área?
Sítio histórico do município, um inegável patrimônio cultural, O Teresópolis Futebol Clube existe, a partir de diversas iniciativas cidadãs, de invejável arrojo político, de um incomum desprendimento do interesse próprio pelo bem comum. Templo do futebol teresopolitano, desde quando era terra de ninguém, doado por alguém ao município, e este, em nosso nome, doando para quem fazia o futebol a valiosa área, visando proteger os interesses do esporte e o patrimônio concedido, a escritura de doação do terreno previu que ele não poderia ter outra utilização que não fosse a prática do futebol, mesmo em caso de extinção do clube, quando a municipalidade deve, então, assumir a responsabilidade de manter viva a prática do futebol.
No período 1959-1962, em que foi prefeito Omar Magalhães, o bairro do Alto tinha quatro vereadores. Além de Diogo Ponciano, Luiz Moura, Alfredo Rebello e Wilson Martins, surgiu na Câmara um quinto vereador do Alto, o empresário e desportista José Pimentel, segundo suplente que alcançou o mandato com a providencial licença dos vereadores Roberto Péricles e Juel Teixeira, aliados do prefeito.
A ascensão de empresário Zeca Pimentel à Câmara se deu, especificamente, para o projeto de doação ao Teresópolis Futebol Clube do terreno no bairro do Alto, que havia sido recebido em doação do latifundiário urbano Joaquim Rollas, somando forças para a realização os demais vereadores do bairro. A União, mais uma vez se fazia presente no time que tem a palavra na origem de seu nome.
Colaborando com o debate, do tombamento do Teresópolis Futebol Clube, o projeto Pró-Memória Teresópolis observou ao poder Legislativo Municipal, a importância deste sítio histórico do município, propriedade que precisa ser preservada como patrimônio público e histórico que é, especificamente quanto ao gramado, às arquibancadas, o título da associação esportiva e, ainda as suas emblemáticas cores.

A reportagem do Diário buscou também o posicionamento do presidente do Teresópolis F.C., que não retornou o contato feito no início da tarde desta quinta-feira. Foto: Gilberto Oliveira / O Diário

Importância do tombamento
O tombamento do título do Teresópolis Futebol Clube não se deve apenas por ser ele um clube centenário, figurando ao lado das grandes agremiações do futebol brasileiro, e por ter surgido próximo ao mesmo período, quase todos do início do século passado. Mas, especialmente, por ostentar o nome do nosso município, que se tornou a maior referência de futebol no país a partir da criação da concentração da Confederação Brasileira de Futebol na Granja Comary, daí o título teresopolitano de sede do futebol pentacampeão do mundo.


Edição 15/04/2025
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