Luiz Bandeira
Um abrigo voltado a cães resgatados em situação de abandono e maus-tratos, localizado no bairro Campo Grande, voltou a ser alvo de polêmica neste fim de semana. O espaço, administrado pelo protetor Guilherme Motta, enfrenta há meses problemas de superlotação, falta de estrutura, medicamentos e alimentação adequada para os animais. No último domingo (02) de novembro, Guilherme Motta — que já havia sido preso em abril deste ano pelo crime de abandono — foi denunciado novamente por abrir o portão do abrigo, permitindo que dezenas de cães passassem a perambular pelo bairro. O fato gerou nova intervenção do município e ganha ‘novo capítulo’ em ação no Ministério Público que apura a necessidade de uma ação efetiva para dar a destinação correta às centenas de animais.

Em abril, o protetor gravou um vídeo da ação, alegando estar desesperado e sem condições de continuar cuidando dos animais, o que classificou como um ato de protesto. A atitude gerou revolta entre protetores e moradores da cidade e resultou em intervenção das Secretarias de Saúde Pública e Limpeza Urbana do município e da COPBEA (Coordenadoria de Proteção e Bem-Estar Animal). De acordo com Josi Domingos, Coordenadora da COPBEA, no fim de semana a equipe foi acionada imediatamente após a soltura para conter os animais e restabelecer a segurança no local. “Fomos acionados automaticamente e fomos para o abrigo tentar conter os cães. Graças a Deus, 99% dos animais já estão de volta”, relatou Josi. “Mas, infelizmente, mais uma vez ele colocou em risco tanto os animais quanto a população.”

Segundo a coordenadora, o cenário encontrado dentro do abrigo era degradante. “O que vimos foi uma situação de total abandono e insalubridade. Os animais estavam magros, com fome, e o local completamente sem condições de uso. Foi uma cena de doer a alma”, disse.

Apoio garantido em ação no judiciário
A COPBEA, vinculada à Secretaria Municipal de Saúde, é responsável pela fiscalização de maus-tratos, resgates, castração, vacinação e feiras de adoção, mas não abriga animais permanentemente. Nos últimos meses, o órgão vinha acompanhando a situação do abrigo e prestando apoio determinado pelo Ministério Público, como fornecimento de ração, atendimento veterinário e acompanhamento psicológico ao protetor, por meio do Desenvolvimento Social e do CAPS. “O Guilherme não foi injustiçado, ele vinha recebendo as doações da Secretaria de Saúde conforme determinação do MP, de populares, inclusive de pessoas de fora. Seguimos tudo o que foi solicitado pelo Ministério Público. Chegamos a doar ração, dar suporte veterinário e oferecer acompanhamento psicológico ao protetor”, explicou Josi. “Mas, infelizmente, enfrentamos dificuldades para entrar no abrigo, pois em várias ocasiões ele se recusou a permitir o acesso.”


Mais de 300 animais foram encontrados no local, número que chegou a ser ainda maior. Nessa situação, no lugar de ajudar animais em situação de rua, o que se tem é novo problema para os cães. Foto: Reprodução
Nova limpeza do local
Após o novo episódio, o abrigo passou a receber suporte emergencial da Prefeitura, em parceria com o Ministério Público e a Secretaria de Saúde. Segundo a COPBEA, Guilherme Motta não voltará a administrar o espaço, e uma força-tarefa foi montada para garantir o bem-estar dos mais de 300 cães do local. “Neste momento, nossa prioridade é garantir alimentação, cuidados veterinários e segurança para os animais. O protetor não retorna ao abrigo”, confirmou Josi.
Faça sua parte, ajude
A coordenadora também informou que cerca de 100 animais já estão em processo de adoção, e a população pode colaborar oferecendo um novo lar aos cães resgatados. “O abrigo está aberto a quem quiser adotar e mudar uma vida. As pessoas podem procurar a Secretaria de Saúde, o perfil ‘Adote um Amor’ no Instagram ou a própria COPBEA. É uma oportunidade de transformar a realidade desses animais”, destacou.
Em relação à saúde de Guilherme Motta, Josi afirmou que ele continua sendo acompanhado pelos serviços municipais de assistência e saúde mental. “Antes mesmo desse episódio, o Guilherme já estava sendo acompanhado pelo Desenvolvimento Social e pelo CAPS. Foi dado o primeiro passo para que ele receba o suporte necessário”, concluiu.










