Wanderley Peres
Faltando menos de uma semana para acabar o governo, e sem aparecer na Prefeitura há vários dias, não sendo visto nem mesmo na cidade, onde os servidores protestam contra a sua gestão, chamando-o de caloteiro, por conta do décimo terceiro não recebido, o prefeito Vinícius Claussen deu de presente ao teresopolitano, na antevéspera de Natal, um extraordinário presente, o maior aumento do estado, na conta de água, que será reajustada em 6 de janeiro que vem no índice de 12,27% em cima de um aumento temporão concedido, em junho passado, quando, a conta subiu 3.5%, antecipadamente. Somando os reajustes, de junho e de dezembro, o aumento será superior a 16%, um dos maiores em todo estado do Rio de Janeiro, conforme publicação no Diário Oficial do Poder Executivo Estadual em 23 de dezembro.
Além desse aumento agora anunciado, que deverá aumentar a conta de água em dez reais, indo dos atuais R$ 57,85 para R$ 67,30; deverá ser cobrada, também, a taxa do esgoto, que representará uma segunda cobrança, no valor de até 90%, que será imposta gradualmente, começando em janeiro de 2025 na ordem de 10% do valor da conta mínima da água.
O segundo maior aumento autorizado pela Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio, a famigerada Agernesa, que também impôs ao teresopolitano o prefeito, para que a sua maldade fosse completa, foi o imposto aos moradores de Paraíba do Sul, atendidos pela Águas da Condessa, na ordem de 10,392%, a partir de 1º de fevereiro. O menor reajuste – 4,6963 % – será para os municípios de Barra do Pira, Bom Jesus do Itabapoana, Cardoso Moreira, Engenheiro Paulo Frontin, Itaperuna, Italva, Laje do Muriaé, Macaé, Mangaratiba, Porciúncula, Quissamã, Santa Maria Madalena, São João da Barra, Sapucaia e Varre-Sai, localidades atendidas pela Cedae, e passa a valer a partir de 22 de janeiro.
Os extorsivos reajustes das contas de água, decididos por agência que não conhece e realidade da prestação do serviço nas cidades atendidas, sabendo bem somente do interesse das empresas contempladas pelos políticos corruptos do plantão, vêm sendo questionados em comissão da Alerj, onde o deputado estadual Jari Oliveira (PSB), presidente da Comissão de Saneamento Ambiental da Assembleia Legislativa do Rio tem criticado o serviço de água e esgoto em todo o estado. Para a comissão, o serviço não melhorou após a privatização e os aumentos seriam abusivos, devendo ir à Justiça para questionar os reajustes.
PREFEITO MENTIU PARA VENDER A ÁGUA
Desmentindo” matéria do DIÁRIO, em 2021, o prefeito Vinícius Claussen publicou “a verdade sobre a tarifa da água”, provando com o edital da licitação da água que os valores das contas ficariam mais baratos a partir da concessão. A água residencial custaria R$ 47,09 por 15 mil litros e a água comercial R$ 122,17 a tarifa mínima, para os usuários que gastassem até 10 mil litros, afirmou o prefeito antes de vender a água.
Feita as audiências supostamente “públicas”, para cumprir o rito da venda da água de forma fraudulenta aos interesses do teresopolitano, eliminada a concorrência com o direcionamento do certame, conforme apontou em ação ao Tribunal de Justiça o Tribunal de Contas do Estado, e realizada a licitação com o prédio da Prefeitura fechado ao público e com forte aparato policial, o edital mudou e água comercial dobrou de preço, misteriosamente. Em vez dos 10% prometido, que inicialmente seriam 18% de desconto, a água comercial foi de R$ 165,00 (valor de R$ 149,25 reajustado) para 304,00, em vez dos R$ 122,17 prometidos.
Desde que aumentou o valor da conta de água comercial em 100%, em vez de conceder os 10% de desconto exigidos de todos os pretendentes à compra da água em edital, quando havia concorrentes no processo, o DIÁRIO vem batendo no assunto, dando voz aos que acham um absurdo o aumento. E, “sensível” às críticas, o prefeito prometeu negociar com a empresa a volta do que chamou de desconto, e não é desconto algum, porque a promessa para a venda da água era um desconto de 10% sobre o valor praticado pela Cedae, e o valor praticado era de R$ 165,00 para a tarifa comercial.
Na dificuldade que se apresentou, no entanto, Vinícius viu a oportunidade e, à espreita, tramou um acordo com a concessionária Imperatriz, participando do conluio contra os interesses do teresopolitano a agência reguladora que contratou, sem ouvir a Câmara, para regular o contrato. O “acordo” que vem sendo chamado de negociata, porque não deixa de ser, pela forma como foi tramado, às escondidas – tanto que demorou quase um mês reservado somente aos olhos dos interessados, enquanto até as entidades de classe reclamavam – e pelos interesses alheios ao interesse público, foi assinado no dia 15 de maio, revelando agora o seu principal objetivo, o de aumentar, desproporcionalmente o custo da conta de água, ao arrepio do contrato firmado pela municipalidade, mesmo a seu contragosto.