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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Loja em Teresópolis mantém viva a cultura do vinil

Em tempo de streaming, “disco” conquista novas gerações e preserva um legado cultural musical

Luiz Bandeira

Ao contrário do que muitos pensam, mesmo com as novas formas de consumo digital de música, os álbuns em vinil, CD e DVD estão em alta. Além dos colecionadores, as gerações mais jovens passaram a se encantar por esse fenômeno cultural, que foi potencializado durante a pandemia de Covid-19. Em Teresópolis, a loja Entre e Ouça, localizada no Várzea Shopping, mantém um grande acervo de vinis e CDs, preservando e perpetuando essa magia tão cultuada nas décadas passadas. Para entender melhor esse fenômeno, o Diário de Teresópolis conversou com Cláudio Tatu, grande conhecedor da cultura do vinil, e com João Alberto, proprietário da Entre e Ouça, uma das poucas lojas desse segmento na região.
Cláudio Tatu (@portaltatu), jornalista e fotógrafo, compartilhou um pouco do seu vasto conhecimento sobre o vinil e as obras mais icônicas da música nesse formato. Para Tatu, a música como a conhecemos foi criada para ser apreciada em vinil. “A produção de vinil chegou a ser praticamente extinta. Houve um momento em que a indústria tentou realmente acabar com ele, mas, de forma surpreendente, conseguiram entender os colecionadores e os amantes da música. A música foi feita para o vinil. As músicas mais comerciais foram feitas para esse formato. Você encontra obras-primas em lojas maravilhosas como esta, repletas de vinis. A música, como ela é, não tem preço”, reconhece Tatu.

Mundo parado, cultura em movimento
Recentemente, após as restrições impostas pela pandemia de Covid-19, quando o isolamento social foi decretado, essa cultura ganhou novos adeptos. Nesse cenário, o e-commerce enxergou nos álbuns de vinil de artistas consagrados uma ótima oportunidade de negócio. Os discos de vinil, nos formatos LP (long play) e compactos, conquistaram um público diversificado, como revela João Alberto, proprietário da loja Entre e Ouça. “Houve um revival entre os jovens, que redescobriram o vinil, a nostalgia, o charme e até o chiado característico. Realmente, houve uma mudança no perfil do público”, descreve João Alberto.
O LP, disco de vinil de 30 cm de diâmetro (ou 12 polegadas), é o formato mais comum. Criado em 1948, começou a ser utilizado para gravações de música clássica, jazz e musicais. A cultura do rock’n’roll, em ascensão nos anos 50, passou a explorar o formato, mas foi apenas na década de 60 que o conceito de álbum foi consolidado, tornando-se um marco cultural. “A gente tem um acervo muito variado porque atende a todo tipo de público, a gente aqui não discrimina. Só existem dois tipos de música, música boa e música ruim e a gente aqui trabalha com a parte boa da música, tenta ter os álbuns mais interessantes, os ícones. Nós temos 9.000 CDs na área de venda, 12.000 LPs na nossa sobreloja, cerca de quase 600 fitas cassetes originais, 3.000 DVDs entre filmes, shows e animações. Tem muita coisa que você vai encontrar aqui que você procurou a vida toda”, destaca João Alberto.

“No último ano, vimos uma onda de novos adeptos, muitos dos quais nem sequer sonhavam em estar no mundo quando os discos foram lançados. Isso vai agregar muito à formação cultural e musical dessa nova geração”, celebra João Alberto. Foto: Luiz Bandeira / O Diário

Novos adeptos em um mundo moderno
A cultura do vinil envolve uma rede de artistas, gravadoras, público e mídias, todos em torno do disco de vinil, sua capa e as releituras estéticas que ele inspira. Esse movimento está intimamente ligado a uma tecnologia analógica e é marcado por um vínculo profundo com o passado. “No último ano, vimos uma onda de novos adeptos, muitos dos quais nem sequer sonhavam em estar no mundo quando os discos foram lançados. É emocionante ver jovens à procura de Beatles, Led Zeppelin, Pink Floyd, David Gilmour, David Bowie, além de artistas brasileiros como Engenheiros do Hawaii e Cazuza. Isso vai agregar muito à formação cultural e musical dessa nova geração”, celebra João Alberto.

Em Teresópolis, a loja Entre e Ouça, localizada no Várzea Shopping, mantém um grande acervo de vinis e CDs, preservando e perpetuando essa magia tão cultuada nas décadas passadas. Foto: Luiz Bandeira / O Diário

Prazer ao ouvir e manusear o disco
Manusear um álbum e ter o contato direto com o vinil é um prazer que pode estimular ainda mais o consumo desse tipo de mídia. A loja física, com seu acervo exposto, oferece sempre uma experiência única de apreciação e comercialização. Retirar o vinil da capa, limpá-lo, preparar o toca-discos e posicionar a agulha para escutar, em comparação com plataformas de streaming, é um ritual encantador e cheio de charme. Trata-se de uma herança cultural transformada em objeto de arte que não pode ser esquecido. Como destaca Cláudio Tatu: “O que mais gosto no disco de vinil é que ele é arte por todos os lados. Não é só a música, mas a união de ilustração, fotografia e som. É um conceito completo, que transmite o que o autor quer dizer com sua composição. Você pode colocar o disco para tocar, admirar a capa e desfrutar desse momento, tomando um café ou fumando um charuto”.

Edição 19/02/2025
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