Maria Eduarda Maia
O Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado no dia 3 de dezembro, data proclamada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992, reforça uma mensagem extremamente importante: pessoas com deficiência têm habilidades, potencial e sonhos como qualquer outra, e não devem ser tratadas de maneira diferente. Entre tantos exemplos que mostram isso na prática está o de Lucas “Mão de Aço”, atleta de jiu-jitsu e colaborador da secretaria de Esportes de Teresópolis, que rompe barreiras diariamente e inspira várias outras pessoas pela sua dedicação e autonomia.
Atleta de jiu-jitsu e jovem com Síndrome de Down, Lucas se consolidou como um exemplo de determinação dentro e fora do tatame. Ele participa de um projeto que conta com a supervisão do Mestre Gugu Gomes e que mostra a garra e a determinação de atletas com síndrome de Down, com o projeto ‘Superação Down’, na Academia Pro Health. “O jiu-jitsu representa para mim disciplina. Com o Mestre Gugu, eu aprendo vários golpes. Eu gosto muito quando ele ensina tudo isso”, contou Lucas, de 32 anos, em entrevista ao Diário.
Para a mãe de Lucas, Eliete Costa, o esporte é a formação dele, sendo seu primeiro ato de autonomia, visto que a escolha para prática partiu do próprio rapaz. “Não foi uma escolha dos pais, de nenhum responsável, nem de ninguém que o orientou. Foi ele quem decidiu, e ele continua no jiu-jitsu até hoje”, contou.
Mudança de vida
Ainda de acordo com Eliete, a grande virada de chave na vida de Lucas foi em 2017, quando ele sofreu um AVC, quando já participava do projeto ‘Superação Down’. “Eu sou muito grata a esse projeto, porque ele foi o que iluminou a vida do meu filho naquele momento, quando ele passou quatro dias na UTI, e, nos primeiros dias, tivemos medo de ele nem voltar e, nos dias seguintes, temíamos que ele não voltasse a andar ou a falar. Mas tudo isso foi superado com a ajuda do esporte, do jiu-jitsu”, declarou, frisando o quão é grata ao trabalho supervisionado por Gugu Gomes.
Aulas no Ginásio Pedrão
Além das vitórias no tatame, Lucas também integra a equipe da secretaria de Esportes, onde auxilia nas atividades e nas aulas, junto com a professora Kelly Dascandeias, no Ginásio Pedrão. “Aqui ajudo a Kelly e outros alunos, muitas vezes crianças. Ensinamos os golpes. O que a Kelly pede para eu fazer, eu faço!”, contou o atleta. “Ele foi contratado ainda durante a pandemia, e hoje ele está atuando na área que escolheu para a sua vida”, completou a mãe Eliete.
Projeto determinante
De acordo com Eliete, o grande momento de virada em sua vida e na de seu filho foi a participação do projeto ‘Expedição 21’, realizado pelo ‘Instituto Cromossomo 21’, do educador social Alex Duarte. “É uma imersão para jovens e adultos com deficiência intelectual. O Lucas participou durante três dias e teve mentorias sobre autonomia, responsabilidade e independência, preparando-os para o mundo adulto”, explicou, contando ainda que, mesmo antes da participação, o rapaz já era independente, andando sozinho na rua e até ensinando os irmãos a fazerem o mesmo, por exemplo.
Inclusão e apoio
Para Eliete Costa, foi importante entender que a independência do Lucas não é a mesma que a de todos, mas que ele também precisa de apoio, como qualquer outra pessoa, com ou sem deficiência. “Eu tento dar esse suporte ao Lucas, mas sempre o estimulo a buscar a independência e autonomia dele em todos os aspectos da vida”, declarou, enfatizando como é importante celebrar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, visto que é uma data que simboliza essa transformação em suas vidas.
No Instagram @lucasmaodeaco , a jornada de Lucas é compartilhada – algo que o rapaz adora – para inspirar outros pais e filhos que passam por situações semelhantes. “Recebemos muitas mensagens de mães agradecendo, e mostramos, através do Lucas, que as pessoas com deficiência também podem alcançar grandes conquistas. Deixem seus filhos voarem! Acreditem e confiem neles”, concluiu Eliete, frisando que é importante que todos sejam estimulados a viver em uma sociedade com pessoas sem deficiências.
