Anderson Duarte
Tanto o sistema público, quanto o privado de saúde enfrentam em nosso país um grande desafio, ou seja, dar conta da grande demanda da população em relação aos atendimentos de urgência e emergência. Com o aumento das populações proporcionalmente mais acelerado que as mudanças estruturais feitas pelas cidades, surge a necessidade de implantação de sistemas capazes de dar conta deste grande aumento nos serviços médico-hospitalares e os problemas relacionados ao atendimento dos pacientes. Para reverter esse quadro, métodos como o Protocolo de Manchester foram criados, visando um atendimento mais otimizado, eficiente e com menos transtornos. Em Teresópolis, o Hospital São José, instituiu o sistema há algum tempo e já colheu bons frutos, inclusive com relação a boa recepção por parte dos pacientes e seus familiares. A enfermeira Juliana Araújo, esteve em nossos estúdios nesta segunda-feira, 26, e contou como a experiência está ajudando a contribuir para um atendimento ainda mais humanizado e responsável.
Juliana nos explica que o Hospital vem contabilizando resultados positivos no atendimento de urgência e emergência desde que foi implantado o Protocolo de Manchester. “A iniciativa, na verdade, é mais simples de se entender do que se pensa, é um processo que classifica os pacientes através de cores, e normalmente tem sido utilizado muito em locais onde se diagnostica um aumento no número de pacientes no Pronto Atendimento. Implantar um protocolo como esse significa dizer que os atendimentos de alta complexidade receberão mais prioridade que aqueles menos complexos e não mais por ordem de chegada, como a maioria das pessoas está acostumada, Isso permite que consigamos melhorar e agilizar o nosso atendimento”, explica a enfermeira que ainda diz que a resistência e a desinformação do início do processo já estão hoje bastante minimizadas, muito por conta destes resultados positivos.
O Protocolo de Manchester usa o vermelho, laranja, amarelo, verde e azul, sendo vermelho representando os casos de maior gravidade, e azul os casos de menor gravidade
Criado na Inglaterra e muito difundido no Brasil pelo estado de Minas Gerais, o Protocolo de Manchester consiste em um sistema de triagem baseado em cinco cores: vermelho, laranja, amarelo, verde e azul, sendo vermelho representando os casos de maior gravidade, e azul os casos de menor gravidade. Esse sistema já é empregado mundialmente, sendo poucos hospitais ou clínicas que não aderiram a esse sistema. “A triagem, que é feita por um profissional de enfermagem, devidamente capacitado para isso e com formação específica, analisa diversas variáveis que implicam a gravidade do paciente, sendo as principais a intensidade das dores, os sinais vitais, sintomas, glicemia, quadro clínico, entre outros indicadores. Cada cor, ou seja, cada estado do paciente requer um tempo protocolar de atendimento”, explica Juliana.
São assim definidos os atendimentos: O ‘Vermelho’ representa emergência imediata, ou seja, existe risco imediato à vida do paciente e ele precisa ser atendido imediatamente, neste caso não há previsão de tempo de demora para o atendimento. No ‘Laranja’, o grau é de muito urgente, onde existe risco à vida do paciente e ele precisa ser atendido o quanto antes, nesta hipótese o protocolo fala em até dez minutos para esse atendimento. O ‘Amarelo’ é urgente, ou seja, não é considerado uma emergência, mas o paciente precisa passar logo por uma avaliação, especificamente em até sessenta minutos. No ‘Verde’, a situação é pouco urgente, ele é considerado um caso menos grave e o paciente pode aguardar atendimento ou ser encaminhado para outro serviço de saúde em até cento e vinte minutos. Por fim, o ‘Azul’, não urgente, é aquele caso mais simples, onde o paciente pode aguardar por atendimento ou ser encaminhado para outro serviço de saúde em até duzentos e quarenta minutos.
“É importante dizer que essa triagem não é um diagnóstico, ou seja, esses níveis são classificados pelos enfermeiros de acordo com os sinais e sintomas que o paciente apresenta. Mas é importante lembrar também que na área de saúde, não priorizar o atendimento pode custar a vida de alguém. É aqui que o protocolo de Manchester entra, ajudando a priorizar os atendimentos depois da triagem”, enaltece Juliana, que acrescenta o fato de que no protocolo existe muito mais transparência no atendimento, ou seja, o paciente conhece qual é a priorização de atendimento e o tempo máximo que ele pode aguardar para ser atendido, o que diminui a expectativa e a ansiedade do paciente. Com isso, a unidade também a garantia de prestar um atendimento homogêneo, livre de possíveis julgamentos pessoais ou de ordem social, padronizando o atendimento.