Em Bonsucesso, “montanha” de resíduos de todo o tipo fica cada vez maior e está sendo empurrada para barranco
Em agosto do ano passado O DIÁRIO denunciou um problema que afeta diretamente centenas de pessoas e que futuramente pode causar prejuízos para milhares de outras, inclusive a muitos quilômetros de distâncias dos locais onde tais situações estão ocorrendo: é cada vez maior o número de lixões clandestinos em localidades do Segundo e Terceiro Distritos do município, regiões que deveriam seguir justamente no sentido contrário e trabalhar para que solo e água, fundamentais para o desenvolvimento das plantações, fossem muito bem cuidados. Um dos locais apontados na reportagem publicada pelo jornal no dia 19 daqueles, uma estrada entre Bonsucesso e Vieira, acessada pela localidade de Estrelinha e com saída nas proximidades de um famoso hotel, continua sendo utilizado para o descarte irregular e criminoso de lixo de todo o tipo. Na semana passada nossa reportagem esteve na região para registrar demandas de produtores rurais e constatou que, apesar de tal situação ter sido informada ao governo municipal, nada foi feito e a tendência é que, em breve, tal estrada fique intransitável devido ao cada vez maior volume de material descartado.
Olhando de longe, a impressão que se tem é que se trata “apenas” de restos da produção rural, que quando não é comercializada no Ceasa ou outros centros comerciais precisa ser trazida de volta para Teresópolis. Mas, ao olhar mais atentamente, muito lixo doméstico, com materiais que levarão anos, ou até centenas de anos, para serem decompostos pela natureza. “O volume de restos de lavoura, lixo doméstico, pedaços de móveis e outros objetos que não deveriam estar ali é tão grande que a vegetação já foi totalmente suprimida em longo trecho. Além do efeito direito, poluição de solo e água são facilmente identificados. Logo abaixo do aterro irregular está um curso d´água que garante, até quando não se sabe, o abastecimento das lavouras em localidades não muito longe dali”, denunciou O Diário em agosto de 2021.
Na ocasião, a reportagem foi informada que alguns produtores rurais, quando têm sobras nos caminhões, restos que não podem ser deixados na Ceasa, no Rio de Janeiro, simplesmente descartam em vias públicas antes de chegar às suas produções. Dessa forma, estão cometendo crime ambiental e colocando em risco a própria fonte de renda. Um ano atrás, flagramos um agricultor do Terceiro Distrito com o caminhão atravessado na estrada que liga Campanha a Sebastiana e varrendo todo o lixo e as sobras de folhagens da caçamba para a margem do Rio Preto.
Outros flagrantes
Também em 2021, nossa equipe registrou a mesma situação na localidade de Soledade, em Sumidouro, em estrada que dá acesso a Água Quente, em Teresópolis. Muito lixo doméstico, restos da produção rural e garrafas estão tomando grande parte da via, sendo que fragmento florestal entre pequena estrada e uma área de lavoura estava destruída por um incêndio – muito provavelmente criminoso.
Ruim para o turismo
Além do prejuízo ambiental e consequentemente para a qualidade de vida de quem mora nesses locais, tais lixões clandestinos podem prejudicar outro importante segmento, o turismo. As localidades da zona rural têm sido cada vez mais procuradas pelos visitantes, interessados na diferente cultura e pontos de beleza cênica incomparável – justamente tendo como exemplo as imponentes Torres de Bonsucesso. Porém, se no lugar de admirar belezas e viver experiências o visitante se deparar com problemas comuns nas grandes cidades, porquê terá vontade de voltar?
Denuncie, faça sua parte
Para reclamar a situação ao poder público não é necessário informar seus dados. Basta ligar para a Secretaria Municipal de Ambiente (2742-7763), Secretaria de Posturas (2742-8445) ou Ouvidoria Municipal, pelo telefone 0800 282 5074. Também segundo a Prefeitura, para quem joga lixo nesses terrenos ou em via pública a multa equivale a R$ 1.000,00 e pode dobrar em caso de reincidência e a fiscalização é feita pela a equipe do Controle Urbano. Além disso, os donos dos terrenos também são responsáveis pela preservação do seu patrimônio e são obrigados a cercar e murar, ficando sujeito às penalidades da lei, que no caso são 500 UFIR.