Marcello Medeiros
Com a confirmação da morte de um morador de Canoas por febre amarela, após liberação de laudo da Fiocruz no final da tarde da última quinta-feira, os teresopolitanos lotaram os postos de saúde do município para serem imunizados. Somente no último sábado, quando 19 PSFs e unidades básicas de saúde do interior e da zona urbana abriram especialmente para o serviço, foram aplicadas 9.100 vacinas. Quem não conseguiu atendimento durante o expediente especial pode comparecer aos postos de saúde em qualquer dia da semana entre 8h e 17h. “Segue a vacinação e todos os postos têm a vacina, que continua até sexta-feira também com unidade volante atendendo alguns bairros, como aconteceu nesta segunda-feira em Canoas e Prata dos Aredes. Além disso, o governo do estado está enviando mais 10 mil doses para o município”, explica o subsecretário de Vigilância em Saúde, Antonio Henrique Vasconcellos.
Em entrevista ao jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV nesta segunda-feira, ele desmentiu ainda a informação que outros três casos teriam sido confirmados no município. Correntes divulgadas irresponsavelmente através de redes sociais dão conta inclusive de novas mortes em Teresópolis, citando os bairros de Água Quente e Ermitage.
Devem se vacinar todas as pessoas com idade entre nove meses e 60 anos. Para a turma da terceira idade, é necessária uma autorização médica para conseguir o imunizante. A vacina contra febre amarela é contraindicada também para gestantes e mulheres que estão amamentando. “No caso das gestantes, temos inclusive repelente para disponibilizar gratuitamente. Porém, é feita uma análise com um profissional médico ou farmacêutico para saber se a pessoa pode utilizar tal produto, que pode gerar alguma alergia inclusive”, explica Antônio. De acordo com a Coordenação de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde, até o momento, contando a campanha do ano passado, o município já vacinou cerca de 130 mil pessoas contra febre amarela.
Macaco também é vítima
Importante destacar que os macacos não transmitem a febre amarela. Assim como os seres humanos, eles são vítimas da doença. Quem transmite o vírus são fêmeas de mosquitos Hemagogus e Sabethes que vivem em áreas de floresta. Esses mosquitos precisam se alimentar de sangue para sobreviver e colocar seus ovos. Como costumam viver nas copas das árvores, onde também vivem os macacos, acabam se alimentando do sangue desses animais. Uma fêmea de mosquito infectada com o vírus, ao picar um macaco, acaba transmitindo o vírus ao animal, que adoece. E as fêmeas de mosquitos não infectadas quando picam um macaco doente, adquirem o vírus e passam a transmiti-lo para outros macacos.
“O macaco é tão vítima quanto nós e acaba sendo a forma que nós temos de detectar essa doença antes que ela chegue ao ser humano. Analisando a situação dos macacos, conseguimos fazer uma prevenção eficaz, ou seja, temos que preservar o macaco lá na região dele. Caso a pessoa veja algum animal morto ou com parecendo estar doente, deve entrar em contato direto com a Secretaria de Saúde, pois uma equipe da Vigilância Epidemiológica vai ao local recolher o primata e mandar para análise”, pontua subsecretário de Vigilância em Saúde.
Os macacos, em sua maioria, adoecem quando estão infectados com o vírus da febre amarela. Apresentam comportamento lento, costumam descer das árvores, ficam perambulando pelo chão, com dificuldade para beber, se alimentar ou subir nas árvores e em poucos dias morrem. Em meados de dezembro, oito animais foram encontrados mortos na região de Vieira, no Terceiro Distrito, mas ainda não confirmada sua relação com a febre amarela.
Dose padrão para quem vai viajar
Quem for viajar a países que exijam o certificado internacional de vacinação contra a febre amarela, emitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), deve tomar a vacina padrão, mesmo que tenha tomado a dose fracionada. "A adoção do fracionamento das vacinas é uma medida preventiva que será implementada em áreas selecionadas, durante período determinado de 15 dias, informou o Ministério da Saúde.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os viajantes internacionais fazem parte do grupo de pessoas não indicadas a receber a vacina fracionada – gestantes, crianças de nove meses a menores de dois anos e indivíduos com condições clínicas especiais (portadores de HIV/Aids, pacientes ao final do tratamento de quimioterapia e aqueles com doenças hematológicas, entre outras).
A campanha de vacinação contra febre amarela com doses fracionadas foi lançada na última semana pelo Ministério da Saúde e tem por objetivo aumentar a cobertura vacinal do país. A vacinação fracionada será adotada nos estados do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia. Os moradores dessas cidades, caso recebam a dose fracionada, mas decidam viajar a um país que exija o certificado internacional de vacina contra a febre amarela, precisam tomar a dose padrão, segundo a agência.
A Anvisa alerta que não será emitido, “em hipótese alguma”, o certificado internacional a quem apresentar o comprovante de vacinação fracionada. É preciso tomar a dose padrão, em qualquer unidade de saúde. No entanto, é necessário apresentar um comprovante da viagem, por exemplo, o bilhete da passagem. “A estratégia de fracionamento da vacina é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) quando há aumento de epizootias [conceito utilizado em veterinária e ecologia das populações para qualificar uma enfermidade contagiosa que ataca um número inusitado de animais ao mesmo tempo e na mesma região] e casos de febre amarela silvestre de forma intensa, com risco de expansão da doença em cidades com elevado índice populacional e que não tinham recomendação para vacinação anteriormente”, diz o Ministério da Saúde.
Ao todo, 9.100 pessoas foram imunizadas durante a ação especial de vacinação contra a febre amarela neste sábado
No último sábado, equipes de 19 PSFs e unidades básicas de saúde do interior e da zona urbana trabalharam em expediente especial para a vacinação