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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Endêmica da Mata Atlântica, planta é avistada pela primeira vez no Parque dos Três Picos

Sinningia cochlearis chama a atenção não só pela coloração e beleza, mas também por sua raridade

De coloração vermelha e folhas em tom verde-escuro, a Sinningia cochlearis (Gesneriaceae), espécie de flora endêmica da Mata Atlântica, chama a atenção não só pela beleza, mas também por sua raridade. De ocorrência restrita a apenas duas montanhas do Estado do Rio, a plantinha foi encontrada pela primeira vez no núcleo de montanhismo do Parque Estadual dos Três Picos situado na Região Serrana do Rio e administrado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e virou tema de artigo da revista GloxNews publicado pela Greater New York Gesneriad Society, em fevereiro deste ano. A espécie foi descoberta durante uma vistoria em campo realizada na unidade de conservação pelo funcionário do Inea Rodrigo Freitas, pelo pesquisador brasileiro Mauro Peixoto e pelo pesquisador suíço Alain Chautems, maior autoridade mundial na família das Gesneriaceae. Juntos, eles percorreram os paredões rochosos do Núcleo de Montanhismo de Nova Friburgo onde identificaram a Sinningia cochlearis (Gesneriaceae), em 2018.

“É um sentimento de muita felicidade saber que ainda há maravilhosas descobertas, como esta, a serem feitas no nosso patrimônio natural fluminense. O corpo técnico do Inea está de parabéns pelo incrível trabalho de conservação que desenvolve na nossa Mata Atlântica e permite achados tão incríveis como este”, celebrou o vice-governador e secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Thiago Pampolha.
Por quatro anos, Rodrigo e os pesquisadores passaram a acompanhar o desenvolvimento da planta, que resultou em tema de artigo publicado pela revista norte-americana. Desde então, Rodrigo continua acompanhando a espécie, encontrada a cerca de dois mil metros de altitude e que floresce entre os meses de outubro até o final de janeiro, proporcionando um belo visual de pontos brilhantes de vermelho em meio a montanha. A última ocorrência para essa planta no Estado do Rio foi em 2017, no Maciço da Caledônia, conforme consta no Programa Reflora desenvolvido em parceria entre o Jardim Botânico e o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
Rodrigo, que cursa Biologia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), desenvolve projeto de pesquisa botânica que consiste em inventariar a flora, sobretudo, plantas de montanha no município de Nova Friburgo e em cidades vizinhas. Esse trabalho abrange visitas às áreas de floresta e de montanha, fotografando e marcando com coordenadas geográficas, a localização das plantas encontradas e, posteriormente, buscando suas identificações junto aos especialistas botânicos.
“Ao longo desse trabalho, conseguimos registrar, aproximadamente, 500 espécies de plantas que ocorrem, na sua maioria, em área do Parque Estadual dos Três Picos. Isso mostra a importância das unidades de conservação para a preservação da diversidade da flora da Mata Atlântica. Por meio desse levantamento, botânicos vêm visitando a unidade de conservação para estudar o local de ocorrência dessas plantas. A ocorrência dessa espécie em uma nova área do parque é uma demonstração de que o ambiente dessa unidade de conservação encontra-se propício para a conservação dessa plantinha”, explicou Rodrigo Freitas.

Sobre a unidade de conservação
Com 65.113,04 hectares de Mata Atlântica, o Parque Estadual dos Três Picos, maior unidade de conservação do Estado do Rio, abrange parte dos municípios de Teresópolis, Guapimirim, Nova Friburgo, Cachoeiras de Macacu e Silva Jardim. A unidade de conservação foi criada com o objetivo de assegurar a preservação dos remanescentes de Mata Atlântica da porção fluminense da Serra do Mar; integrar o corredor ecológico central da Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro; preservar nascentes e recursos hídricos que abastecem cidades vizinhas além de preservar espécies de fauna do bioma.
Dentro dos limites do Parque Estadual dos Três Picos encontra-se o mais elevado índice de biodiversidade de todo o estado do Rio de Janeiro, o que em parte se explica pela variação de altitudes: de 100 até os 2.366 metros do Pico Maior. O parque é reconhecido internacionalmente como uma IBA (Important Bird and Biodiversity Area), ou seja, uma área prioritária para conservação da biodiversidade de aves, pela BirdLife International.

Edição 22/11/2024
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