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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Defensoria Pública intervém a favor dos catadores em Teresópolis

Empresa que vencer concorrência para administrar o local terá que contratar pessoas que sobrevivem da coleta

A Prefeitura de Teresópolis acatou pedido da Defensoria Pública e suspendeu edital que ignorava catadoras e catadores em concorrência pública para o serviço de tratamento e despejo de lixo em aterro sanitário legalizado. O edital não obrigava a empresa vencedora a contratar catadores, autônomos, em cooperativa ou associação, violando a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal 12.305/2010), que determina “a inclusão social e a emancipação econômica” de quem tira o sustento de materiais reutilizáveis e recicláveis. “A contratação para a prestação de serviço no sistema de coleta seletiva é um direito das associações, das cooperativas e até mesmo dos coletivos de catadoras e catadores autônomos que realizam esse serviço historicamente nas diversas regiões do país, conquistado a partir do marco legal de 2010”, explica o defensor público Diogo Esteves, do 7º Núcleo Regional de Tutela Coletiva, que pediu a impugnação do edital.
Em Teresópolis, há cerca de 90 famílias vulneráveis que sobrevivem da coleta de recicláveis e reutilizáveis. O município se comprometeu a publicar um novo edital, que respeite a legislação e considere as ponderações da Defensoria. A concorrência pública destina-se especificamente à escolha de empresa especializada prestadora do serviço de tratamento e de disposição final ambientalmente adequados, em aterro sanitário licenciado, dos resíduos sólidos urbanos domiciliares e públicos de características domiciliares, não perigosos, gerados no município de Teresópolis. O serviço abrange procedimentos de recebimento, triagem, armazenamento temporário, transporte e destinação dos resíduos segregados.
No ofício encaminhado ao Departamento de Suprimentos e Licitações de Teresópolis, o defensor Diogo Esteves sugere que a empresa vencedora da concorrência pública “deverá prever a contratação dos catadores e catadoras autônomos ou em cooperativa ou associação e deverá arcar com todas as despesas para o desenvolvimento das atividades”, inclusive equipamentos de segurança e proteção. Antes de entrar em operação, a empresa deverá apresentar ao município um plano operacional detalhado sobre a planta de triagem, o local de trabalho dos catadores, como propõe a Defensoria. (Com informações da DPRJ).

Em 11 de outubro do ano passado, catadores de materiais recicláveis que atuam no antigo aterro sanitário, atualmente lixão do Fischer, protestaram em frente ao Palácio Teresa Cristina, a prefeitura. Foto: Arquivo O Diário

Protestos contra a “gestão”
Em 11 de outubro do ano passado, catadores de materiais recicláveis que atuam no antigo aterro sanitário, atualmente lixão do Fischer, protestaram em frente ao Palácio Teresa Cristina, a prefeitura. O motivo foi o fato de estarem impedidos de trabalhar desde a interdição daquele espaço, após um grande incêndio, e a falta de apoio da “gestão” Claussen. Além de faixas e cartazes, foi colocado no protesto um caixão com a inscrição “Aqui jaz o Desenvolvimento Social” e uma foto do prefeito. ”Não estão deixando a gente trabalhar mais e nem ao menos na área onde está sendo feito o transbordo do lixo, pois eles estão pagando 900 mil por mês com renda tirada do município para colocar na empresa que faz o transbordo, e enquanto isso tem 89 famílias desempregadas e desamparadas, todo mundo em casa, isso é uma covardia, em 107 dias deram apenas duas cestas básicas mínimas para nós, nós vamos direto na prefeitura e no setor de desenvolvimento social e só recebemos porta na cara, não conseguimos nenhuma resposta, nós estamos abandonados e por isso estamos aqui nos manifestando e reivindicando nossos direitos, não queremos auxílio de dinheiro, queremos trabalho”, declarou à época catador Vitor da Silva.
Após o protesto, um grupo de trabalhadores foi recebido pelo secretário municipal de Governo e Coordenação para ouvir as demandas. Em nota encaminhada para a redação do jornal O Diário e Diário TV, através da Assessoria de Comunicação da Prefeitura, a Secretária Municipal de Assistência Social informou naquela ocasião que os catadores de recicláveis que atuavam no aterro do Fischer continuavam recebendo suporte da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMASDH) e Direitos Humanos, inclusive com reuniões mensais com comissão de representantes da classe e concessão eventual de cesta básica. Ainda segundo o documento, “além da concessão do auxílio eventual emergencial pago em três parcelas pela Gestão Municipal, os catadores foram encaminhados para os equipamentos sociais do Município, como CRAS e CREAS, para emissão de documentos e inclusão em programas sociais do Governo Federal, como o Bolsa Família”.


Edição 22/11/2024
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