Muitas reportagens Brasil a fora sobre um possível caso de contágio por Peste Bubônica em nosso estado deixou muita gente apreensiva nos últimos dias, mas aqui em Teresópolis, a citação da cidade como um possível local endêmico do mal, acabou apavorando muita gente. De acordo com essas matérias jornalísticas, nosso município, estaria em uma lista de localidades de incidência natural da doença juntamente com estados como o Ceará, o Rio Grande do Norte, a Paraíba, entre outros. Muitos dos relatos de apreensão por parte dos teresopolitanos se devem ao fato da doença ser transmitida, principalmente, pela picada da pulga infectada presente em roedores, em especial os ratos. Como mostrou no final do ano passado nossa reportagem, em nossa cidade, existem hoje, cinco ratos para cada morador estatisticamente falando. Apesar do medo e da apreensão, tanto a prefeitura de Teresópolis através de nota oficial enviada a nossa redação, quanto o próprio Ministério da Saúde, descartam casos do tipo na região.
De acordo com o Ministério da Saúde, o último caso da doença no país foi registrado em 2005, no Ceará. No Brasil, como consta no site do Ministério da Saúde, a bactéria Yersinis pestis, causadora da peste bubônica, é restrita a algumas áreas naturais em regiões serranas e de planaltos, principalmente na região Nordeste, sendo que Teresópolis é citada no próprio site do órgão como uma destas regiões. Assim como esse fato, a proximidade com São Gonçalo, município onde teria acontecido o caso de contágio, também acabou gerando instabilidade. Segundo a prefeitura de Teresópolis, em Nota Informativa nº 01/2019, emitida pela Subsecretaria Estadual de Vigilância em Saúde/Secretaria de Estado de Saúde, após análise de amostras realizada pelo Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (LACEN/RJ), foi verificado que o resultado foi negativo para a bactéria Yersinis pestis em paciente de São Gonçalo, descartando a suspeita de peste bubônica.
Também de acordo com a prefeitura, a Secretaria Municipal de Saúde, através do Setor de Zoonoses, realiza periodicamente o controle de roedores urbanos nas áreas públicas. Entretanto, como mostrou reportagem de O DIÁRIO em outubro do ano passado, o problema dos roedores é muito sério na cidade. Um especialista no combate a esse tipo de praga consultado pelo jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV relatou a época que a estimativa é que existam cinco animais para cada teresopolitano. Diante desse preocupante quadro, o município tem reforçado o trabalho do setor de Zoonoses, da Secretaria Municipal de Saúde.
“A peste bubônica é uma zoonose infecciosa aguda de notificação obrigatória em até 24 horas. As pulgas são os vetores biológicos da doença, sendo os roedores os hospedeiros preferenciais. A transmissão é feita por picaduras de pulgas infectadas presentes em roedores urbanos e silvestres, em especial os ratos e, em determinadas condições, pode infectar outros mamíferos, inclusive o homem. O tratamento é feito com o uso de antibióticos injetáveis ou orais, por um período de 10 a 14 dias”, diz a nota da prefeitura nesta quarta-feira, 16. Uma mulher de 57 anos, moradora de São Gonçalo teria sido vitima da Peste Bubônica. No dia 22 de dezembro do ano passado, a paciente deu entrada no Pronto Socorro Central de São Gonçalo com quadro de insuficiência cardíaca. Ela, então, foi encaminhada para o Hospital Luiz Palmier, onde foram colhidos materiais oral, nasal e anal para análise. Por estar com uma ferida na perna, também foi solicitada amostra da pele, diagnosticando a presença da bactéria Yersinia pestis, causadora da enfermidade que assolou a Europa no século 14. De acordo com os historiadores, por volta de vinte e cinco milhões de pessoas, mais de um terço da população do continente na época, teria morrido em decorrência da patologia. De acordo com a prefeitura do município fluminense, imediatamente foi iniciado o tratamento com antibióticos e a mulher passou a ser acompanhada em leito de isolamento, a fim de evitar a disseminação da doença, se ela for mesmo confirmada.
Para prevenir a peste, como não existe vacina, é importante adotar medidas básicas de saneamento, não acumular e lixo e fazer a sua correta coleta. Assim, evita-se a proliferação dos roedores. O Ministério recomenda ainda que não se tenha nenhum tipo de contato com animais sinantrópicos, ou seja, aqueles que se adaptaram a viver junto ao homem, a despeito da sua vontade, como os pombos, por causa das pulgas encontradas neles. Não há um consenso sobre a origem da peste negra, mas a mais usual é de que ela surgiu na China ou na Ásia Central, tendo sido levada para a Europa com as pulgas e os ratos que viajavam nos navios mercantes. Atualmente, a maioria dos casos da doença é registrada em áreas rurais e ela continua sendo potencialmente perigosa em diversas partes do mundo, em especial no continente africano, no Congo e na ilha de Madagascar. Ocorrências isoladas também foram registras nos últimos anos nos Estados Unidos e no Peru.