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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Capela da Barreira sob proteção

Enquanto restauração não é feita, tenda guarda o bem do tempo

Wanderley Peres

Atendendo determinação do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural, INEPAC, feita em setembro de 2020, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos – PARNASO providenciou uma cobertura sobre a histórica Capela de Nossa Senhora da Conceição da Barreira do Soberbo, em Guapimirim. Em defesa da proteção ao patrimônio histórico da Serra dos Órgãos, uma liminar da Justiça Federal foi obtida, também, pedido do acadêmico Antônio Seixas, correspondente da Academia Teresopolitana de Letras e ativo defensor do patrimônio histórico ligado ao grupo História Fluminense, que agora busca a restauração do bem na justiça.

A singela capelinha da Barreira é construção de final dos anos 1840, embora ostente em seu frontão a data 1713, e em vez de estar um brinco para a apreciação dos visitantes, está se desmanchando por causa das infiltrações nas paredes e das falhas do telhado, em telhas feitas ainda nas coxas dos escravos, relíquia do patrimônio histórico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico em 1989.

Em julho de 2013, a convite da Secretaria Municipal de Cultura, o historiador Edson Ribeiro apresentou na Casa da Memória Arthur Dalmasso, um estudo que fez acerca da Barreira do Soberbo, em Guapimirim. Além de esclarecer a data de surgimento da capela da Barreira, “que não é de 1713”, Edson Ribeiro contou sobre os engenhos e fazendas da região; sobre os caminhos desde a estrada do Socavão, sobre a barreira fiscal e ainda sobre os viajantes que passaram pelo local em direção a Teresópolis, e Minas Gerais.

Membro do Grupo Amigos do Patrimônio Cultural, o escritor pesquisa a história da Baixada Fluminense há mais de 20 anos, sendo profundo conhecedor dos caminhos do ouro e do café que cortavam a região. Autor do livro “A capela de NS da Conceição do Soberbo e o ano que não foi”, Edson questiona o ano aceito para a criação da Capela de Nossa Senhora da Conceição e traz outros aspectos curiosos sobre a região e parte do referido município vizinho, sendo este o primeiro livro que aborda a história da antiga freguesia de Nossa Senhora da Ajuda de Guapimirim, rica em detalhes, boa parte deles ligados à nossa história.

Vale reproduzir um texto do escritor, que esclarece a datação da igreja, que seria de 1852, e não de 1713. O livro de Edson não está à venda em livrarias de Teresópolis, mas pode ser obtido no Rogeriu’s Bar, na Barreira, onde também se almoça muito bem e de onde, numa caminhada de apenas 200 metros, no meio da mata, pode-se apreciar a interessante capelinha.

A CAPELA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
DO SOBERBO E O ANO QUE NÃO FOI

Situada no município de Guapimirim, a localidade da Barreira do Soberbo encanta a todos que a visitam. Emoldurada pelas belíssimas cachoeiras do rio Soberbo, ali existe, dentro da área do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (subsede), um dos mais representativos símbolos da beleza associada à simplicidade: a capela de Nossa Senhora da Conceição do Soberbo. No local encontra-se ainda o casarão da antiga sede da fazenda da Barreira, as ruínas do engenho da fazenda, a ponte velha da estrada de rodagem, as ruínas de um antigo hotel e da casa de cobrança, as duas pontes que serviram à antiga estrada Magé-Sapucaia, depois utilizadas pela Estrada de Ferro Teresópolis, monumentos que atestam sua importância econômica no passado e valorizam o turismo ecológico-histórico da região.

