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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Frio das madrugadas gera mobilização pelas redes sociais

Estudante teresopolitana quer que gestão Claussen abrigue os moradores de rua no Pedrão para minimizar os efeitos das baixas temperaturas em nossa cidade

Anderson Duarte

A pequena teresopolitana Malu Quental, de apenas dez anos, gerou um verdadeiro alvoroço pelas redes sociais com um simples questionamento ao Poder Público: por que o governo não abre as portas do ginásio do Pedrão para abrigar a população em situação de rua em nossa cidade? O que ela quer, na verdade, é minimizar o sofrimento de muitos cidadãos que estão expostos a este tipo de situação diariamente e promover uma mobilização que possa mudar essa realidade tão triste. Infelizmente esse é um fenômeno que cresceu muito na cidade, fruto da desigualdade social e dos males provenientes do vício em drogas e da desestruturação familiar, sendo a ressocialização e a reintegração familiar objetivos a serem perseguidos para reverter esse processo de degradação social. O vídeo da pequena Malu está sendo compartilhado e curtido a cada minuto que passa, mostrando que a causa não é apenas fruto de uma imaginação fértil comum na juventude, mas uma possibilidade real de uma resposta a um mal social grave.
O exemplo para Malu veio de uma das capitais mais frias do Brasil, Porto Alegre, aonde em meio a uma sensação térmica chegando à casa de zero grau centígrado, o ginásio do Gigantinho, do Sport Club Internacional, abriu os portões para que cidadãos em situação de rua pudessem ter uma noite de sono com colchão, cobertor e agasalhos. E por lá, até os torcedores do rival Grêmio ajudaram nas doações e como voluntários. “Eu vi essa reportagem sobre Porto Alegre e pensei logo no nosso ginásio do Pedrão, poxa, ele fica lá, com cadeado no portão, vazio, sem nenhuma atividade enquanto poderia servir de abrigo para quem tem que enfrentar o frio da madrugada em nossa cidade. E quem teve que sair de casa de noite nesses últimos dias viu como nossa cidade é fria e pode ser muito perigoso ficar exposto a essas temperaturas, eu até já li sobre mortes em situações como essa. Por isso tive a ideia de fazer esse abaixo-assinado e buscar o apoio das pessoas. Agora só falta convencer o prefeito de que a ideia é boa e pode ajudar muita gente, espero que ele me escute com cuidado”, explica Maria Luísa Quental.
Em entrevista concedida ao Jornal Diário na TV desta terça-feira, 09, Malu e sua mãe, Monica Quental, explicaram que entendem todas as dificuldades envolvidas no ato de abrir as portas do ginásio para essa população de rua, mas que a sensibilidade e a necessidade de se promover algo para melhorar a vida destas pessoas possam motivar o prefeito. “Eu tenho consciência da dificuldade da ação que a Malu está propondo, mas nós também vemos que em outros lugares tem sido perfeitamente possível. No mais, a adesão de empresários, amigos e até completos desconhecidos a campanha iniciada por ela mostra que não é uma causa qualquer e que mexe com as pessoas. Na próxima semana o prefeito se comprometeu a nos receber e ouvir aquilo que a Malu tem a dizer, aliás, ela e as centenas de assinaturas que já colheu na sua prancheta”, enaltece Monica.


Logo após a entrevista ao vivo com Malu, nossa redação entrou em contato com o Secretário de Desenvolvimento Social do município, Marcos Jaron, que prontamente aceitou nosso convite para participar também ao vivo no programa
Logo após a entrevista ao vivo com Malu, nossa redação entrou em contato com o Secretário de Desenvolvimento Social do município, Marcos Jaron, que prontamente aceitou nosso convite para participar também ao vivo no programa. Jaron, além de esclarecer certo desentendido com relação a possível abertura do ginásio para esse público, explicou o que a cidade tem feito para tratar da questão na atual gestão e enalteceu o caráter inclusivo e de reinserção iniciados na sua pasta. “Olha, não temos dúvida de que esse é um tremendo mal em nosso município, aliás, uma de nossas primeiras ações na pasta foi coordenar um amplo estudo e mapeamento sobre o perfil deste morador em situação de rua em nossa cidade. Posso garantir que temos de tudo pelas nossas ruas e praças e para cada uma destas situações temos um protocolo de atendimento e uma resposta a ser dada ao problema. São usuários de drogas, pessoas com traumas familiares, famílias que optaram pela situação de rua e até criminosos infiltrados neste público, mas todos que dependem de uma atuação direta do município”, explicou Marcos.
Hoje, segundo Jaron, através do convênio com a entidade Sopão, que oferece acolhimento a parte deste público, é possível realizar o abrigo e imediatamente a apresentação destas pessoas ao CREAS “Centro de Referência Especializado de Assistência Social”, onde a equipe mantém ações contínuas. “Como não existe abrigo público no município, essas pessoas são encaminhadas ao abrigo da Associação Beneficente Sopão, após triagem feita pelo CREAS. Através do Grupo Reintegra, é feito trabalho de ressocialização para recuperação dos vínculos familiares. Também são realizados encaminhamentos para tratamento de saúde e para o SINE, para retirada de segunda via de documentação e auxílio para inserção no mercado de trabalho”, explica Jaron, que também enaltece o fato de o trabalho ser desenvolvido com vistas ao atendimento global do cidadão, não apenas a alimentação ou o agasalho. Ainda de acordo com o secretário, outros postos de atendimentos sãos os Centros de Referência de Assistência Social, ou CRAS, que funcionam nos bairro do Alto, Barroso, Fischer, Meudon e São Pedro.
Segundo Jaron, durante a noite, as equipes da secretaria percorrem os bairros do Alto, Vale do Paraíso, Várzea, Agriões e Barra do Imbuí. Durante o dia, mais abordagens são feitas, mas em muitos casos, as pessoas não aceitam o acolhimento, que como vimos conta com atendimento especializado da equipe técnica do CREAS, composta por assistente social, psicólogo e advogado. “Eles não são obrigados a vir conosco, porque é um direito da pessoa ficar na rua, por isso fazemos o trabalho de convencimento para alcançarmos o objetivo de ajudá-los. A maioria já nos conhece e aceita, sem resistência, o acolhimento. Alguns deles, inclusive, pedem tratamento de saúde e são encaminhados aos serviços especializados da rede pública. Mas, geralmente eles são muito desconfiados, o que faz do nosso trabalho ser de longo prazo. Aliás, toda recuperação é lenta, mas quando a pessoa quer de verdade, ela consegue. Outro fator que dificulta bastante o recolhimento deles é a generosidade das pessoas. O brasileiro é um povo solidário, então eles ganham tudo, roupas, alimentos, água, por isso muitos não querem ir para o Sopão”, explica Jaron.


Segundo o Inmet, os últimos dias foram os mais frios de todo o ano de 2019, e as baixas temperaturas são um perigo para quem não pode dispor de abrigo ao longo da noite

 

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Edição 23/11/2024
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