Marli Moreira – Repórter da Agência Brasil
O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, defendeu nesta segunda-feira (20), em São Paulo, que "o Brasil pode se tornar uma potência no setor da indústria cultural assim como os Estados Unidos que souberam rentabilizar os seus ativos culturais de uma forma bastante expressiva ao longo do século 20 e seguem se consolidando como a principal potência cultural e criativa no mundo”.
Durante a participação no Fórum de Cultura e Economia Criativa, o ministro afirmou que o Brasil embora tenha uma enorme diversidade cultural herdada de sua miscigenação, com a presença de 150 comunidades estrangeiras falta criar uma estratégia de como “rentabilizar e maximizar “ esses valores para que possam ocupar um espaço ainda mais expressivo na economia brasileira.
“Ainda há uma dificuldade de as pessoas verem a cultura e as atividades criativas como no campo da economia, uma grande tolice que leva a desperdiçar um dos nossos maiores ativos econômicos”, disse.
O ministro adverte sobre as excentricidades da produção intelectual. “O aspecto desesperador disso é que criatividade não é um bem que se estoque “, explicou, citando casos de compositores de músicas populares analfabetos que sem ajuda nunca poderiam ver a sua produção aproveitada e tirar de sua criatividade algum ganho.
“Muitos intérpretes como Zeca Pagodinho e Bezerra da Silva fizeram as suas carreiras com repertórios a partir de compositores anônimos”, disse.
Segundo o ministro, as atividades culturais e criativas atingem 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB), envolvendo 1 milhão de empregos e cerca de 200 mil empresas e instituições com um desempenho até mais revelante do que muitas indústrias, mas não tem o reconhecimento da sociedade. Ele observou que a economia do país ainda está muito dependente das commodities (produto primário com cotação no mercado internacional ). Em sua opinião haverá necessidade de alterar a matriz econômica e neste sentido, o setor poderá ter um papel de destaque.
Sá leitão citou uma pesquisa da empresa de consultoria PricewaterhouseCoopers que prevê a possibilidade de um crescimento médio anual nas atividades culturais, nos próximos cinco anos, de 4,6%, quase o dobro do resgitro atual e “ muito acima das previsões para a economia como um todo de 0,7% no PIB de 2017 e de 2 a 2,5%, em 2018”.
Ele destacou que só no segmento audiovisual, a expansão alcançou 8%, nos últimos 10 anos, “um patamar chinês”. O ministro observou que foram poucas as atividades com crescimento compatível levando em consideração o período de recessão econômica como, em 2015, quando a taxa do PIB foi negativa.
Favorável a manutenção da Lei Rouanet existente desde 1991 com a finalidade de estimular as atividades culturais, o ministro afirmou que este instrumento é essencial para impulsionar o setor. Algumas críticas, em seu entender, procedem e outras são feitas por falta de conhecimento.
Segundo Sá leitão, ao longo de 26 anos da lei, envolvendo 50 mil projetos e investimentos de R$ 16 bilhões, cerca de 40% ou 20 mil projetos não tiveram as prestações de conta apreciadas, “negligência esta que contribuiu para críticas e um ambiente contrário a lei”. O ministro disse que “para a cultura são destinados apenas 0,64% da renúncia fiscal e ninguém questiona os outros 99,36%”.