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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Delegado explica prisão de protetor de animais em Teresópolis

Flagrante ocorreu após soltura de dezenas de cães. Familiares pedem ajuda para manutenção de abrigo

Luiz Bandeira

No fim da tarde do último domingo (06), um vídeo que viralizou nas redes sociais mostrou a fuga em massa de cães de um abrigo localizado no bairro Campo Grande, em Teresópolis. O responsável pela libertação dos animais foi Guilherme Motta, um protetor que há anos se dedica voluntariamente ao resgate de cães em situação de abandono e maus-tratos e que teria cometido ação por não tem mais condições de manter sozinho tal espaço. No entanto, a situação tomou um rumo trágico quando a Polícia Civil, após investigação, prendeu o jovem sob a acusação de abandonar os animais e praticar maus-tratos.
De acordo com o delegado Guilherme Ferrite, adjunto da 110ª Delegacia de Polícia, em Teresópolis, a investigação foi iniciada após os próprios vídeos postados por Motta nas redes sociais, nos quais ele aparece soltando cerca de sessenta cachorros do abrigo e afirmando que abandonaria a causa. “Ele declarou que iria desistir e abandonar todos os 400 cachorros, o que caracterizou o crime de abandono de animais. Com o contexto de catástrofes naturais, como alagamentos que afetaram a cidade, e a possibilidade de centenas de cães serem soltos nas ruas, decidimos agir prontamente”, explicou Ferrite.
Além do abandono, a polícia informa que constatou, com o apoio de uma médica veterinária, que as condições do abrigo não eram adequadas ao que se propunha. “Ao chegarmos no local, encontramos uma situação desoladora. Os animais viviam em um ambiente insalubre, sem qualquer tipo de controle. Os cachorros estavam em constante conflito, se machucando, e o próprio Guilherme utilizava uma vara para tentar controlar a situação, o que também configura maus-tratos”, relatou o Delegado.
Ferrite diz que, diante da situação, mesmo com o trabalho como defensor dos animais, Motta criou um ambiente incontrolável e assim colocou em risco a vida dos próprios cães. Dessa forma, a Polícia Civil entendeu a necessidade de prisão. Após um período acautelado na 110ª DP, Guilherme foi levado para audiência custódia no Rio de Janeiro, onde a decisão sobre sua prisão preventiva ou liberdade seria tomada pelo juiz. “Ele vai responder pelos crimes que cometeu. Não se pode justificar maus-tratos e abandono apenas com o argumento de que ele fazia o que podia”, afirmou Ferrite.

A situação tomou um rumo trágico quando a Polícia Civil, após investigação, prendeu o jovem sob a acusação de abandonar os animais e praticar maus-tratos. Foto: Reprodução

Clamor e pedido de ajuda na internet
A prisão de Guilherme Motta gerou um forte clamor nas redes sociais, especialmente entre seus amigos, familiares e simpatizantes do seu trabalho. Muitas pessoas se manifestaram contra a prisão, afirmando que ele estava sendo injustiçado e que sua prisão agravaria ainda mais a situação dos animais que permanecem no abrigo – cerca de 400.
“O Guilherme lutou durante 14 anos por esses animais, e, há um ano, vinha pedindo ajuda do poder público, mas ninguém lhe deu atenção. Agora, com ele preso, o que será dos cães que ficaram?”, questionou um dos apoiadores, em uma publicação compartilhada por centenas de pessoas.
Outros se uniram em um apelo desesperado, ressaltando que, sem a presença de Motta, o abrigo enfrenta uma situação crítica. “Os cães estão passando fome, estão se matando entre si e, com as chuvas, o abrigo está desmoronando. Precisamos de ajuda urgente do poder público para que esses animais não morram”, escreveu uma simpatizante da causa.
Em diversos posts, acusaram o governo municipal e as autoridades locais de negligência. “O Guilherme não está mais lá para controlar, e o que era um abrigo está se transformando em um verdadeiro caos. O poder público deve intervir antes que seja tarde demais”, dizia outro.
Voluntários e amigos de Motta pedem ajuda financeira e apoio para garantir a sobrevivência dos animais, que enfrentam sérias condições de abandono e negligência. Sem a ajuda necessária, muitos temem que os cães morram ou se envolvam em mais brigas violentas.

“O Guilherme lutou durante 14 anos por esses animais, e, há um ano, vinha pedindo ajuda do poder público, mas ninguém lhe deu atenção. Agora, com ele preso, o que será dos cães que ficaram?”, questionou um dos apoiadores, em uma publicação compartilhada por centenas de pessoas. Foto: Reprodução

Caminho na Justiça
A prisão de Guilherme Motta é apenas o início de um processo judicial que vai apurar os crimes pelo qual foi denunciado. Para o delegado Ferrite, a situação é clara: “O que não pode acontecer é a justificativa de que ele estava ajudando os animais para cobrir as falhas na administração do abrigo. Ele cometeu crimes e precisa responder por isso”, pontuou o Adjunto da 110ª DP.

No fim da tarde do último domingo (06), um vídeo que viralizou nas redes sociais mostrou a fuga em massa de cães de um abrigo localizado no bairro Campo Grande, em Teresópolis. Foto: Reprodução

Futuro do abrigo
O desfecho da audiência de custódia de Guilherme Motta pode determinar não apenas o seu futuro, mas também o destino dos animais que ele jurou proteger. Enquanto isso, a cidade aguarda uma solução definitiva para o impasse, que envolve tanto questões jurídicas quanto sociais, além de um grave problema de saúde pública. O caso continua a dividir opiniões e a refletir a complexidade da proteção animal no Brasil.


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Edição 08/04/2025
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