Wanderley Peres
Em entrevista a Diário TV na manhã desta segunda-feira, 20, o Presidente da Câmara Municipal, Vereador Leonardo Vasconcellos, disse que irá convocar a direção da Enel no município para prestar explicações. “Essa Enel tem deixado a cidade no abandono, e não vem prestando um bom serviço em nosso estado, muito pelo contrário. Por conta da falta de energia, na estação de tratamento e nas elevatórias, a Cedae ficou sem poder fornecer a água e o problema da falta de luz aumentou com a falta da água por conta da falta de energia”, disse Leonardo, que anunciou a providência da convocação da diretoria da Enel em Teresópolis, a ser apresentada na sessão da Câmara Municipal nesta terça-feira, 21, para a votação do plenário. “Eles têm muito que explicar. A população foi prejudicada e isso não poderá repetir, porque o período das chuvas apenas começou e não queremos ver esse filme de novo daqui alguns dias, e vamos cobrar essa responsabilidade, severamente. Por que tanta falta energia e tanto descaso com nosso município?”, pontuou, lembrando ainda a falta de entrosamento da administração municipal nos serviços que deve prestar e no suporte que precisa oferecer.
A demora para o restabelecimento da energia elétrica em Teresópolis, que até o início da noite desta segunda-feira, 20, não havia se resolvido por completo, revelou a completa falta de preparo da administração municipal para lidar com os problemas da estação das chuvas. Flagrado recentemente na incompetência de limpar os bueiros e fazer a manutenção das galerias, o que provocou os alagamentos ocorridos na primeira semana do mês, o prefeito revelou também descaso com a população ao não agir prontamente na chuva com ventos fortes ocorrida neste sábado, 18.
Quebra Frascos, Caleme, Campo Grande, Posse, Albuquerque, Jardim Meudon, Vieira, Canoas… Embora a chuva tenha ocorrido com pouca intensidade município afora, a ventania que ela trouxe derrubou árvores e galhos de árvores em diversos bairros, fazendo cair a energia elétrica e ilhando diversos pontos. A queda de energia parou também o abastecimento de água, afetando 42 das 54 elevatórias de água para os morros. Sem luz em Providência e em Três Córregos, onde ficam a captação de água e o tratamento dela, a Cedae ficou inoperante por dois dias, mesmo depois que a luz voltou, porque o fornecimento de energia foi inconstante, demorando a ser regularizado pela Enel. A companhia de água chegou a reclamar da companhia de luz, em Nota, afirmando que a Enel não consertava o problema e nem estava mais atendendo o telefone para dar satisfação ao essencial usuário.
Responsáveis pelo atendimento ao público nas emergências das chuvas, Defesa Civil, Bombeiros e Prefeitura não deram a resposta adequada, e ignoraram até mesmo o suporte à concessionária Enel, que não tinha equipes suficientes na cidade e nem de onde buscá-las, porque presta serviço deficitário em todo o estado, também, onde diversos outros municípios enfrentaram o caos por conta das chuvas com ventos fortes.
É necessária a providência dos vereadores, e mesmo da Justiça, se ela for tomada em Teresópolis como vem fazendo em outras cidades, porque existe a previsão de outras chuvas como essa, com ventos fortes. E o caos que se presenciou não poderá ser repetido. Outra providência que os órgãos de controle deverão reclamar, da Prefeitura, é quanto às galerias, porque passada a chuva do dia 31 de outubro, três semanas depois nada foi feito, e mesmo os feriados de lá para cá foram mantidos na Prefeitura, que deveria estar organizando força tarefa para a necessária prevenção.
Entupidas pelo farelo de asfalto que escorre das ruas mal capeadas, as galerias primárias que serem as galerias maiores, que estas conduzem a água ao rio, precisam muito mais que a simples limpeza dos seus bueiros. E a providência é necessária porque as chuvas do final de semana mostraram a água regurgitando em diversos bueiros, como os da rua Carmela Dutra, por exemplo, sinal de que a água não está conseguindo chegar às galerias maiores mesmo nas chuvas fracas. O entupimento dessas galerias de ruas foi o que provocou o transbordamento do Paquequer no dia 31 de outubro. Chuva de dois tempos, duas pancadas fortes seguidas uma da outra, com pequena pausa, essa segunda chuva alimentou o rio ao mesmo tempo em que as águas estancadas nos alagamentos fluíam lentamente para ele, daí o transbordamento que não teria ocorrido se os cursos da água, no rio e nas galerias, estivessem desobstruídos.