Luiz Bandeira
Uma tarde que deveria ser de reencontro e alegria se transformou em desespero para a família de Érica Ferreira de Melo, moradora da Fazenda Alpina, no Segundo Distrito de Teresópolis. No último sábado (15), o carro em que estavam três de seus filhos — um menino de 3 anos, uma jovem de 11 e outra de 18 anos — além do genro, marido da filha mais velha, pegou fogo repentinamente e, em seguida, explodiu. O acidente deixou todos feridos, alguns em estado mais grave, e mergulhou a família em uma busca angustiante por tratamento especializado para as menores.
Segundo Érica, a filha de 18 anos havia passado em sua casa no fim da tarde para buscar os irmãos com a intenção de passar algumas horas com eles. “Ela estava com saudade. Por volta de umas quatro horas eles pegaram as crianças e saíram pra fazer compras”, lembra a mãe. Na volta, já na localidade de Santana, onde o casal mora, um problema mecânico obrigou o motorista a parar o veículo. Ao descer para verificar o defeito, o inesperado aconteceu: o carro começou a pegar fogo — “Foi muito rápido. Não saiu fumaça nem nada, já pegou fogo, e foi muito fogo”, relata Érica.

Com as chamas tomando conta do veículo, os três passageiros ficaram presos. O motorista tentou abrir a porta, mas não conseguiu. Foi então que tomou uma decisão desesperada: entrou no meio do fogo para salvar a esposa, o cunhado pequeno e a cunhada. “Ele tirou meu bebezinho, tirou a esposa dele, minha filha, e tirou a outra, que saiu por último. Assim que puxou ela, o carro ainda explodiu”, conta, emocionada.
O menino de 3 anos foi o menos afetado pelas queimaduras e já recebeu alta. O casal e a menina de 11 anos seguem internados no Hospital das Clínicas de Teresópolis Constantino Ottaviano. Mas duas das vítimas — a jovem de 18 anos e a adolescente de 11 — sofreram queimaduras mais extensas e precisam ser transferidas com urgência para uma unidade especializada em tratamento de queimados.
A família tenta, sem sucesso, conseguir vagas no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), no Hospital Estadual de Traumatologia e Ortopedia Vereador Melchiades Calazans, em Nilópolis, ou em qualquer outro hospital de referência no estado. “Meu bebezinho já está em casa e tá bem. Meu genro também está internado, mas as duas estão piores. Preciso urgente de duas vagas em hospital do Rio. Aqui eles são maravilhosos, tratam muito bem, mas infelizmente elas precisam de outro tratamento. Elas gritam de dor”, desabafa Érica.
Segundo ela, as filhas sofreram queimaduras semelhantes: nas pernas, mãos, rosto e couro cabeludo. As consequências têm sido devastadoras. “O sofrimento delas é grande. Acho que em um hospital que trata de queimados elas vão receber um tratamento melhor.”
Sem alternativas e enfrentando a lentidão para conseguir transferência, Érica apela agora ao poder público e à solidariedade da população. “Estamos fazendo de tudo, mas até agora nada. Ninguém consegue vaga e tá difícil. Por isso estou recorrendo ao Diário para pedir ajuda.”
Enquanto a família luta para garantir atendimento adequado, um sentimento de urgência — e de esperança — se mistura ao drama que agora mobiliza toda a comunidade. Cada hora sem transferência aumenta a aflição de uma mãe que, entre dores e burocracias, só deseja ver suas filhas bem.







