Luiz Bandeira
Para auxiliar na investigação de crimes sexuais, reduzir o número de pessoas desaparecidas, promover o reencontro de famílias ou identificar vítimas de homicídios, os peritos criminais da Polícia Civil desempenham um trabalho essencial. Utilizando a ciência, eles buscam elementos que contribuem para a conclusão de diversos inquéritos policiais. A equipe da Diário TV visitou o Posto Regional de Polícia Técnico-Científica (PRPTC), localizado na Avenida Alberto Torres, no bairro Alto. Durante a visita, conversamos com o médico perito legista da PCERJ e chefe do serviço médico-legal, Dr. Hélio de Castro Júnior, e com a Dra. Renata Carneiro, integrante da equipe da “Sala Lilás”. Os profissionais destacaram a importância da investigação de material genético como ferramenta essencial para a identificação civil em casos de pessoas desaparecidas, corpos não identificados e também para a comprovação de violações à intimidade.
“Temos duas principais demandas de coleta de material para pesquisa de DNA. No caso de pessoas vivas, coletamos material genético de vítimas de abuso sexual, de suspeitos de violência sexual – desde que eles assinem o termo de consentimento esclarecido – e, também, de familiares de pessoas desaparecidas, como parte da campanha nacional de coleta genética. Já no caso de pessoas mortas, realizamos a coleta em situações de corpos esquelitizados, carbonizados ou em avançado estado de decomposição, com o objetivo de identificá-los”, explica o Dr. Hélio. Ele acrescenta que “toda essa pesquisa é feita por meio de confronto genético, seja com referências fornecidas pelos familiares ou utilizando o banco de perfis genéticos”.
Desaparecidos
Periodicamente, são realizadas campanhas para mobilizar familiares de pessoas desaparecidas a fornecerem amostras de DNA. Essa coleta de material genético é uma ferramenta de alta precisão na investigação científica. “Além do trabalho de investigação criminal, há um importante aspecto social envolvido. Recentemente, realizamos duas campanhas: uma no ano passado e outra há cerca de três anos, voltadas para a coleta de material genético de familiares de desaparecidos. É um trabalho que também tem um impacto social significativo”, pontua o Dr. Hélio.
Autor de estupros na Região Serrana foi identificado
Um esforço conjunto de investigação, envolvendo análises genéticas conduzidas por agentes do PRPTC, levou, em dezembro do ano passado, à prisão de um homem acusado de cometer uma série de estupros de vulneráveis. Ele foi localizado e detido pela equipe da 110ª DP, na divisa entre Teresópolis e Nova Friburgo. A identificação do criminoso só foi possível graças ao trabalho detalhado de análise de material genético realizado no Instituto de Pesquisa e Perícias em Genética Forense (IPPGF) da Secretaria de Polícia Civil (Sepol).
Dra. Renata Carneiro da equipe da “Sala Lílas”, núcleo de atendimento a vítimas de violência doméstica, localizado no primeiro piso do PRPTC, no Alto, detalhou como a investigação do DNA humano auxiliou na identificação de um criminoso que havia cometendo vários estupros na Região Serrana. “No final de 2023 fizemos a coleta de material genético de uma vítima de estupro de vulnerável e encaminhamos para o IPPGF e esse material entrou para o banco de dados. Paralelo a isso, na cidade de Bom Jardim houve um outro estupro, foi coletado o material genético, que também foi para o banco de dados onde o confronto dos dois DNAs identificou a similaridade de autoria entre os dois casos. Agentes da 110ª DP em conjunto com a delegacia de Bom Jardim (158ª DP) conseguiram chegar à autoria destes crimes após coleta de material genético permitida pelo acusado”.
Durante as investigações, a análise do material genético coletado, cruzada com informações do Banco Estadual de Perfis Genéticos, revelou que o autor de um dos crimes também era responsável por outros casos investigados pela delegacia de Bom Jardim. A investigação segue, pois há a suspeita de envolvimento deste mesmo criminoso em outros casos.
Trabalhos na Sala Lilás
A Dra. Renata explicou ainda o funcionamento da Sala Lilás, que além de oferecer atendimento especializado as vítimas contribui para a retirada de violentadores do convívio social. “O objetivo da Sala Lilás é realizar exames de corpo de delito de maneira humanizada. A equipe conta com enfermagem disponível 24 horas por dia e com o apoio de psicólogos. A enfermagem realiza o acolhimento inicial, e, posteriormente, o médico legista realiza o exame de corpo de delito”, relata a Dra. Renata. Ela destaca ainda: “Nos casos de violência sexual, atendemos mulheres, crianças e adolescentes. Dependendo do local da agressão, conseguimos coletar material genético e isolar o DNA do agressor”.
Os profissionais legistas são muito necessários para a justiça e segurança pública. Entre suas atribuições eles examinam evidências físicas, como DNA e impressões digitais e apoiam a identificação de suspeitos e a construção de casos sólidos.