A capela está situada numa ilha entre dois braços do rio Soberbo (22 29 41.82 S, 42 59 46.99 O – coordenadas do Google Earth – GE), exatamente entre as duas pontes, com a frente voltada para a antiga estrada. Pode ser acessada pelo Parque, precisando-se caminhar numa trilha de pedras de média dificuldade. Pode também ser vista pelo lado de fora, indo-se até a localidade da Barreira, após o Rogério’s Bar, seguindo em frente, poucos metros a pé, pelo antigo traçado da via férrea. Encontra-se bem conservada em razão de regulares reformas que têm sido executadas. O corpo central preserva as linhas originais, mas há também a sacristia e varanda laterais que lhe foram acrescentadas em reformas distintas. Em seu frontão lê-se a indicação do ano que seria de sua fundação: 1713. Assim, dentro em pouco, ela estaria completando 300 anos. Entretanto, baseado em pesquisas, uma das pretensões deste pequeno ensaio é questionar essa informação, dizendo que, na verdade, a referida capela data de meados do século XIX.

O que se propõe, em relação à data da fundação da capela do Soberbo, não é simplesmente discutir pormenores que poderiam passar em branco sem causar maiores prejuízos à ciência histórica. Queremos abordar o exemplo, chamando à atenção de como, muitas vezes, aceitamos serem inquestionáveis informações que deveriam, ao menos, passar por uma análise mais cuidadosa. O registro mais antigo que encontramos afirmando o ano de 1713 como o da fundação da Capela de Nossa Senhora da Conceição do Soberbo é o da obra “Magé, a Terra do Dedo de Deus”, datado de 1957, de autoria de Renato Peixoto dos Santos. Na página 220, tratando das capelas e igrejas do então município de Magé, o autor faz a afirmativa sem citar a fonte. Entretanto, vemos que o historiador mageense baseou essa parte de sua obra nos escritos do Monsenhor Pizarro . Sem passar por uma análise crítica, a afirmativa foi aceita como verídica.

Não pretendemos com isso criticar o escritor, que apresentou um trabalho de extrema importância, esperando, talvez, que ele fosse o início de um processo de produção literária sobre a história da região. O presente trabalho é apenas uma pequena contribuição a essa ideia, centrado na antiga Freguesia de Nossa Senhora da Ajuda de Guapimirim, hoje Guapimirim.

Esta não é, porém, a única e nem a mais importante questão que pretendemos tratar neste singelo trabalho. O que nos move é o desejo de descortinar a história da capela do Soberbo e de seu entorno. Terra de três “Henriques”, Henrique Dias, o agricultor, Henrique Bernardelli, o artista e Henrique Junger, o colono.

Naquela localidade passaram diversos viajantes, inclusive a família imperial, retratando suas belezas e dando uma idéia de seu cotidiano. Convidamos assim o leitor a acompanhar-nos nesta viagem, onde passaremos pela história de Guapimirim, de suas capelas e engenhos seculares, de sua importante estrada imperial, para chegarmos à bucólica Barreira do Soberbo. Aí nos deteremos para respirar um pouco de sua história, de seus personagens, elevando nossos espíritos nesse encantador pedacinho do mundo que inspirou poetas e artistas e continua produzindo fascínio àqueles que a visitam.

Como se vê, é uma pesquisa centrada na localidade de Guapimirim, trazendo elementos importantes também sobre a história de Magé e, sobretudo, da Barreira do Soberbo. Trata-se de uma obra de extrema importância, uma vez que relata fatos históricos inéditos sobre estas localidades e seus personagens. Guapimirim ainda não tinha um livro que tratasse de sua história colonial e imperial especificamente. A pesquisa foi realizada durante mais de 5 anos nos arquivos diocesanos, no Arquivo Nacional e em muitos outros arquivos públicos. Durante anos diversos artigos e obras importantes trataram da Capela da Barreira admitindo o ano de 1713 como o ano de sua fundação. Com isso, os interessados no assunto e mesmo os turistas que visitam o Parque Nacional da Serra dos Órgãos acabam assimilando esse equívoco. Assim, formava-se a ideia errônea de que o colo da Serra dos Órgãos possuía engenhos pelo menos desde o início do século XVIII. No livro apresento esse equívoco e trago a verdadeira história da localidade. É ricamente ilustrado, inclusive com mapas temáticos, o que contribui para esclarecer os assuntos propostos.

Edição 26/04/2024
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