Isla Gomes
Completou um mês mais uma tragédia das chuvas que atingiu o município de Teresópolis, dessa vez causando a morte de uma criança de sete anos e de um adolescente de 14 anos. Ambos foram soterrados durante o temporal que atingiu a comunidade do bairro da Coréia na madrugada do tão marcante e fatídico dia 23 de março. Muitas famílias tiveram suas casas interditadas pela Defesa Civil, várias pessoas ficaram desabrigadas e à mercê do poder público. Quatro semanas após a situação, a equipe da Diário TV e do Jornal O Diário esteve na Coréia para saber dos próprios moradores como está o acompanhamento no local depois dos últimos acontecimentos que se enquadram em uma séria de catástrofes naturais já recorrentes e reincidentes no bairro.
Luciano de Oliveira é morador da comunidade e conta que a família da tragédia com os dois óbitos se viu sem desolada e foi morar na zona rural do município. “Eles foram morar no interior. Diante dessa tragédia tão horrível, eles não tiveram outra opção. Foi uma situação muito triste que marcou todos nós que moramos perto da casa da família atingida”, conta.
O auxiliar de limpeza também ressalta que só depois do ocorrido não viu o poder público voltar na comunidade para averiguar o andamento da situação no local. “Eles vieram aqui no dia do temporal e no dia seguinte também, colocaram um plástico para fazer contenção da barreira, mas, o plástico já até rasgou e saiu. Depois disso eles não voltaram mais aqui, tem muitas casas que na ocasião foram interditadas pela Defesa Civil e as famílias tiveram que retornar, até mesmo por não terem atualização e orientação do poder público sobre o quadro atual das casas”, relata Luciano.
Medo constante
Oliveira sabe que as consequências do temporal de março entram para a lista de tragédias e ocorrências já reincidentes na Coréia, ano após ano a comunidade sofre neste mesmo âmbito. “Temos muito medo, nós que moramos aqui vivemos o dia a dia com muito receio. Temos medo de novas chuvas fortes que possa assolar o município. O poder público deixa claro que aqui tem áreas de risco, mas, não fazem acompanhamento de perto, não nos orientam, não explicam quais os próximos procedimentos após a grande tragédia de março. Então ficamos sem direção e sem apoio, sendo que esse era para ser o dever das autoridades”, enfatiza o morador.
Outra moradora, uma dona de casa que preferiu não se identificar, destacou que, no dia do grande deslizamento que destruiu uma família, diversos políticos estiveram no local – inclusive alguns sabidamente pré-candidatos. Depois, desapareceram. “Vieram aqui, fizeram o show deles, só para aparecer, e agora nem sinal. Deixa só voltarem aqui para pedir votos para ver”, enfatizou.
Sem resposta
Na tarde desta terça-feira (23) o Diário entrou em contato com a Prefeitura, através da Assessoria de Comunicação, pedindo um posicionamento sobre a situação da Coréia. Porém, não obtivemos resposta até o fechamento desta edição.