Luiz Bandeira
No último sábado (16), uma equipe da Guarda Civil Municipal que estava baseada na Casa de Cultura Adolpho Bloch, teve que intervir para acabar com uma briga entre homens em situação de rua, pessoas que geralmente dormem na calçada da Igreja Nossa Senhora de Fátima, e que passam o dia na Praça Juscelino Kubitschek. Mas esse não foi o primeiro caso. Esse tipo de situação vem se repetindo em outros espaços, calçadas, praças, na região central e nos bairros. Recentemente um empresário também teve que separar uma briga que acontecia diante do seu estabelecimento comercial, na Várzea. Empiricamente já é possível perceber o crescimento dessa população, mas os números da própria prefeitura indicam que há mais populares em situação crítica.
No dia 23 de outubro, agentes da secretaria municipal de Desenvolvimento Social, com apoio da equipe ROMU, da Guarda Civil Municipal, saíram às ruas da cidade para cadastrar e conversar com pessoas em situação de rua. A secretaria de Desenvolvimento Social trabalha com estratégias de abordagem, convivência e reinserção social destes cidadãos vulneráveis, buscando esclarecer os direitos e as particularidades no atendimento dessas pessoas. Esse é um problema social grave que precisa do envolvimento de toda a sociedade na busca por soluções. A política pública da pessoa em situação de rua (PSR) do SUS é uma situação nacional. No nosso município e na Região Serrana há uma grande preocupação com o crescimento dessa população.
Ao oferecer a essas pessoas o básico, atende-se a uma necessidade imediata por alimentação, agasalho e abrigo, porém, nem sempre trás bons resultados para a sociedade. Essas pessoas acabam se concentrando onde há distribuição de alimento como no Pedrão, onde é servido o “Café Popular”, nas igrejas e centros religiosos que fazem um importante serviço social, na distribuição de alimentação, roupas e medicamentos, entretanto é necessário tentar compreender as necessidades de quem vive nessas condições e, dentro de cada caso, encaminhar para abrigo ou local de moradia da pessoa, além de oferecer apoio através de programas sociais e tratamento para situações onde houver problemas com alcoolismo, por exemplo.
Novo abrigo fica longe
O abrigo oferecido pelo município para estas pessoas fica distante de centros assistenciais, no CRAS Barroso, dificultando a adesão deles que preferem se abrigar sob as marquises das calçadas da cidade. Essas pessoas procuram ficar próximas ao CREAS, na Rua Carmela Dutra, no Centro da cidade, onde a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos lhes presta assistência. É possível vê-los também nos locais de maior concentração de turistas, onde ficam para pedir dinheiro.
Alguns lugares onde se percebe a presença destas pessoas em situação de rua são: Rodoviária, Pedrão, calçada do Centro Empresarial APA na Região Central, Avenida Oliveira Botelho no Alto, rua ao lado do Pedrão. A percepção é de que aumentou muito nos últimos meses essa população nas ruas, coincidência ou não, após o fim do antigo Sopão, já que não há um abrigo público acessível com era o prédio demolido recentemente.
Resposta breve
À frente da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social desde fevereiro de 2023, Eliane de Moraes tem longa experiência chefiando o serviço social do Unifeso. A secretária afirma que a preocupação sempre foi em dar uma resposta imediata. “Não podemos achar que o gestor da assistência social e direitos humanos é o principal ator para resolver essa questão. A política de promoção dessa pessoa em situação de rua é um comprometimento ético, metodológico, político do gestor municipal e da sociedade civil como um todo”, prega a secretária.
Para ela, com o fim do antigo Sopão, que abrigava essas pessoas em situação de rua, o município perdeu um importante equipamento que era uma referência, justamente no combate à fome. Ela lembra que essa pessoa chegava ali por falta de alimento e aí, “era feito também o acolhimento e muitas vezes o encaminhamento para os serviços de atendimento a essas pessoas, seja na saúde mental, seja no emprego e renda, seja ai na sua autonomia de volta pra casa”, detalha Eliane. Para ela, o ideal era que o projeto do Sopão deveria ter sido encaminhado para o governo o estado, “porque é um projeto de proteção social, dentro da tipificação social 109 que tem investimentos para isso, com recursos para isso”.
Dependência química
Geralmente essa pessoa não é mais querida pela família, por que ele muitas vezes, sofre de dependência química, 99% com problemas com álcool e drogas. Eliane admite que desde que assumiu a secretaria em fevereiro de 2023, houve de fato um crescimento de pessoas assistidas pelo Desenvolvimento Social, com 258 atendimentos ativos até outubro deste ano. Dados da secretaria apontam ainda que são 10 banhos diários e em média seis cortes de cabelo por dia. Muitas destas pessoas não são naturais de Teresópolis, e a secretária de desenvolvimento social explica que não é tão simples conduzi-las a sua cidade de origem. Além do trabalho em campo, a SMDSDH mantém atendimento presencial na sede do Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS), localizado no número 812 da Rua Carmela Dutra, em Agriões.