"Oi Mãe! Armazena meu número novo. O outro ficará somente para trabalho ok!!". Assim começa uma conversa que pode terminar em grande prejuízo caso a pessoa não esteja atenta. Ela foi enviada via Whatsapp recentemente para uma cozinheira que inicialmente acreditou que estava falando com um dos seus três filhos e, que, caso não tivesse conseguido falar com o “de verdade”, poderia ter perdido R$ 2.345,00. Na continuidade da conversa, o golpista alegava ter tido a senha eletrônica bloqueada e que precisava do valor para pagar uma conta. Como a vítima disse que não sabia realizar transferência bancária, o estelionatário informou que emitiria um boleto para pagamento, que poderia ser feito até no dia seguinte. No meio da conversa, quando percebeu que havia sido descoberto, a pessoa, que utilizava o número (22) 99619-1419 com uma foto do filho da cozinheira, retirada de uma rede social, a bloqueou e também seus familiares. Tal situação tem sido registrada com frequência, com a venda de dados pessoais pela internet e a busca através de páginas como Facebook e Instagram. Recentemente, a mãe de uma famosa modelo brasileira perdeu a quantia de R$ 35 mil em caso idêntico. Em Teresópolis, entre janeiro e junho, foram registrados na 110ª Delegacia de Polícia 224 casos de estelionato, muitos envolvendo o mesmo procedimento. Em comparação ao mesmo período do ano anterior, houve aumento de 23% – segundo dados do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro.
Ainda de acordo com o ISP, somente em junho passado foram 53 ocorrências, um aumento de 103% se comparando ao mesmo mês de 2020, quando foram “apenas” 26 comunicações. Importante lembrar que esse número geral pode ser bem maior, visto que muitas pessoas não têm o hábito de registrar casos de pequenos furtos por acreditar “que não vai dar em nada”. Porém, realizar tal procedimento é importante para contribuir com o trabalho da polícia nas investigações e até intimidar os golpistas de continuarem nessa prática. O estelionato, previsto no Código Penal Brasileiro, e popularmente conhecido como artigo 171, crime econômico descrito como o ato de “obter, para si ou para outro, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento”, vem sendo cometido cada vez mais em Teresópolis.
Um dos motivos para a ampliação deste tipo de delito pode ser o avanço tecnológico, pois há um comércio virtual cada vez mais aquecido onde são oferecidos serviços e produtos aparentemente mais atrativos e baratos, um espaço que os bandidos já enxergaram como propício para ludibriar aqueles que não dominam os mecanismos de segurança econômica. Como citado no começo da reportagem, também é preciso ficar atento aos casos de pessoas pedindo dinheiro via Whatsapp ou situações simulando sequestros.
Atenção nas compras virtuais
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), alerta que é importante tomar cuidado com as informações compartilhadas, especialmente na internet. Ofertas tentadoras podem esconder, às vezes, links maliciosos que capturam dados pessoais. Sites e e-mails falsos, ligações e mensagens são algumas das armadilhas usadas pelos golpistas para enganar as pessoas e ter acesso a informações pessoais como nome completo, CPF, número de cartão de crédito e dados bancários. Com essas informações os bandidos realizam transações, burlam bloqueios de segurança, desbloqueiam novos cartões e realizam a confirmação de dados pessoais da vítima. Outro cuidado que devemos ter na internet é com os aplicativos maliciosos e a técnica comumente conhecida como phishing. O golpe começa quando recebemos um e-mail desconhecido com um link, que ao ser clicado instala um vírus no dispositivo dando acesso total aos bandidos.
Whatsapp
Com a popularização dos aparelhos smartphones, as quadrilhas criaram golpes específicos para a aproximação de estelionatários às vítimas através desta plataforma. O golpe de clonagem de whatsapp é um exemplo mais recente, onde o bandido envia mensagens para os contatos da pessoa, fazendo-se passar por ela, pedindo um favor de depositar certa quantia para suprir uma emergência. A forma de evitar esse golpe e habilitar no aplicativo a opção de “verificação em duas etapas”
As “velhas saidinhas”
Além dos ataques virtuais ou através de ligações telefônicas, ainda são frequentes os casos de “saidinhas de banco”, onde as pessoas, sobretudo as mais idosas, são abordadas nas proximidades de agências bancárias com promessas de algum tipo de benefício e, no final, acabam amargando um grande prejuízo. Recompensa por produtos encontrados e supostos bilhetes premiados da loteria são alguns dos tipos de abordagem mais conhecidos das autoridades policiais.