Cadastre-se gratuitamente e leia
O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
em seu dispositivo preferido

De Teresópolis a Carmo no estilo de cicloviagem

Viajar de bicicleta permite conhecer melhor cidades e localidades

Vale Europeu, Caminho de Santiago de Compostela, Caminho da Fé… Há dezenas de roteiros de cicloviagem cobiçados por ciclistas de todo o país. Mas, para percorrer essas icônicas rotas é preciso tempo e dinheiro, além logicamente de todo o resto envolvido nesse tipo de projeto. Então, que tal usar os intervalos entre as grandes viagens ou mesmo iniciar no mundo do cicloturismo conhecendo melhor a região onde você vive? Saindo da porta da sua casa, pode descobrir um mundo que não consegue enxergar na correria do dia a dia ou viajando em algum tipo de automotor, por exemplo. Desde que descobri a magia de viajar de bicicleta, sempre que posso escolho um lugar no mapa e eternizo memórias em duas rodas – como no último fim de semana, quando conheci a simpática cidade de Carmo, na região norte do estado do Rio de Janeiro.
A ideia era ir por um caminho e retornar por outro, saindo pelo Segundo e voltando pelo Terceiro Distrito de Teresópolis. Começando pela BR-116, é possível seguir diretamente pela estrada até bem próximo de Carmo. Porém, eu buscava muito mais do que pode ser visto a partir do acostamento da rodovia federal. Dessa forma, segui no sentido Além Paraíba até a entrada de São José do Vale do Rio Preto, pegando a estrada Bianor Esteves em seguida. Boa parte dela ladeia o rio que dá nome ao município vizinho, com corredeiras e atualmente pequenas represas que servem a uma pequena hidrelétrica.
Antes do centro de São José, saí à direita para uma estrada que passa por antigas fazendas e conecta esse município a Aparecidinha, já em Sapucaia. Eu já conhecia parte do trajeto, mas é sempre diferente. A estação, o dia, o clima… É preciso ir de olhos e mente aberta para perceber as mudanças, às vezes sutis. No trecho que já havia percorrido anos atrás, só não curti as estradas de terra batida sendo substituídas por um asfalto de qualidade duvidosa. Compreendo a importância para quem mora – e não apenas passa de bicicleta, mas às vezes a modernização tira um pouco essência dos lugares.

Um bonito lago que ladeia uma das estradas entre Sumidouro e Sapucaia. Foto: Acervo Mochileiro

Aparecidinha, um novo caminho
Cheguei ao pequeno povoado onde fica a simpática capela de Nossa Senhora Aparecida no início da tarde. Calor veranesco, um lanche e um refresco para seguir em frente, sem esquecer o bate papo com os locais, uma das coisas mais ricas de uma cicloviagem. E, nessa conversa, recebi a dica de um caminho diferente do que eu havia pensado para chegar a Carmo. Segundo indicado pelo dono do bar que parei para me recompor, “seria mais fácil e bonito passar pela Vila Sebastião”. E assim eu segui, encontrando uma estradinha de terra, estreita, cercada de morros, pequenas propriedades, galinhas ciscando e até uma antiga fazenda vista à esquerda, a Santa Catarina, construída no século XIX e uma das muitas heranças do tempo do café nessa região.
Por volta das 16h, cheguei à praça central do município de Carmo, onde ficam outras riquezas históricas, a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo, construída em 1876 e tombada como patrimônio histórico nacional em 1964; e a Ladeira de Pedra, construída no fim do século XIX por escravos e considerada um patrimônio municipal. Foram 103 quilômetros nesse primeiro dia, distância que pareceu ainda mais dura por conta do forte calor.

Belezas na estradinha que conecta os municípios de São José do Vale do Rio Preto e Sapucaia. Foto: Acervo Mochileiro

Jeitinho de interior
Fiquei hospedado em um bonito e aconchegante hotel nessa mesma praça, o Portugal. À noite aquela relaxada na pracinha, encontrando muita gente que parece viver realmente de uma maneira diferente do que nas cidades maiores. O retorno foi por outro município vizinho, esse também fazendo limite com Teresópolis, Sumidouro.
São três opções saindo de Carmo, uma por asfalto e duas por estradas de terra. Escolhi o caminho que me levou até o povoado de Bella Joanna, onde décadas atrás funcionou uma estação de trem da Estrada de Ferro Leopoldina. Já em Sumidouro, uma parada para um lanche em um dos atrativos locais, a Pedra das Duas Irmãs. Dali, subi pela RJ-148 até pegar outra estradinha que me levaria a mais uma beleza natural, a imponente Cascata Conde D´Eu, que com seus 127 metros de altura é a maior queda do estado do Rio.

Rio Paquequer, o de Sumidouro, no trecho logo abaixo da Cascata Conde D´Eu. Foto: Acervo Mochileiro

Tensão e perigos na etapa final
Por volta das 12h, fazia um calor absurdo. O ciclocomputador indicava 43 graus no meio de uma ladeira íngreme e lotada de pedras soltas, onde empurrar a bicicleta é uma realidade. Saí na localidade de Campinas, ainda no município vizinho, passando depois por Soledade e chegando à Teresópolis por Água Quente. Em Bonsucesso, já às margens da RJ-130, o clima abafado me fez parar mais uma vez para um refresco e reforço na alimentação, para encarar os cerca de 30 quilômetros que faltavam…
Recuperado, hora de acelerar para evitar pegar noite na Teresópolis-Friburgo, onde quase não há acostamento. Mas uma tempestade me fez parar, mais de uma vez. Ficar molhado não seria problema, ainda mais em um dia quente, mas o risco de acidentes é maior com a visibilidade dos motoristas mais baixa. Com várias paradas, acabei tendo que percorrer cerca de 20 quilômetros no período noturno… Foi tenso, confesso, mas deu tudo certo. Na volta, mais 102 quilômetros de memórias eternizadas por um quarentão que sabe que busca viver experiências que possam ser lembradas quando chegar o momento de pendurar as bicicletas na parede e apenas viajar nas lembranças. Veja mais sobre esse e outros roteiros no Instagram @mochileiro_marcello

Final da primeira etapa em frente a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo. Foto: Acervo Mochileiro

Tags

Compartilhe:

Edição 15/03/2025
Diário TV Ao Vivo
Mais Lidas

Polícia encontra central de “gato net” em Teresópolis

De Teresópolis a Carmo no estilo de cicloviagem

Reforma da Escola Maçom Lino Oroña Lema chega à fase final

Anistia!

Tiago

Sobre desistir

WP Radio
WP Radio
OFFLINE LIVE