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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Incêndio causa prejuízo incalculável na Serra dos Órgãos

Queimada afeta duramente fauna e flora. Unidade tem grande número de espécies endêmicas, aquelas que ocorrem somente em um lugar

Esta sexta-feira, 07, foi o quarto dia consecutivo que o Corpo de Bombeiros Militar do estado do Rio de Janeiro, brigadistas do PrevFogo/ICMBio e voluntários atuaram no combate ao incêndio florestal de grandes proporções que atinge a parte alta do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. O fogo teve início na manhã da terça-feira, 04, na trilha da travessia Petrópolis/Teresópolis, na área do Chapadão, próximo da Pedra do Morro do Açu, e, devido às condições climáticas e de acesso, destruiu mais de 300 hectares de vegetação. “O parque é mundialmente conhecido e com características especiais. A grande dificuldade para os bombeiros é a altitude. Os locais que pegaram fogo são localizados em áreas de difícil acesso. São formações rochosas e de vegetação de campos de altitude. E normalmente, quando pega fogo, ele se alastra. É um fogo difícil de ser extinto, porque a gente não consegue empregar viaturas de água, não é possível chegar com elas lá. Nós só conseguimos chegar através de horas de caminhada com equipamento pesado ou com lançamento de tropas por aeronave”, explica o coronel Rafael Simão, acrescentando que o combate exige muita logística no emprego das equipes.
Cerca de 50 profissionais ainda permanecem no parque para as ações de rescaldo que são realizadas manualmente com o uso de abafadores. Segundo o comandante, essa etapa é fundamental, principalmente porque parte da vegetação também tem uma espécie de óleo, que pode favorecer o surgimento de um novo foco.  “É muito importante o trabalho de rescaldo. Você apagou o incêndio, mas se virar as costas pode voltar a pegar fogo de novo. A gente está há bastante dias sem chuva e tem a previsão de 10 a 11 dias ainda sem chuva. A preocupação é não deixar nenhuma fonte de calor. Como venta muito lá, esse vento ainda pode trazer mais oxigênio e fazer aquele ponto que estava adormecido voltar a pegar fogo de novo”, disse.


Segundo o coronel Rafael Simão, a situação se agrava porque as bromélias, tipo de vegetação desse local, queimam também em profundidade, a água atinge, mas não consegue penetrar e, por isso, é necessário fazer mais quantidade de lançamentos de água no mesmo lugar para evitar que voltem a pegar fogo. “É um trabalho complexo, de artesão praticamente. Precisa ficar muito tempo naquele foco para que o fogo seja extinto”, disse.
O fogo já foi extinto em outras áreas do parque e o rescaldo permanece no Açu, Ajax e Morro da Bandeira. Nesta sexta, o trabalho na área de proteção ambiental foi feito por cerca de 60 profissionais, incluindo bombeiros e agentes de outros órgãos. A operação contra com o apoio de 14 viaturas e uma aeronave. Ainda não há informação sobre as causas do incêndio, mas uma das possibilidades investigadas é a da queda de um balão.

Prejuízo ambiental
No período da tarde os focos foram controlados, restando alguns pontos de calor com fogo de turfa. Esse é um tipo de fogo subterrâneo, que queima a matéria orgânica por baixo da terra atingindo diretamente as raízes da vegetação e toda a microfauna. Esta fase do combate merece atenção e muito esforço, visando alcançar a extinção dos pontos de calor o mais rápido possível. É um dos tipos de incêndios mais danosos para biodiversidade, pois extermina toda vegetação atingida, uma vez que carboniza suas raízes inviabilizando a regeneração das mesmas. A área atingida pelo fogo subterrâneo podem levar anos para se recuperar, e em muitos casos não se recupera, dando lugar a um campo aberto e descampado. O solo fica enfraquecido e exposto, pois muitas árvores não resistem e morrem. Sem vegetação, a fauna também é afetada diretamente.
Criado em 30 de novembro de 1939, o PARNASO e é o terceiro parque mais antigo do país. Ele abriga mais de 2.800 espécies de plantas catalogadas pela ciência, 462 espécies de aves, 105 de mamíferos, 103 de anfíbios e 83 de répteis, incluindo 130 animais ameaçados de extinção e muitas espécies endêmicas – aquelas que só existem em um local.
Atualmente fechado por conta da pandemia, o parque costuma ser procurado para a prática de esportes de montanha, como escalada, caminhada e rapel e para visitas às cachoeiras, por gente do mundo inteiro. O Serra dos Órgãos tem a maior rede de trilhas do Brasil, com mais de 200 quilômetros em todos os níveis de dificuldade, desde a trilha suspensa, acessível até a cadeirantes, à pesada Travessia Petrópolis-Teresópolis, com 30 quilômetros de subidas e descidas pela parte alta das montanhas.

 

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Edição 19/04/2024
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