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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Especialista alerta para os riscos do câncer de maior incidência no Brasil e no mundo

"Uso do filtro solar deve ser igual ao ato de escovar os dentes", explica médico. Pele bronzeada é sinônimo de agressão ao maior órgão do corpo humano

Anderson Duarte

Na semana em que a notícia de que um grupo de mulheres, no interior da Bahia, buscou a polícia para denunciar graves queimaduras sofridas em várias partes do corpo após um serviço de bronzeamento natural, no popularizado sistema de fitas adesivas, ganhou o país, nossa reportagem traz a visão de um especialista sobre os inúmeros perigos escondidos e camuflados em comportamentos, culturas e padrões estéticos: o câncer de pele. Na verdade, esse tipo de doença vem a ser o câncer de maior incidência em todo território nacional e pelo mundo inteiro, entretanto, costuma ser subestimado por questões culturais. O médico Frederico Lucas, especialista do Hospital São José em Teresópolis, esteve nos estúdios da Diário TV e falou aos telespectadores do Jornal Diário na TV, sobre como é importante se prevenir e vencer os tabus da pele bronzeada.
No caso da Bahia, que tem sido utilizado em quase todo o país e que começou aqui em nosso estado, o processo de bronzeamento é foi feito à luz do sol, normalmente em lajes e até em clínicas estéticas e as vítimas usam os populares biquínis feitos com fita adesiva, juntamente com um “exclusivo” produto passado em seus corpos. “Os casos em nosso país, infelizmente, não param de crescer porque as questões culturais e de padrões estéticos acabam sendo muito difíceis de serem combatidas. É lindo para o brasileiro ter a pele bronzeada, e em algumas regiões não basta apenas ser bronzeada, é preciso ter “marquinha” de sol. O que as pessoas não percebem é que aquela pele com essa “marquinha” foi agredida pela incidência dos raios solares, ela não está bronzeada, ela está ferida. Isso é difícil de ser combatido, infelizmente, mas é necessário”, explica o médico. A Sociedade Brasileira de Dermatologia, por exemplo, afirma que a maioria dos casos de câncer da pele podem ser evitados com as medidas tradicionais de fotoproteção, adotadas no nosso dia-a-dia, ou seja, o uso do protetor solar.
Para o Doutor Frederico, a principal razão dessa alta incidência é que a pele é o maior órgão do corpo humano e fica exposta, ao longo da vida, aos raios ultravioleta do sol, principal fator de risco da doença, segundo ele. “No caso do Brasil, além da elevada incidência de raios ultravioleta, por se tratar de um país tropical, a população tem a pele relativamente clara, em especial aqui na nossa região serrana. Aliás, outra questão cultural prejudicial a saúde é a falácia de que o sol da serra é menos nocivo que o da região metropolitana e da capital. A famosa máxima de que o sol da serra não queima. Isso não é verdade, pelo contrário, nossa região tem comprovadamente maior incidência destes raios e uma população idosa e com peles mais claras muito mais recorrentes que em outros locais, ou seja, estamos mais suscetíveis aos problemas de pele pela fotoexposição”, lembra o médico, que também explica que a pele clara representa maior predisposição ao risco.
Quanto ao uso do protetor, Doutro Frederico lembra que está na prática uma das maiores dificuldades e desafios da dermatologia. “O uso de protetor solar é muito associado às atividades externas, principalmente ao lazer em praias e piscinas, no entanto, a exposição solar diária, durante as atividades rotineiras do dia a dia, como na locomoção a pé, no carro ou transporte coletivo, nas atividades de educação física em escolas e, especialmente, dos trabalhadores ao ar livre, é muito mais danosa à saúde da pele do que a exposição intencional. Estima-se que, a depender da atividade e localidade, cerca de 70% da exposição que sofremos é ocasional. Além da quantidade maior, os danos da exposição ocasional são maiores porque a poluição atmosférica dos centros urbanos potencializa os efeitos danosos da radiação solar. Costumo sempre dizer que o uso do filtro solar deve ser igual ao do ato de escovação dos dentes, tem que lembrar de usar o filtro como lembramos de escovar os dentes”, explica Dr. Frederico.
Segundo dados do INCA, o Brasil deve registrar cerca de 600 mil novos casos de câncer em 2019 e destes, cerca de 170 mil diagnósticos como sendo de câncer de pele. Para o instituto, é importante reforçar o combate a desinformação sobre a doença já que a proliferação de mensagens falsas e incompletas, por exemplo, pode levar a muitos seguirem conselhos que na maioria das vezes são desprovidos de qualquer embasamento científico. Um terço dos casos de câncer podem ser evitados, justamente por serem associados a fatores como o tabagismo, a inatividade física, a obesidade e infecções como o HPV e claro as questões culturais. “O câncer da pele pode se manifestar como uma pinta ou mancha, geralmente acastanhada ou enegrecida, como também uma ferida que não cicatriza, ou seja, no período de um mês não fecha. A suspeita de uma lesão que pode ser maligna já sinaliza que um dermatologista deve ser procurado imediatamente. E como perceber essa necessidade? São lesões assimétricas, com bordas irregulares, alteração de cor, com diâmetro maior que seis milímetros já indicam que o especialista deve ser procurado”, enaltece.
Diferentemente de outros tipos de câncer, não existe predisposição genética para o de pele, e o principal fator de risco é a exposição prolongada e repetida ao sol, o que faz da prevenção através da proteção essencial. “Usar chapéus, camisetas e protetores solares. Evitar a exposição solar e permanecer na sombra entre dez da manhã e dezesseis horas. Usar filtros solares diariamente, e não somente em horários de lazer ou diversão. Utilizar um produto que proteja contra radiação UVA e UVB e tenha um fator de proteção solar e reaplicar o produto a cada duas horas ou menos, nas atividades de lazer ao ar livre. Observar regularmente a própria pele, à procura de pintas ou manchas suspeitas e manter bebês e crianças protegidos do sol”, explica Dr. Frederico.

 

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Edição 23/11/2024
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