Luiz Bandeira
Mais um dia de manifestação em frente ao Palácio Teresa Cristina, sede do governo municipal. Dessa vez, nesta quinta-feira, 09, o protesto contra o governo Vinicius Claussen devido ao projeto de concessão do serviço da água em Teresópolis, o que implica no encerramento das atividades da Cedae no município. No final da tarde, dezenas de manifestantes, entre funcionários da companhia, sindicalistas e moradores de bairros que temem prejuízo com a privatização do serviço, fizeram barulho e exibiram cartazes com frases de protesto contra a ideia do gestor. Uma das entidades presentes foi o Sindágua-RJ (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Rio de Janeiro), que posicionou um carro de som para manifestar a insatisfação pelo fim dos serviços da Cedae. A população de alguns bairros como Quinta-Lebrão e Fischer marcou presença em apoio ao protesto devido a preocupação da proibição de se captar água em nascente com a entrada de empresa privada. Guarda Civil Municipal e a Polícia Militar garantiram a segurança dos manifestantes. O trânsito na Avenida Feliciano Sodré sofreu alguma retenção, porém fluiu ainda que lentamente.
Ary Girota, representante do Sinágua-RJ, explicou à nossa reportagem quais os motivos levam a necessidade da população se manifestar contra o projeto do governo. “O objetivo principal dessa manifestação é esclarecer à população que a privatização que está se tentando fazer, primeiro é imoral por que privatizar a água é privatizar o acesso a vida. Mas o principal, é que Teresópolis é atendida pela Cedae há mais de 40 anos, é um dos melhores sistemas de produção de água que nós temos, é um sistema superavitário, é um sistema que atende principalmente a população mais pobre e periférica. Portanto, se o prefeito tem um sistema que opera com qualidade, atende a mais de 90% da população, está pronto, porque ele vai querer entregar isso para o empresário privado realizar um lucro financeiro, o que ele está ganhando em troca?”, questinou.
Os manifestantes se organizaram para aguardar o início da sessão da Câmara para pressionar também o poder legislativo e sensibilizar vereadores à causa, fortalecendo assim o movimento. “Ontem nós fizemos uma palestra virtual com um engenheiro de saneamento explicando aos vereadores os riscos da privatização e as soluções, as alternativas para não privatizar. Nós temos a palavra do presidente da câmara, Leonardo Vasconcelos, que ele, ao invés de dar passagem ao projeto do prefeito, iria realizar um plebiscito na cidade, onde a população iria democraticamente dizer se quer a privatização ou não. Porque em última análise nenhum dos políticos de Teresópolis, nem o prefeito nem os vereadores, foram eleitos dizendo que iriam privatizar a água”, pontuou o sindicalista.
Tarifas menores e falta de investimento
Ary falou ainda sobre a promessa de redução nas tarifas. “Essa história de que vai ficar mais barato é engodo. Empresa privada visa é lucro”, destacou o sindicalista, que questionou ainda a informação divulgada pelo governo municipal de que a população ficará impedida de utilizar a captação direta em nascentes, as chamadas “mangueiras pretas”. “Dizem que não vão proibir, mas você acredita nisso mesmo? Empresa privada visa é lucro”, pontuou. Girota esclareceu ainda a questionada falta de investimento da Cedae em Teresópolis nos últimos anos, o que, segundo ele, não ocorreu por exclusiva culpa dos últimos prefeitos, entre eles Vinicius Claussen. “Todos eles se recusaram a renovar o contrato da Cedae, que está operando sem contrato desde 2008. Assim, não poderia investir o que estava previsto, inclusive para fazer o tratamento de esgoto no município”, destacou o representante do Sindágua-RJ.
“Vai ficar mais barato”, diz PMT
Através das redes sociais, o governo municipal divulgou nesta quinta-feira nova nota justificando a nova concessão em relação ao suposto prejuízo para o teresopolitano em relação aos preços que seriam cobrados em eventual atualização do sistema. “Está circulando nas redes sociais uma imagem com informações equivocadas sobre o Saneamento Básico para Todos. Em primeiro lugar, o município não vai e nem pode privatizar a água, o que vai mudar é a gestão, através de um processo de concessão do serviço de água e de coleta e tratamento de esgoto, inexistente em Teresópolis. Sobre as tarifas comparativas de outros municípios, todos eles tiveram concessões realizadas na década de 90, e diferem em vários pontos do que foi proposto em Teresópolis. Existe um edital publicado com exigências pré-estabelecidas, que vão constar em contrato, uma delas sobre as das tarifas, que de partida já serão 18% menores e ainda haverá tarifa social”, divulgou o governo Vinicius Claussen.