Luiz Bandeira
Na tradição da Igreja Católica, no dia 1º de novembro é comemorado o Dia de Todos os Santos, quando se reza por aqueles que morreram em estado de graça, com os pecados perdoados. Já o dia seguinte foi considerado o mais apropriado para fazer orações por todos os demais falecidos, “que precisam de ajuda para serem aceitos no céu”. É por isso que no dia 2 de novembro se celebra o Dia de Finados. Nesta terça-feira, a reportagem do jornal O Diário e Diário TV visitou o principal Cemitério Municipal Carlinda Berlin, o Caingá, para registrar a movimentação e homenagens àqueles que já partiram, constando que houve uma redução na visitação em relação aos anos anteriores – não havendo informação se em consequência da pandemia da Covid-19 ou por mudanças culturais em relação a essa data. O trânsito no cemitério Carlinda Berlim foi organizado pela Guarda Civil Municipal, que optou por permitir apenas a entrada pela Estrada Wenceslau José de Medeiros, no Vale Paraíso, sinalizando com cones e agentes de trânsito, passando pela Avenida Caingá, e saída pela Travessa General José Ribeiro, acessando a Avenida Delfim Moreira também no Vale Paraíso.
Várias barraquinhas com venda de flores, velas, fósforo e até frutas foram instaladas na entrada do cemitério e ao longo do encontro da Avenida Delfim Moreira com a Estrada Venceslau José de Medeiros, no Vale do Paraíso. Um dos responsáveis pelo comércio ambulante conversou com nossa reportagem sobre o movimento nesse Dia de Finados. Leonardo disse que suas flores são de produção própria, cultivadas em Ponte Nova, no Segundo Distrito do município e que houve redução na procura em relação ao ano passado. “Nós produzimos e vendemos na CADEC (Mercado Municipal da Cidade do Rio de Janeiro) e essas nós trouxemos para vender aqui no cemitério em sua barraca, um botão de rosa por R$ 2 e um amarrado com seis flores, rosas ou cravos, por R$ 5”, explicou. O comerciante afirmou que, apesar de bom movimento de carros, a venda ficou abaixo do que ele esperava. “Dia de Finados já foi mais movimentado, tem quatro anos que eu venho vender flores aqui, esse ano foi o mais fraco em venda, por incrível que parece ano passado foi melhor do que esse ano”, lamentou Leonardo.
Radialista visitou jazigo da família
Em nossa visita ao Carlinda Berlim encontramos muitas pessoas com vários motivos para homenagens e muita saudade, entre elas o radialista Pedro Felipe, que nos relatou que sentiu a vontade de prestigiar o Dia de Finados homenageando seus pais. “A gente saiu, foi fazer um trabalho fora e na volta veio àquela lembrança, eu quero ir lá visitar meus pais. Não é um momento de tristeza, de maneira alguma, tristeza não lembrança, lembrança boa e esse sentimento é muito gostoso, não precisa ser só hoje qualquer dia, vem visitar”, convida Pedro.
Pai e filha visitam túmulo de patriarcas
É necessário ter sensibilidade para entender e respeitar o momento de reclusão, orações, reflexão e homenagem dos visitantes, mas para contar boas histórias, buscar o relato dessas pessoas é fundamental. Nos aproximamos de um casal que conversava debruçado sobre um jazigo, enfeitado com coloridos vasos de flores, e descobrimos se tratar de pai e filha que trocavam recordações dos patriarcas da família Parisi. “É, meu pai e minha mãe se foram, minha mãe há dez anos, meu pai há cinco, deixaram um legado muito bonito de família, uma coisa que o coração da gente às vezes fica machucado, principalmente nessa data que reflete uma emoção maior pra gente”, declara, emocionado, Alfredo Parisi. “Meus avós foram os meus segundos pais, em grande parte da minha vida eu fui criada pelos meus avós. Toda vez que a gente vem aqui, a gente conversa, lembra dos momentos felizes e o que eles passaram pra gente de valores, eles ainda são muito presentes na nossa vida, a gente costuma toda época que reúne a família, comenta sobre eles. Finados é uma data muito difícil que remete muitas lembranças, mas a gente tenta sempre vir aqui, trazer essas flores como um agrado, a gente faz uma oração e pede que Deus continue intercedendo por eles e pela nossa família”, pontua Nicolle Parisi.
Outros campos-santos
Teresópolis tem nove cemitérios. Além do principal, o Caingá, na região central do município, são outros oito no interior, sendo três no Segundo e cinco no Terceiro Distrito. Mesmo assim, o crescimento populacional sem se quer apresentar um projeto de expansão dos cemitérios começa a provocar escassez de novas sepulturas. Isso vem provocando pressão sobre a administração municipal a cargo da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos para que a pasta possa resolver a carência por novas vagas nos campos-santos de Teresópolis.