Maria Eduarda Maia
Recentemente, após uma gama de reclamações recebidas sobre o deslocamento de moradores da zona urbana para localidades como Bonsucesso e Albuquerque, e também no sentido contrário, para a realização de avaliações relacionadas ao Detran.RJ, o Diário publicou uma matéria questionando tal translado para os atendimentos, que acabam gerando um prejuízo considerável para os teresopolitanos. O assunto foi debatido na Câmara Municipal na sessão ordinária desta quinta-feira (29), quando foi solicitado ao Departamento Estadual de Trânsito a readequação da distribuição dos candidatos aos exames de aptidão física e mental para obtenção da CNH dentro dos distritos de Teresópolis.

O requerimento, que teve como autores os vereadores Fidel Faria (União) e Raimundo Amorim (União), solicita ao órgão que sejam avaliados os critérios de designação dos locais de exame de aptidão física e mental para os candidatos do município, priorizando clínicas situadas no mesmo distrito de residência do requerente. Além disso, também foi citado no documento para que sejam consideradas as particularidades territoriais e logísticas de Teresópolis com base em estudos técnicos e na disponibilidade efetiva de transporte coletivo e clínicas credenciadas.
“O que a gente tá pedindo é que essas pessoas que moram em localidades como Bonsucesso, Vieira, Venda Nova e Mottas façam os exames no Terceiro Distrito, mais perto. Agora, você deslocar uma pessoa da zona urbana para lá para fazer um exame resulta em uma dificuldade muito grande. Às vezes, as pessoas não têm nem condições de chegar até a localidade. Acho que está dando um transtorno realmente grande para a nossa população que deseja fazer o exame visual para CNH”, declarou o vereador Dr. Amorim (União).
Já Fidel Faria pontuou que é preciso criar uma solução para que o sistema consiga dispor uma comodidade melhor para as pessoas. “Esse requerimento é de grande valia, pois a gente sabe dessa dificuldade da população de Teresópolis. Para esclarecer, quando o Detran fala que abre clínicas para gerar mais emprego e comodidade, a gente sabe não é muito bem assim que acontece. Não consigo entender o porquê de quem é de Bonsucesso não fazer o exame lá e vir para a cidade, e quem é da zona urbana ter que se deslocar para o Terceiro Distrito”, manifestou o vereador.

Sistema estatal
De acordo com o que foi ressaltado pelo vereador Marcos Rangel (PP), o sistema que faz a seleção dos departamentos para o atendimento dos serviços é feito para o Estado, desconsiderando as particularidades de cada município. “Essa seleção é feita por um sistema para evitar fraudes, pois se tinha aquela ideia de clínicas viciadas e esquemas. Eles não escolhem por CEP, por exemplo. Para a nossa cidade 20 quilômetros de deslocamento é longe, diferente do que acontece na capital e na baixada fluminense”, frisou Rangel, dizendo que o órgão parece já estar estudando tal situação e ampliando o número de clínicas para ter mais oferta de trabalho e para a questão de maior comodidade dos usuários do Departamento Estadual de Trânsito.
Grande prejuízo
Em uma publicação no Instagram do Diário sobre a situação, diversos condutores do município contestaram sobre o grande deslocamento que está tendo que ser realizado nos últimos meses para a realização dos exames para a renovação ou obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). “Por que não ter os exames no centro urbano e também no interior para se adequar aos dois públicos? Não faz sentido dar entrada no processo no Detran de Araras e ter que ir até o interior, gastar duas horas dirigindo, para fazer um exame de um minuto”, pontuou um usuário do Detran. Outro condutor também reclamou sobre o ocorrido, dizendo: “Sou do centro Teresópolis com três clínicas do meu lado e me jogaram para Bonsucesso! Uma vergonha isso”.

Entre as inúmeras contestações, se destaca a de uma condutora que chegou a perder o prazo do seu exame após pedir para ser realizado em outra localidade. “Isso aconteceu com minha filha, que inclusive tem bebê novinho. Solicitamos a troca do Posto e demoraram tanto no retorno e não viabilizaram a troca. Agora disseram que ela perdeu o prazo e querem que façamos o pagamento novamente. Enviei um recurso para o DETRAN que não respondeu”, declarou.
O que diz o Detran.RJ
O Diário cobrou um posicionamento do Departamento Estadual de Trânsito, que alegou, em nota encaminhada através da Assessoria de Comunicação que “o encaminhamento é feito por sorteio”. Ainda segundo o Detran.RJ, se o usuário se sentir prejudicado pela distância da clínica, ele pode abrir um processo administrativo em um posto de habilitação, levando o número do Renach e um documento de identificação. “Se preferir, o usuário poderá enviar e-mail para protocolo@detran.rj.gov.br, que será respondido com um requerimento para ser preenchido. As solicitações serão analisadas pela Divisão Médica”, informa o órgão.