Marcello Medeiros
Segunda-feira, 02 de dezembro de 2024. Mas poderia ser outro dia qualquer entre os meses de Primavera e Verão, visto que a falta de investimento do governo municipal na limpeza de bueiros, manilhas e cursos d´água – este último havendo ainda a responsabilidade do INEA – faz com que qualquer chuva um pouco mais forte transforme ruas em rios e cause apreensão na população, que não sabe se vai conseguir chegar ou sair de casa ou se terá novo prejuízo em consequência de uma enchente. E assim foi o primeiro dia da primeira semana do último mês do ano.
Em meados da tarde, a secretaria municipal de Defesa Civil emitiu alerta de “probabilidade de chuva moderada a forte para as próximas horas”, informando ainda um telefone de emergência caso o teresopolitano sofresse com alguma ação em consequência da prevista tempestade. E ela veio. Depois de um fim de tarde com o céu em tons de ardósia, pouco após as 19 horas a chuva veio com pressão e, rapidamente, diversas ruas foram tomadas pela água barrenta.
E, assim como ocorreu dezenas de vezes nos últimos anos, a água barrenta tomou conta das passagens de veículos e pedestres mesmo sem o transbordamento de cursos d´água. Ou seja, com bueiros e sistemas de manilha entupidos, o Paquequer e outros rios não tiveram como receber e liberar rapidamente a precipitação.
Mais do mesmo
O cruzamento das ruas Rui Barbosa e Carmela Dutra, nos fundos do gabinete do prefeito Vinicius Claussen, rapidamente ficou embaixo d´água. Com mais alguns minutos de chuva, o início da Carmela, próximo ao encontro com a Tenente Luiz Meirelles, também registrou um grande volume do “rio barrento”. Em vários outros pontos, como no Bom Retiro, a Tenente voltou a ser fechada por alagamentos, impedindo a passagem de veículos e prejudicando o transporte coletivo.
Na Ermitage, o pequeno rio que nasce no condomínio construído para as vítimas da Tragédia de 12 de Janeiro de 2011 não foi suficiente para evitar o grande volume de água. Nesse caso, especificamente, fica evidente outro problema além da manutenção de bueiros: o curso d´água foi estrangulado em vários pontos, por vezes sendo fechado e transformado em galeria, impedindo a rápida passagem da água em direção ao Paquequer.
Com essa situação, o cruzamento da Wilhelm Cristian Kleme com a Lúcio Meira mais uma vez virou um grande rio, com a água barrenta chegando até as proximidades da Ari Parreiras. Até o fechamento desta edição, não havia informações sobre o balanço da Defesa Civil nesta segunda-feira.
INEA limpa lago
Importante deixar registrado, mais uma vez, em setembro passado uma equipe do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), que deveria manter os cursos d´água desobstruídos para diminuir os impactos do período chuvoso, foi vista promovendo a limpeza do lago do Jacarandá, na floresta de mesmo nome. Na ocasião, o órgão do governo do estado alegou que “fazia parte do programa Limpa Rios, para evitar cheias”, esquecendo de explicar o motivo de promover a retirada de lama de uma área dentro do Parque Estadual dos Três Picos, cedida à empresa Águas da Imperatriz, e onde não há nenhum risco de transbordamento e consequentemente prejuízos à população.