Wanderley Peres
“Desmentindo” matéria do DIÁRIO, em 2021, o prefeito Vinícius Claussen publicou “a verdade sobre a tarifa da água”, provando com o edital da licitação da água que os valores das contas ficariam mais baratos a partir da concessão. A água residencial custaria R$ 47,09 por 15 mil litros e a água comercial R$ 122,17 a tarifa mínima, para os usuários que gastassem até 10 mil litros, afirmou o prefeito.
Feita as audiências supostamente “públicas”, para cumprir o rito da venda da água de forma fraudulenta aos interesses do teresopolitano, eliminada a concorrência com o direcionamento do certame, conforme apontou em ação ao Tribunal de Justiça o Tribunal de Contas do Estado, e realizada a licitação com o prédio da Prefeitura fechado ao público e com forte aparato policial, o edital mudou e água comercial dobrou de preço, misteriosamente. Em vez dos 10% prometido, que inicialmente seriam 18% de desconto, a água comercial foi de R$ 165,00 (valor de R$ 149,25 reajustado) para 304,00, em vez dos R$ 122,17 prometidos.
Desde que aumentou o valor da conta de água comercial em 100%, em vez de conceder os 10% de desconto exigidos de todos os pretendentes à compra da água em edital, quando havia concorrentes no processo, o DIÁRIO vem batendo no assunto, dando voz aos que acham um absurdo o aumento. E, “sensível” às críticas, o prefeito prometeu negociar com a empresa a volta do que chamou de desconto, e não é desconto algum, porque a promessa para a venda da água era um desconto de 10% sobre o valor praticado pela Cedae, e o valor praticado era de R$ 165,00 para a tarifa comercial.
Na dificuldade que se apresentou, no entanto, Vinícius viu a oportunidade e, à espreita, tramou um acordo com a concessionária Imperatriz, participando do conluio contra os interesses do teresopolitano a agência reguladora que contratou, sem ouvir a Câmara, para regular o contrato. O “acordo” que vem sendo chamado de negociata, porque não deixa de ser, pela forma como foi tramado, às escondidas – tanto que demorou quase um mês reservado somente aos olhos dos interessados, enquanto até as entidades de classe reclamavam – e pelos interesses alheios ao interesse público, foi assinado no dia 15 de maio, só no último dia 6 sabido pela população, pelas páginas do DIÁRIO, que repercutiu denúncia apresentada pelo vereador Rangel, em sessão da Câmara Municipal.
O acordo, a negociata, a trama entre amigos, verdadeiro crime contra a economia popular, serviu não só para não voltar o desconto dos 50% prometido, e que não era desconto algum porque a venda da água previu conta com 10% mais barata para todos, mas para um arranjo novo, de tirar também os 10% dados na conta de água residencial, e ainda reduziu o valor da outorga em R$ 20 milhões, e ainda deu ao prefeito R$ 30 milhões para gastar, dinheiro que já teria recebido desde o final do mês enquanto nem sabíamos o que havia sido tramado nos bastidores.
A verdade é que, aproveitando-se da dificuldade, o prefeito viu a facilidade para trocar o desconto agora dado somente para alguns, por um abatimento de R$ 20.740.104,00 (20 milhões e 740 mil) na segunda parcela da outorga, e a antecipação de R$ 30 milhões da parcela que seria paga para o próximo prefeito. Vinícius ainda deu dois aumentos, de 3,63% em todas as categorias de conta de água a partir de janeiro de 2025 e mais 3,63% a partir de 2026, somados aos reajustes anuais que ocorrem contratualmente no período. Ou seja, o prefeito já deu um aumento na conta de água residencial de R$ 57,85 para R$ 59,95 em janeiro de 2025, quando será acrescido na conta o reajuste anual. Sobre esse novo valor, com aumento dado e reajuste ainda a ser definido, será dado novo aumento de 3,63% em janeiro de 2026, além do reajuste, lembrando que a partir do ano que vem a conta de água virá com a conta do esgoto chamado “coletado”, que já está coletado nas galerias da cidade sem nenhum esforço da empresa premiada com o absurdo contrato.
Além de mentir, descaradamente, e sem pudor, afirmando o que não fez para esconder o que fez, Vinícius também voltou a atacar O DIÁRIO, afirmando, sem receio, que o jornal mente e tendencia a informação dada, afirmações caluniosas que mereceriam do jornal providência na justiça se alguma credibilidade o mentiroso contumaz ainda tivesse. Nas próprias mentiras que posta em seu perfil pessoal, são fartos os comentários contrários feitos por aqueles que acompanham as verdades que o jornal publica. “Em dúvidas, prefiro acreditar no Diário”, diz um. “Deve ser O Diário que mente sempre mesmo”, ironiza outro internauta.
Contas em duplicidade nos primeiros três meses do ano, provocando transtornos para os mais pobres, que têm o orçamento doméstico já comprometido; cobrança da primeira conta da nova concessionária com valor menor, que depois se percebeu ser cobrança de apenas 10 dias; conta de água comercial com 10% de desconto em relação ao preço praticado pela Cedae seguido de aumento de 100% previsto em contrato assinado pelo prefeito; entrega do contrato da água para regulação a uma agência conveniada pelo prefeito ao arrepio da necessária autorização da Câmara Municipal; uso do dinheiro da outorga da água como pagamento à Cedae para que ela aceitasse ser substituída no serviço; e agora o risco de Teresópolis ter que pagar mais pelo patrimônio da Cedae, que a Prefeitura já admite ter o dever de indenizar, o que negou enquanto arranjava a licitação suspeita; e a enganação do prefeito Vinícius, de que estava resolvendo o problema da conta de água com 100% de aumento…