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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Gruta de Lourdes reapareceu no terreno do Hospital

Monumento de fé e destino turismo poderá ser revitalizada

São comuns as imagens da Gruta de Lourdes que havia na Ilha da Saúde, chácara do farmacêutico Coxito Granado que ocupava, antigamente, desde o palacete do Sesc até a região onde está a Praça Olímpica Luis de Camões. Diante da gruta esculpida em cimento, foram flagrados ministros e presidentes de Estado, e do país; escoteiros, alunos das escolas da primeira metade do século passado, casais de namorados e famílias tradicionais da cidade, além de viajantes famosos como o aviador Gago Coutinho, herói da travessia do Atlântico em 1922 ao lado de Sacadura Cabral, e ainda as famílias que se ajuntavam aos Granado nos fins de tarde em visita à elegante propriedade que teve seu áureo tempo entre os primeiros anos de 1900 até meados dos anos 1930, quando entrou em decadência com a morte do empresário, em 1935, sendo vendida pelos herdeiros para o surgimento do Parque Regadas e apropriado o restante da área pela Prefeitura, nos anos 1950.

Uma outra Gruta de Lourdes também muito interessante em Teresópolis surgiu ao mesmo tempo da gruta da Ilha da Saúde, esta inaugurada em 1º de março de 1931, “em meio às mais significativas demonstrações de fé católica”. Ficava no colégio São Paulo, aberto em 8 de janeiro de 1928, no casarão da fazendola chamada Vila Muqui, onde surgiria o bairro do mesmo nome a partir da mudança do educandário para o bairro do Alto, em 1934.

Segundo o jornal O Therezopolis, a inauguração da gruta ocorreu às 8h da manhã com uma comunhão geral na capela do Colégio e logo após teve procissão que percorreu a cidade, com a presença de todas as irmandades e grande número de povo, entoando durante o trajeto hinos sacros. Depois, houve cerimônia da bênção da gruta e das estátuas de Nossa Senhora de Lourdes e Bernadette, ofertas da família Regadas, seguida de concorridíssima missa campal, “com a assistência de notável maioria de famílias teresopolitanas em ambiente todo impregnado de homenagens das mais expressivas, cânticos, preces e orações de fé”.

Como a gruta da Ilha da Saúde, que desapareceu para o surgimento de uma praça e o alongamento da avenida Lúcio Meira, no início do governo Roger Malhardes, entre 1951 e 1954, apesar de frustrada tentativa do Ministério Público de exigir da Prefeitura ação para reaver a propriedade e recuperar o patrimônio público, a gruta da Vila Muqui com a sua fonte de água mineral também se perdeu, mais recentemente, a menos de 50 anos, desde quando o terreno em que ficava foi invadido, não se sabendo que fim levou o inquérito e a investigação para reaver o bem.

Além destas duas “grutas” que desapareceram, e de outras menos conhecidas em diversas propriedades cidade afora, uma outra também chamada de Lourdes, surgiu em 8 de dezembro de 1929, na avenida Alberto Torres, na elegante residência de Inês e Manoel Alves Luzes, na descida do morrote entre o Alto e a Várzea, onde surgiria, no ano de 1962, no terreno em frente, o hospital São José, iniciado em 1948 no território ermo que foi desbravado a partir da criação do bairro Vale das Iúcas. A Gruta de Lourdes da família Luzes foi inaugurada com missa campal, rezada pelo padre Jerônimo Rozen, que voltaria ao local 30 anos depois, em dezembro de 1959, para cultuar o lugar sagrado em nova missa, culminando uma procissão com centenas de fiéis, quando foi conduzida a imagem da santa, com a presença dos congregados marianos, representantes de missões religiosas, as Angélicas do colégio São Paulo, autoridades, e a população em geral, nela a viúva Ignês Luzes, quando foi honrada, também, a memória daquele que, três décadas antes, havia construído a gruta, ao lado de uma fonte de água mineral muito apreciada que brotava abaixo do morro das Iucas.

A única que restou entre as tantas que tivemos em Teresópolis, e ignorada há bastante tempo, reapareceu essa semana essa famosa Gruta de Lourdes, fonte que encantou a tantos e virou até cartão postal, sendo conhecida a sua beleza mundo afora. A curiosa gruta foi redescoberta com a roçada que a secretaria de Limpeza Urbana fez no terreno, mostrado essa semana pela Prefeitura, predestinado para a construção do Hospital Municipal. Estava num canto rente ao muro de divisa, escondida no matagal que virou o elegante jardim da residência abandonada desde o final do século passado, então propriedade da viúva Josepha Mourão, doada ao Asilo São Vicente de Paula, e adquirida há algum tempo pela Prefeitura, que desde 2010 se apropriou dela.

Sítio histórico que remonta a comportamentos religiosos já esquecidos ou pouco praticados e destino turístico que tanto ilustrou os passeios pela cidade desde cerca de noventa anos atrás, embora tenha se perdido a imagem do monumento religioso em louvor à santa a quem recorrem os católicos nos momentos de dor e doença, está em boas condições de conservação o sítio histórico ao acaso revelado, bastando acurada limpeza e a devida guarda para a proteção e proveito do importante patrimônio.

Edição 05/06/2025
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