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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Grupo de “trilheiros” será autuado por instalar urna gigante em mirante

Equipamento totalmente fora do padrão não havia sido permitido pelo Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Marcello Medeiros

Um grupo de “trilheiros” de Curitiba, no Paraná, será autuado pelo Núcleo de Gestão Integrada Teresópolis do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade por instalar, sem nenhum tipo de autorização, um equipamento totalmente fora do padrão no “Mirante do Inferno”, um aglomerado rochoso que permite uma vista espetacular para uma das montanhas mais icônicas da Serra dos Órgãos, a Agulha do Diabo. A informação sobre a autuação é da Assessoria de Comunicação do ICMBio, que nesta terça-feira, 18, se pronunciou sobre a instalação irregular e desproporcional de uma “urna de cume” no citado local, impactando na vista de um dos atrativos mais procurados da parte alta da unidade de conservação atualmente. De acordo com o documento encaminhado para a redação do jornal O Diário e Diário TV, o grupo responsável já foi identificado. “O compartimento foi colocado sem autorização e deve ser retirado do atrativo até esta quarta-feira, 19/10”, informa ainda o posicionamento do instituto responsável pela administração das unidades de conservação federais do país. Porém, apesar dessa informação, o equipamento foi retirado ontem mesmo, pelo pessoal do Parnaso em Teresópolis.
Semelhante a uma caixa para descarga sanitária, a desproporcional urna foi fixada em um dos pontos onde geralmente os turistas param para admirar e fotografar a impactante Agulha do Diabo, icônica montanha cuja escalada é considerada uma das mais bonitas do mundo. De acordo com o que foi descrito no livro colocado pelos responsáveis pelo serviço irregular, a instalação ocorreu no último sábado, dia 15. Posteriormente, outros visitantes, principalmente os montanhistas, começaram a publicar nas redes sociais questionamentos ao considerado desserviço ao esporte.

Semelhante a uma caixa para descarga sanitária, a desproporcional urna foi fixada em um dos pontos onde geralmente os turistas param para admirar e fotografar a impactante Agulha do Diabo


As urnas onde ficam livros para que os visitantes deixem o registro com seus nomes e montanhas são tradicionais. Porém, comumente são pequenas e ficam escondidas em algum ponto do cume, geralmente cobertas por pedras para aumentar a proteção da chuva e, tão importante quanto, diminuir o impacto visual de um elemento que nada tem a ver com esse ambiente natural. Além disso, também é comum que tal equipamento seja instalado e mantido por clubes ou federações locais, que posteriormente fazem o arquivamento desses livros e a colocação de novos cadernos. A questionável caixa de metal instalada no Mirante do Inferno no fim de semana é bem maior do que os padrões conhecidos, foi pintada de branco e colocada em pé, na direção da vista da Agulha.

Comunidade protesta
Rapidamente viralizaram nas redes sociais publicações questionando a atitude dos paranaenses e pedindo algum tipo de atitude do Parque Nacional da Serra dos Órgãos para que o ato não volte a se repetir em outras montanhas da região. Um dos montanhistas locais que explicitou sua indignação com o que a comunidade tratou como desrespeito ao meio ambiente e as regras de convívio entre os esportistas foi o Guia Maicon Rocha, um dos mais atuantes e requisitados quando se fala em trilhas na Serra dos Órgãos atualmente.
“Essa situação causou uma revolta gigante. Quando vi a foto, a vista da Agulha obstruída fiquei chocado. Essa é uma das montanhas que tenho mais afinidade e fiquei muito frustrado a ver a vista daquele jeito. Temos que conscientizar as pessoas que isso é completamente errado”, frisou Maicon, que citou ainda a escalada de problemas nesse esporte. “Principalmente depois da pandemia temos visto uma multidão de gente nas montanhas e com isso cresceram também as coisas ruins. As pessoas estão indo fazer trilhas, visitar montanhas, se intitulando trilheiros, muitos se intitulando guia, mesmo tendo começado a praticar esse esporte ontem, sem nenhuma instrução, sem orientar o que não deve se fazer. Então o que a gente vê é que está acontecendo muita coisa assim. É preciso ter conhecimento para instruir as pessoas a fazer as coisas, o que deve ou não deve ser feito na montanha”.

Autores se defendem
Em uma página no Instagram, a mesma indicada no livro de cume e urnas instalados irregularmente no “Mirante do Inferno”, o grupo apontado como autor da ação publicou o que chamou de “Nota de Esclarecimento”. No texto, uma pessoa que não se identifica, visto que a assinatura é do grupo, informa que ao visitar o local pela primeira vez encontrou uma urna amassada e vandalizada e, assim, resolveu instalar outra. “Então, passei e-mail para o parque, só que não tive retorno e me precipitei em colocar uma nova caixa de cume. Voltamos pela segunda vez, colocamos a caixa, não para ganhar seguidores e nem dinheiro, mas para as pessoas registrarem seus momentos”, informa o texto, que segue da seguinte maneira: “Recebi muitas mensagens recriminando minha atitude. Novamente peço desculpas. Bom, entrei em contato com o Parque Estadual Serra dos Órgãos, conversei sobre a situação e será retirada a caixa. Peço desculpas pelos transtornos, mas tudo foi por uma boa intenção. Para quem conhece o grupo, sabe que não foi vandalismo, pois cuidamos da natureza e fazemos limpeza com retirada de lixo e tudo que possa poluir”.

Rapidamente viralizaram nas redes sociais publicações questionando a atitude dos paranaenses e pedindo algum tipo de atitude do Parque Nacional da Serra dos Órgãos para que o ato não volte a se repetir

Possíveis crimes
No posicionamento enviado para a redação do jornal O Diário e Diário TV, o ICMBio não detalha a autuação do grupo de “trilheiros”. Porém, observando a Lei de Crimes Ambientais 9.605/98, alguns artigos chamam a atenção, como, por exemplo, o de número 40, que informa sobre “Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização: Pena – reclusão, de um a cinco anos”, sendo que, se tratando de crime culposo, ou seja, sem a intenção de cometê-lo, tal punição pode ser reduzida a metade.
Outro artigo, o 63, informa o seguinte: “Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida: Pena – reclusão, de um a três anos, e multa”.

Edição 23/11/2024
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