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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Comunidade arregaça as mangas e revitaliza praça abandonada

Mutirão reúne moradores e amigos do bairro para reconstruir espaço público vítima do descaso nos últimos anos

Tião Correa e Anderson Duarte

Não há força mais temida pelos homens mal intencionados que a união do povo em prol do bem comum. Essa premissa foi colocada em prática neste fim de semana quando cerca de vinte e cinco moradores e amigos do bairro do Parque do Imbuí arregaçaram as mangas e revitalizaram por completo a principal Praça que atende ao bairro, inclusive com um campo de futebol que estava sem nenhuma condição de uso. Com maquinário reunido no próprio bairro, e a divisão dos custos do trabalho também feita entre os participantes, o grupo mostrou que maior que o descaso dos homens públicos está sempre a vontade de ver o local diferente e compatível com a qualidade das pessoas que habitam o bairro, um dos que mais oneram os proprietários no imposto predial municipal.
Acompanhado pela cinegrafista Sandra Pires, o apresentador Tião Correa fez parte do grupo que modificou a Praça do bairro e conversou com os participantes que além da revolta com o poder público, guardavam em comum a vontade de mudar a realidade do bairro. Morador dos mais antigos no grupo, Ademar, contou como estava decepcionado com o estado que a Praça estava. “Nunca vi essa praça neste estado, e olha que eu moro aqui há mais de trinta anos. Acho que nós pagamos um imposto muito caro, e em dia, para que nossa principal praça fique assim, completamente abandonada”, lamentou o morador. Já respondendo ao questionamento de Tião, Paulo, também lembrou de os momentos agradáveis que passou em sua infância no local. “Eu já joguei muita bola aqui! Fico triste de ver o estado que foi deixado esse espaço. Isso tudo aqui é nosso, é das nossas crianças, mas do jeito que estava abandonado como vocês viram aqui, não tem jeito que dê para motivar uma criança a sair de casa para brincar, não tem pai que consiga convencer essa criança. Nossos amigos hoje se reuniram para mudar essa historia, e que bom que vocês estão aqui para poder mostrar para a população que nós temos muito a fazer quando nos unimos. Mas não é só a Praça né gente! Quando chove ninguém passa, é ônibus que não pode fazer as viagens, é o bairro todo que precisa de atenção”, lamenta.


Outros dois participantes do mutirão fizeram questão de lembrar dos momentos alegres já vividos no campo, mas também apontaram a quantidade de descaso que levou a Praça ao estado deplorável até então. Leonardo, também lembra das partidas de futebol com saudosismo. “Trouxe a minha máquina, estou aqui ajudando hoje, porque isso aqui está uma vergonha, completa. Já joguei muita bola aqui com os meus amigos, já fizemos muita coisa bacana aqui e hoje não tem como ninguém utilizar esse espaço pela incompetência dos órgãos públicos, por isso eu e nossos amigos estamos aqui para mudar essa realidade, mesmo sabendo que pagamos impostos caros para que o governo faça”, lamenta. Já Luis Henrique, novato do grupo, prefere não apontar culpados e enaltecer a capacidade de mobilização do bairro. “Sou morador há apenas oito meses da cidade, mas já me considero inserido e um agente transformador local e isso que estamos fazendo aqui hoje é uma espécie de resgate destes agentes transformadores do bairro. Ao revitalizarmos essa Praça, mostramos para a cidade que independente de quem esteja no poder, bom ou mau, competente ou não, nós podemos mudar nossa realidade. Nós não vamos atrás dos culpados, isso não vai adiantar de nada, não vai melhorar nossa Praça”, explica Leonardo.
Em países como o Japão, por exemplo, algumas províncias e conjuntos habitacionais administrados pelo governo são advertidos, na assinatura do contrato, de que deverão participar do mutirão periódico de limpeza, que envolve recolher todo o lixo abandonado nas dependências externas do condomínio, capinar matinhos e recolher folhas secas e galhos de árvores. O mutirão de limpeza é realizado não somente em conjuntos habitacionais do governo e prefeitura, como também em condomínios públicos, associação de bairro, associação comercial, nas fábricas. Aqui no Brasil, a conscientização caminha a passos lentos, mas com cada vez mais participação da população, como vimos aqui em nossa cidade. E duas educadoras ouvidas por Tião Correa também fizeram questão de enaltecer a necessidade da população contribuir com esse processo de zelo pelo que é público. 
Para as professoras Tássia e Vânia, ambas moradoras do bairro, o trabalho deste fim de semana traz ainda mais benefícios que não só os estéticos. “Eu sou professora, moro aqui no Parque do Imbuí há nove anos e, infelizmente, mesmo pagando um dos IPTUs mais caros do município, não vemos isso sendo revertido em benefício para nossa população, sobretudo aqui no bairro. São os moradores que tem que colocar a mão na massa pra pelo menos nossas crianças e idosos usufruírem de uma Praça limpa”, explica Tássia, complementada por Vânia, “como professora e moradora do bairro há vinte e cinco anos não posso deixar de registrar o quanto me entristece ver nosso cantinho desse jeito. Depois de tanto abandono, descaso, somos nós moradores quem precisamos fazer aquilo que cabe ao poder público, isso é uma completa vergonha. Essa revitalização é nossa”, enaltece.

 

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Edição 23/11/2024
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