Luiz Bandeira
Policiais Civis da 110ª DP, com apoio do Ministério Público e de agentes de outras unidades da corporação, prenderam nesta terça-feira, 15, um homem e uma mulher acusados de realizar procedimentos estéticos clandestinos que provocaram a morte da veterinária Cintia Ponte da Silva, 38 anos, moradora da Barra do Imbuí. Contra eles foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão. Segundo o Dr. Márcio Dubugras, Delegado Titular da 110ª DP, no dia 25 de janeiro deste ano a vítima foi submetida a um procedimento conhecido como bioplastia. Após a aplicação, Cintia começou a passar mal e foi levada para um hospital, onde foi internada em estado gravíssimo e morreu dias depois por embolia pulmonar. “É um caso muito grave e também muito triste a história dessa moça bonita, morrer dessa forma. Na casa de uma amiga que tem um salão de beleza na casa, se submeteu a um procedimento chamado de bioplastia em que se injetam substâncias no corpo das pessoas, uma substância plástica chamada de PMMA (polimetilmetracrilato)”, contou a Autoridade Policial, que descreveu ainda os momentos de terror vividos por Cíntia antes do atendimento de urgência. “Naquela residência, naquele salão de beleza, ela ficou várias horas passando mal. Os autores Deiverson Queiroz Baracho, que aplicou a substância, e Tatiana de Oliveira, que é dona do salão de beleza, limparam o local, ou seja, atrapalharam a investigação, se desfizeram de todo e qualquer vestígio do procedimento. Após limpar o local chamaram o SAMU. A vítima inconsciente e o quê que a dona Tatiana de Oliveira fez? Mentiu para o socorro médico, falou que ela tinha tomado várias substâncias para se matar, para cometer um suicídio. Isso atrapalhou o atendimento médico da vítima”, pontuou.
Ainda de acordo com o Dr. Márcio Dubugras, só depois de perceber que todos os procedimentos voltados para atendimento por envenenamento não surtiram efeito, a equipe médica investigou mais profundamente, descobrindo com isso a causa de seu estado grave. “Quando eles perceberam que os medicamentos que eles estavam usando não estavam surtindo efeito, eles começaram a analisar outra causa para o motivo dela estar internada e verificaram que tinham várias perfurações nos glúteos da vítima. Ela foi intubada e morreu de embolia pulmonar. No organismo dela foram observadas várias substâncias desconhecidas. Cíntia morreu dois dias depois”, relatou.
Trabalho de investigação
Após o fato, a equipe da 110ª Delegacia de Polícia passou a investigar a causa da morte, levantou informações e descobriu um dos responsáveis pelo procedimento não é médico e não possui habilitação. Ainda segundo a polícia, o autor tem o costume de divulgar seus procedimentos em redes sociais para atrair clientes. Os dois foram presos, prestaram depoimentos, onde um acusou o outro pelo crime, e agora vão responder por homicídio doloso qualificado por motivo torpe, com previsão de pena de reclusão que pode chegar a 30 anos. “Já foram apuradas outras pessoas que foram vítimas também do Deiverson Queiroz Baracho. Nós temos uma mulher que está internada há quatro meses no Hospital Pedro Ernesto em que ela se submeteu a um procedimento há 12 anos, realizada pelo mesmo autor, a situação dela é muito triste e com a divulgação da operação de hoje, já temos notícia de uma outra mulher que morreu também em razão da ação dele”, denunciou o delegado Márcio Dubugras.
A polícia fez o levantamento da vida pregressa de Deiverson Queiroz Baracho, descobrindo que ele já teve inquérito instaurado por lesão corporal grave por aplicar em uma jovem substância anabolizante e há ainda acusação por estupro de uma ex-namorada. Tatiana não tem anotação criminal. “Eu acho que as pessoas precisam denunciar, nós temos um perfil no Instagram, ‘vitimasdabioplastia’, onde pessoas que estão ali são vítimas. Denunciem, procurem a polícia, com certeza a gente vai dar uma resposta, porque não pode se permitir que pessoas como estas fiquem impunes”, atentou o Dr. Dubugras. Deiverson foi preso em São João de Meriti, sendo Tatiana encontrada em residência no bairro da Tijuca.
Veterinária Cíntia Pontes perdeu a vida após receber aplicação de substância plástica