Desde pequeno fui ensinado que Deus deveria estar no centro de tudo na minha vida. Todas as minhas decisões deveriam partir desse ponto referencial. Esse ponto chamado “centro” se entenderia de maneira simbólica, já que o tal anúncio, parte do pressuposto de que tudo que encaminhasse em meu cotidiano partiria da premissa desenvolvida na primeira pergunta do Catecismo de Westminster: Qual é o fim supremo e principal do homem. Resposta: O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.
A Metáfora do centro nos encaminha na perspectiva de que existem ao redor margens que se tornam universo de possibilidades. Já que Deus é o centro, então sobra muito espaço Bem, os espaços caminham dentro da nossa liberdade.
Quando falo desse aspecto de liberdade e me refiro a Deus, retorno a proposta inicial desse texto: Deus no centro de tudo. Pela desenvoltura que aqui propus até então, preciso ser coerente com o fator imposição e liberdade. Por isso, nessa percepção, Deus está no centro, pois abre espaço ao redor para nossa atitude. Permite-nos agir espontaneamente.
Diante de uma mulher siro-fenícia, Jesus, Deus encarnado, se permitiu surpreender com a quebra da agenda que essa mulher lhe promove, já que o texto garante que naquele momento Jesus queria descansar e não atender ninguém. Sendo a revelação de Deus encarnada, Jesus acentua a ideia de que, pode sim ocorrer quebra de agendas diante da necessidade. Ele abre espaço para a mulher se manifestar. Não só se manifestar na sua necessidade, mas abre espaço para o diálogo que o confronta e dá direito à réplica e consequente tréplica.
Deus está no centro porque abre espaço para o ser humano. Espaços que são o nosso exercício da liberdade. Por isso, Paulo, o apóstolo nos diz: “Para a liberdade Cristo nos libertou, não se submetam a um jugo de escravidão”. Nesse espaço dado, há a vida e a morte, ciosas positivas e negativas. Deus não impõe, porém se quisermos ouvi-lo, teremos a possibilidade da orientação de quem tem o passado, presente e o futuro, como uma coisa só diante dos olhos. Tenha sabedoria para lidar com os espaços, pois aquele que não invadir o seu requer respeito também sobre o dele.