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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Economista Newton Golek alerta para os “milagres?” das Fintechs

Entidades operam com custo operacional muito mais baixo, entretanto insegurança jurídica ainda é barreira para o crescimento

Anderson Duarte

Quase todo mundo já se expos a alguma publicidade de entidades financeiras que prometem custos praticamente inexistentes para operações bancárias, ou operadoras financeiras que oferecem juros e taxas zero em concessões de crédito ou abertura de contas. Tudo isso parece uma revolução no segmento, gerada em parte pelas novas tecnologias e democratização da tecnologia e conexão às redes, pelo menos tem sido “vendido” assim pelas instituições. Esta semana o economista Newton Golek dedicou sua participação no programa Jornal Diário na TV para discorrer sobre o tema e faz um alerta aos consumidores: “Esse milagre todo da não cobrança de taxas, com juros menores e promessa de fim da burocracia traz um perigo escondido, e um inimigo que pode ser fatal para o seu patrimônio”, alerta Newton. 
Os bancos digitais sempre despertaram o interesse dos consumidores, justamente como alternativa aos problemáticos bancos tradicionais. A proposta é oferecer aos clientes serviços mais práticos, eficientes e, principalmente, com baixo custo, para fazer frente às tarifas salgadas cobradas pelas grandes instituições. Entretanto, sempre há espaço para se perguntar se é seguro abrir uma conta e manter dinheiro em um banco que só existe na internet? O economista Newton Golek tem posicionamento convicto sobre o fenômeno e não esconde seu medo com relação a certas promessas e a certeza de que algo pode estar muito errado pela desoneração total de custos prometida pelas empresas. “Tenho respeito e admiração sempre pelas inovações tecnológicas e não considero razoável descartá-las, mas certas coisas precisam ser consideradas. Essa conversa de tarifa zero, por exemplo, não se justifica. Isso não tem viabilidade”, alerta Golek. Um dos exemplos desta escalada das Fintechs foi o Nubank, que afirma ter atingido a marca de dez milhões de cartões emitidos, e destes, setenta por cento possui a conta digital do banco.
Recentemente, o presidente do Itaú Unibanco, maior banco privado do país, se colocou publicamente sobre o chamou de “transformações trazidas pela tecnologia”, e não descartou que o processo pode influenciar uma “mudança de rota da instituição”. Para Newton o momento é mesmo muito delicado do ponto de vista estrutural e institucional, mas cabe ao consumidor ter muito cuidado. “Ao mesmo tempo em que empresas de todas as áreas tentam ocupar o espaço dos bancos, uma quantidade grande de clientes busca estruturas tradicionais, o que eu particularmente acho mais seguro, não por uma reação as novas tecnologias, mas por entender mesmo que as Fintechs não oferecem segurança jurídica suficiente para que se aposte assim neste momento. O modelo é muito legal, acredito que deva ser mesmo a nossa realidade daqui há alguns anos, mas do jeito que se tem oferecido considero um grande erro por parte de quem investe”, analisa Newton.
“As pessoas vão continuar fazendo transações bancárias, poupando, pegando dinheiro emprestado, pagando contas, ou seja, tudo que fazemos hoje. Mas também precisamos entender e olhar para o passado recente onde os próprios bancos tiveram que se adaptar, entretanto, a virtualidade oferecida agora traz elementos de incertezas muito fortes. Quando trabalhei em banco, o futuro incerto vinha de fatores inerentes a própria economia, ou seja, o crescimento ou não do PIB, a inflação controlada ou descontrolada, se poderíamos contar com um câmbio estável. Hoje as incertezas são maiores e externas ao setor econômico apenas”, lembra Golek.
Um dos maiores problemas destas entidades digitais, segundo o economista, vem do contato direto na agência, ou seja, aquele público que necessita do contato físico. “Pensar uma inovação ou modelo de empresas que não seja para todos na área bancária, não me parece algo bacana, isso para não chamar de preconceituoso mesmo. Só para deixar claro essa minha preocupação. Se formos a uma agência física no começo do mês, quando é registrado o movimento mais intenso, vamos perceber que aqueles caixas eletrônicos que dispõem de jovens aprendizes, ou seja, que prestam esclarecimentos pessoalmente concentram muitas pessoas que precisam deste auxílio simplesmente porque não sabem ler. A Fintech não lida com essa pluralidade, ela exclui”, explica Newton. A evolução tecnológica e a necessidade de cortar custos estão levando os bancos tradicionais a migrarem para o mundo digital. O fechamento de agências físicas e o incentivo ao uso de aplicativos no celular ou do home banking no computador já fazem parte do cotidiano dos correntistas dos grandes bancos brasileiros. Segundo a Febraban, cerca de 35% das transações são feitas pelo celular atualmente. “A digitalização do sistema bancário é inevitável. E ela não está acontecendo apenas nos bancos. Toda a sociedade está passando por um processo de maturidade digital. Por isso, é natural que surjam cada vez mais problemas relacionados à digitalização. Tanto as empresas como os clientes têm que se adaptar a uma nova realidade, mas não dá para cair em pegadinhas como esta de taxas zero. Muito cuidado”, finaliza o economista.

 

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Edição 23/11/2024
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