Teresópolis é considerada uma das cidades mais tranquilas para se viver no estado do Rio, ficando atrás apenas de Petrópolis de acordo com a última pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Por isso, casos como os que foram registrados no último fim de semana impressionam os moradores locais: Uma mulher foi morta a golpes de canivete na Granja Florestal, após suposta desavença com o companheiro, que foi preso em flagrante pela Polícia Militar, e um homem morreu após violenta agressão no bairro da Quinta-Lebrão. No segundo caso, o apontado autor do crime é um morador de rua que já foi identificado e teve a prisão decretada pela Polícia Civil.
Na Granja, a vítima é Solange Mendes de Oliveira, de 54 anos. Seu corpo foi encontrado em uma área de mata, sem roupa, e o apontado autor do crime seria seu companheiro há cerca de um ano, um homem de 29 anos que foi preso em flagrante logo após o crime por equipe do DPO São Pedro. Ele estava na casa de uma irmã e entregou aos policiais uma arma que teria utilizado no crime, um canivete. O repórter José Carlos “Cacau” registrou a prisão e um depoimento do rapaz. "Ela me traiu, aí falei para ela ir embora. Ela foi e voltou, derrubou meu fogão. Ela me agrediu primeiro. Nessa que me agrediu parti para cima também", relatou, parecendo estar bastante alterado.
Ele teria usado entorpecentes após o crime. Ainda segundo o que foi registrado pelo repórter, o homem teria ir atrás do homem que estava com a sua mulher. “Queria ter achado ele na hora do meu ódio”, relatou. "Arrepender me arrependo, mas agora é tarde. Não adianta dizer porque agora é tarde, não vou ressuscitar ela”, disse ainda o apontado autor do brutal assassinato, que negou a informação que teria violentado sexualmente a vítima. Perícia da Polícia Civil, a cargo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), foi acionada para analisar o local onde o corpo de Solange foi encontrado.
Morto no portão
Na manhã do último sábado, um morador da Rua Sete de Setembro, na Quinta-Lebrão, encontrou um veículo fechando a passagem de sua residência. Ao bater na janela do lado do motorista do VW Gol de cor cinza, para pedir que o motorista saísse, percebeu que algo estava errado: com marcas de agressão, o homem estava desacordado. Polícia Militar e Corpo de Bombeiros foram acionados, constatando que Antônio Carlos Batista, de 37 anos, mais conhecido como “Carlinhos”, estava morto.
A Polícia Reservada do 30º BPM (P2) e o Setor de Homicídios da 110ª Delegacia de Polícia iniciaram as investigações imediatamente e apontaram como autor um rapaz de 27 anos, que seria morador de rua. Ele teria se envolvido em briga com “Carlinhos” e o agredido com chutes e socos na cabeça e barriga, causando a sua morte. O suspeito teve a prisão preventiva decretada. Quem tiver informações sobre o paradeiro do rapaz pode entrar com contato com o telefone 21 97282-2465. Podem ser feitas denúncias pelo WhatsApp e a identificação do informante será mantida em sigilo.
Poucos homicídios
No início do mês de agosto, o Ipea divulgou pesquisa realizada em 310 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes em 2017 e fez um recorte regionalizado da violência no país. O Atlas da Violência – Retrato dos Municípios Brasileiros 2019 mostra que no estado do Rio o município com menor taxa de assassinatos é Petrópolis, com 13.9. Logo em seguida vem Teresópolis, com 16.9. No ano da pesquisa foram registradas 28 ocorrências, uma a menos que o município vizinho. Porém, devido à diferença do número de habitantes – 176.060 contra 29.235, a terra de Pedro está à frente na lista. Outro fator importante a ser levado em conta é que, no levantamento por área de atendimento de um determinado batalhão, o nosso engloba ainda os números de outros três municípios sob a responsabilidade do 30º BPM.
Na ocasião, o Coronel Marco Aurélio Santos falou sobre a importância da boa colocação da Região Serrana nessa pesquisa e relatou que a grande maioria das ocorrências tem ligação com o tráfico de drogas. “Sabemos que a maioria dos assassinatos tem ligação com esse tipo de crime. De todos os casos de 2017, apenas dois ou três tiveram motivação passional, assim como em toda a Região Serrana, onde essa estatística chega a 95%. Aqui não temos rotina de latrocínio ou outros crimes que importunam o cidadão comum. Em relação aos crimes passionais, não temos como prevenir, porque geralmente acontecem dentro de casa e envolvendo pessoas da mesma família”, explicou Marco Aurélio.
De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (ISP), entre janeiro e julho de 2019 foram registrados sete assassinatos em Teresópolis, além de outras 23 tentativas de homicídio. Os casos se referem a registros realizados nas 110 DP.