Marcello Medeiros
A Ilha do Caxangá foi um dos bairros mais afetados no temporal do último fim de semana, principalmente no sábado (05), quando o Paquequer transbordou e invadiu diversas residências nessa comunidade. Mais uma vez, moradores perderam móveis, eletrodomésticos, entre tantos outros bens afetados pela água barrenta. Nos últimos anos, a situação tem se repetido no período chuvoso, motivando a discussão de uma solução para atender a dezenas de famílias que vivem momentos de tensão sempre que começa a chover forte. Na sessão da Câmara Municipal desta terça-feira (08), foi aprovada a moção 172/2025, de autoria do Vereador Diego Barbosa (Solidariedade), solicitando ao executivo a realização de estudos para verificar a viabilidade e implantação de área destinada a construção de conjunto habitacional para atender essa comunidade. Importante frisar, porém, que quase 10 anos atrás, o município oficializou a doação de um terreno para tal demanda.
Alheio à questão, que à época acabou não sendo levada à frente devido a crise política que enfrentou o município, com uma sequência de troca de prefeitos, Barbosa destacou a importância de resolver a questões dos moradores da Ilha do Caxangá. Ele pontuou que quem vive nessa comunidade há muito tempo não consegue dormir em paz, que a cada chuva lembra não ter sido atendido pela classe política, que precisa se mobilizar para mudar a situação. “É muito triste saber que vão perder tudo de novo outra vez. O artigo 6º da Constituição Federal garante moradia digna à população, mas isso não ocorre. Teresópolis é a segunda cidade no estado com mais pessoas vivendo em área de risco. É preciso atender a população de forma digna, não olhar de cima para baixo, a população precisa de respeito”, comentou Diego, reforçando a importância de oferecer um programa habitacional de interesse social na região onde essas pessoas vivem, citando o caso da Fazenda Ermitage, onde moradores de diversas localidades de Teresópolis foram obrigados a ocupar uma mesma área, muito longe de onde antes residiam.

A doação do terreno
Em 23 de novembro de 2015, o então prefeito Márcio Catão assinou documento oficializando a doação de um terreno do Município à Avit (Associação das Vítimas das Chuvas em Teresópolis). “A área é destinada à construção de unidades habitacionais para as famílias que residem em área de risco de alagamento na comunidade da Ilha do Caxangá, no bairro do Alto. Com 1190m² e situado na própria localidade, o imóvel tem capacidade aproximada para a construção de 40 unidades habitacionais. A cessão atende às formalidades iniciais de apresentação de projeto habitacional de interesse social no programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, e para o qual a Avit se habilitou”, publicou o Diário na ocasião. Com a mudança frequente do comando da prefeitura, nos meses e anos seguintes, o projeto não saiu do papel.

MP, Avit e Inea em cena
Alguns meses antes, em fevereiro do mesmo ano, foi realizada a vistoria de técnicos do Instituto Estadual do Ambiente – Inea – nos terrenos localizados no bairro Ilha do Caxangá. “Dois espaços, sendo um na praça que existe na entrada da localidade e outro localizado um quarteirão acima, no bairro 40 Casas, são candidatos a receber a construção de um prédio para abrigar as 44 famílias que terão de deixar suas casas”, divulgou o Diário, mostrando na ocasião que tais moradias seriam destinadas a pessoas que haviam tido imóveis condenados, localizados na margem do Rio Paquequer, em área de constante alagamento e invadindo a caixa do curso hídrico. “Ação Civil Pública promovida pelo MP pede a desocupação e a demolição das respectivas construções. Para solucionar o caso, a Avit – Associação das Vítimas das Chuvas em Teresópolis – se dispôs a utilizar de verba do Ministério das Cidades, dentro do programa Minha Casa Minha Vida Entidades, para qual foi credenciada, para construção de um prédio com 50 unidades habitacionais, acolhendo as famílias que vão perder suas casas e ainda com uma sobra para transbordo de outras casas, criando assim um processo contínuo de reurbanização da área. Para isso, depende de parceria da Prefeitura, que entraria com a cessão de um terreno. O MP acolheu a iniciativa e convocou secretarias municipais e órgãos públicos para trabalhar em torno do projeto”, destaca ainda a reportagem de 24 de fevereiro de 2015.
