Luiz Bandeira
Familiares da aposentada Maria da Silva Veríssimo, de 90 anos, entraram em contato com a redação do jornal O Diário e Diário TV fazendo um apelo para que tentar conseguir a transferência da idosa para o Hospital São José, unidade de referência para o tratamento de câncer em Teresópolis, já que dona Maria segue sofrendo uma série de sintomas em decorrência de tumores formados no colo do intestino que foram atestados em exame de colonoscopia e, mesmo assim, continua na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) há quase um mês. Segundo eles, foi feita uma biópsia para verificar se procede a suspeita da família, mas o resultado ainda não foi apresentado, porém, alguns profissionais de saúde, ligados à família e que conhecem o estado crítico da idosa, entendem que o quadro indica câncer. Maria Veríssimo está internada na sala amarela da UPA 24h desde o dia 27 de junho, enquanto familiares recorrem à Justiça para conseguir a transferência.
A neta da idosa, Luanda de Almada, relatou à nossa reportagem que a idosa vem sofrendo com a doença. “Ela estava com sintomas de hemorragia digestiva baixa, a gente deu entrada no dia 22 de maio, ela ficou até o dia 14 de junho, liberaram ela pra casa para fazer exame de colonoscopia e aí ela seguiu muito debilitada quando a gente teve que retornar com ela para a UPA no dia 27 de junho, onde ela se encontra até hoje. Já saiu o resultado do exame, realmente foi detectado tumores no intestino e a situação só está se agravando e a gente não tem retorno de transferência”, relata Luanda.
Entendendo que havia a necessidade de exigir mais dignidade no tratamento da idosa, familiares resolveram pedir que ela fosse transferida o quanto antes. “Nós pedimos uma transferência para fazer um tratamento mais específico, relacionado ao problema que ela está, por que ali na UPA não tem esse tipo de tratamento, ela recebe tratamento de outras coisas, pneumonia, tá tomando antibióticos, mas quanto ao câncer ela não está recebendo nenhum tipo de tratamento. O quadro está evoluído e ela está bem debilitada, está difícil de pegar acesso nela, hoje, 20, eu estive lá na UPA e agora tiveram que pegar acesso profundo, que já é um acesso bem evasivo, que é complicado, a gente tem medo dela pegar alguma infecção, pois ela está bem mais vulnerável. Então a nossa preocupação é essa, só está piorando a situação e a gente não está tendo recurso”, denuncia a neta da dona Maria Veríssimo.
Luanda relata quais alegações os profissionais de saúde dão para não atender o apelo da família por transferência. “Eles ficam alegando que estão aguardando vaga, mas só que a gente que fica como acompanhante vê que sai vaga há todo momento e a gente fica se perguntando, porque que não sai a dela? Ela já está lá esse tempo todo e nem no primeiro momento, nem no segundo momento houve transferência pra tratar o tumor dela”, reclama Luanda, que vem recorrendo à Justiça para conseguir um melhor tratamento para sua avó.
“Estou com um segundo processo na Defensoria Pública, já que no primeiro processo a UPA não atendeu ao pedido de transferência, o que conseguimos com a Defensoria foi uma verba para fazer os exames necessários, porém, segundo o quê me foi informado na UPA, se fossem feitos os exames no particular eu teria que bancar também o transporte dela numa ambulância particular, mas a família não tem condições e a Defensoria tinha liberado a verba só para o exame. Eu achava que por ela estar dentro da UPA internada, que isso já seria o suficiente para eles fazerem também o transporte. Naquele momento eu queria adiantar o exame dela já que pela Secretaria de Saúde demora bem. Não adiantou e eles me informaram que conseguiriam antecipar o exame pelo SUS para o dia 18 de julho, a família resolveu então esperar fazer tudo pelo SUS, pois aí então eles ficariam responsável pelo transporte também. Ela já fez o exame, eu estou com o resultado, mas até agora nada de transferência”, lamenta a neta da idosa, demonstrando certa decepção com a burocracia que retarda o tratamento da querida familiar.
Posicionamento da PMT
Nossa reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde, que, através da Assessoria de Comunicação da Prefeitura, enviou a seguinte nota no final da tarde desta quarta-feira: “A Secretaria Municipal de Saúde informa que a paciente deu entrada na UPA no dia 27 de junho, já inserida no Sistema de Regulação Municipal, aguardando vaga em hospital com suporte adequado às suas necessidades. Durante sua internação, a paciente teve agendamento de colonoscopia pela Secretaria de Saúde, já tendo sido realizado o exame com prioridade, visando melhor atenção integral ao usuário”.
Enquanto isso a família aguarda maior agilidade das autoridades, apreensivos com a condição de saúde da idosa. “Esse tempo todo que ela está ali dentro e a gente não sabe até quando, então a gente não sabe quanto tempo ela vai aguentar ficar assim sem um tratamento específico”, lamenta Luanda.