Marcello Medeiros
No último mês Teresópolis registrou impressionantes acidentes de trânsito, o mais grave eles no bairro do Alto e vitimando fatalmente três pessoas. Semanas depois, a imagem de um veículo invadindo a calçada e atropelando dois jovens em frente ao Multi Market também tomou conta das redes sociais, assim como o fato envolvendo um Fiat Uno na terça-feira passada. Descontrolado, o veículo foi parar dentro de uma loja na esquina da Delfim Moreira com Rua Duque de Caxias. Os casos não têm relação entre si, mas em comum é que servem de alerta para o cada vez maior número de ocorrências do tipo atendidas pelo Corpo de Bombeiros no município, situações que vão além do questionamento sobre a habilidade dos condutores ou fiscalização no trânsito. Elas refletem números que, apesar de impressionantes, têm ficado apenas nos setores de estatísticas de órgãos como o Detran.RJ: A cada vez maior frota municipal, veículos de todo o tipo que circulam nas mesmas ruas projetadas décadas atrás. Segundo o Departamento Estadual de Trânsito, até julho passado o número de emplacamentos no município era de 102.525 veículos, 41.489 a mais do que uma década atrás. Até o sétimo mês do ano de 2009, eram 61.036. Voltando ao início dos anos 2000, 2001 para ser mais preciso, primeiro ano que tal levantamento foi realizado, eram apenas 38.198 veículos circulando com placas de Teresópolis.
Os dados mostram que na última década o volume foi muito maior do que na anterior, uma média de 4,1 mil novos emplacamentos a cada ano entre 2009 e 2019, contra 2,8 mil por ano entre 2001 e 2009. Fazendo uma projeção com a realidade atual, com maior facilidade para aquisição de veículos de todo o tipo, a expectativa é que em 2029 o número de emplacamentos em Teresópolis ultrapasse os 150 mil. Ainda de acordo com o Detran, a grande maioria dos registros é para carros de passeio, estando atualmente identificados com a placa do município 63.928. Em seguida vem as motocicletas, com 19.858 unidades; as motonetas, com 2.830; os caminhões, com 2.714 e os ônibus, com 301 placas locais. Veja no boxe a comparação por décadas e tipos.
Devem ser somados a essa já impressionante estatística os veículos que circulam por aqui com placas de outros municípios e, principalmente nos finais de semana, os de turistas. Como resultado da falta de planejamento na organização do trânsito e investimento em outros tipos de transporte, como os coletivos e bicicletas, por exemplo, problema que não é de hoje, como é fácil perceber, cresce o número de acidentes e infrações de trânsito. Em locais como a região central, é comum encontrar carros em fila dupla, dentro de esquinas, calçadas ou outros locais onde deveriam circular pedestres ou o fluxo livre de trânsito.
Multas na região
Números do Detran, somando as autuações feitas pela Guarda Municipal, Polícia Rodoviária Federal, radares instalados nas rodovias que cortam Teresópolis e ações do próprio órgão, mostram que somente nos cinco primeiros meses do ano foram emitidas 14.906 multas no município. A infração com maior número de ocorrências, 2.721, é transitar em velocidade superior a máxima permitida em até 20%. Desde o fim do ano passado estão em funcionamento sistemas de monitoramento eletrônico em cinco pontos da BR-116, a Rio-Teresópolis x Além Paraíba, e outros seis na RJ-130, a rodovia que liga nosso município a Nova Friburgo.
Os casos de estacionamento proibido estão em segundo e terceiros locais entre as infrações mais comuns. Na quarta colocação está dirigir veículo sem possuir a Carteira Nacional de Habilitação, com 807 ocorrências nos cinco primeiros meses de 2019. Em seguida estão a falta de licenciamento de veículo, situação flagrada principalmente em ações do Detran, com 787 casos; estacionar no ponto de embarque e desembarque de passageiros, com 647 multas; dirigir veículo segurando telefone celular, com 564 anotações, número que aumentou consideravelmente após a popularização desse tipo de aparelho e o cada vez maior número de funções que ele oferece.
Carros rebocados
Dentro da operação “Bairro Limpo”, trabalho que tem como objetivo retirar de vias públicas veículos abandonados pelos seus proprietários e que atrapalham a circulação de pedestres ou mesmo o trânsito, além de servirem como depósito de lixo e até pontos para a realização de atos ilícitos, agentes da Guarda Municipal têm percorrido várias comunidades. Em caso de identificação de abandonado, são colocados adesivos de notificação indicando o prazo de 10 dias para que o proprietário evite que seu bem seja rebocado para o Depósito Público Municipal, em Três Córregos. Além das evidentes características de depredação e falta de uso de alguns deles, com pneus vazios, muita sujeira e mato no entorno, os agentes da Guarda Municipal atenderam a solicitação de alguns moradores incomodados com o desleixo dos proprietários. A corporação pode ser deslocada para solicitações feitas através pelo WhatsApp (21) 97614-3304.
O DIÁRIO já publicou diversas reclamações sobre veículos deixados em calçadas, obstruindo parcial ou totalmente a passagem de pedestres, ou mesmo em vias públicas onde o trânsito naturalmente já é complicado, como em bairros mais populosos. Em agosto de 2017, por exemplo, mostramos que um dos muitos serviços que fica prejudicado é o de transporte coletivo. Na ocasião, conversamos representante das Viações Dedo de Deus e 1º de Março, que pontuou as localidades com maior número de registros desse problema e lembrou que, por várias vezes, comunidades ficaram várias horas sem ônibus porque um ou mais motoristas resolveram estacionar ou simplesmente abandonar seus carros em trechos de curvas ou locais que impediam totalmente a passagem dos grandes carros da empresa. “Isso hoje para a gente é um problema muito sério, pois fazemos toda uma programação para atender os bairros de forma bem ampla e satisfatória e muitas das vezes não conseguimos nem entrar no bairro. Em alguns lugares o problema é recorrente, como na Muqui, Pimentel, Morro dos Pinheiros, onde constantemente há carros mal estacionados, em plena rua. A população, através das associações de moradores, precisa se empenhar um pouco mais. A grande maioria depende do ônibus e nessas situações o transporte individual acaba atrapalhando bastante o transporte coletivo”, destaca Jorge Martins, Gerente Operacional VDDL/1º de Março.