Com mais da metade da população mundial vivendo hoje em cidades, o fornecimento de alimentos tornou-se um desafio para garantir um futuro sustentável. O ritmo acelerado de consumo nos aproxima perigosamente dos limites planetários. O Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, apresenta que a agricultura urbana surge, nesse cenário, como estratégia para garantir o acesso de todos a um alimento saudável e de qualidade. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), já existem cerca de 800 milhões de pessoas envolvidas com a atividade em todo o mundo.
Desenvolvida no interior das cidades e em seu entorno, a agricultura urbana ocorre bem próxima aos centros consumidores, o que reduz emissões de poluentes, gastos com transporte e desperdício. Além disso, a prática tem como um dos desdobramentos mais importantes a possibilidade de geração de renda. Em São Paulo, o programa mostra a organização não governamental (ONG) Cidades sem Fome, que atua nas áreas mais vulneráveis da metrópole, também com esse propósito. Segundo o presidente da instituição, Hans Dieter, as hortas comunitárias têm um tripé de objetivos: “Utilizar o espaço urbano que não está sendo usado para nenhum fim específico, transformá-lo em polo de produção de alimentos e gerar oportunidade de trabalho e renda para a população.”
A lógica é produzir “mais com menos”, explica o representante da Organização das Nações para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil, Gustavo Chianca: “Você utiliza recursos locais, pequenos espaços, usando menos água, menos espaço”.
No Rio de Janeiro, a Fiocruz Mata Atlântica aplica o conceito em projetos como o Quintais Produtivos, na zona oeste da cidade. Moradores do bairro de Jacarepaguá foram incentivados a transformar o espaço livre de suas casas em pequenas hortas e hoje comercializam o excedente da produção. Outra frente de ação da instituição é a educação ambiental. No Colégio Estadual Brigadeiro Schort, também no Rio, uma área usada para descarte de materiais ganhou nova vida com a plantação de espécies alimentícias. Desde então, ficou mais fácil ensinar aos alunos o valor da sustentabilidade.