Marcello Medeiros
Em 23 de dezembro do ano passado, um casal residente na Granja Guarani, em imóvel cuja parte do terreno fica na área de amortecimento do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, recebeu uma “visita” muito especial: um filhote de onça-parda (Puma concolor) foi gravado pelo sistema de monitoramento passeando pelo local. Vinte e quatro dias depois, mais uma surpresa ficou eternizada na gravação de segurança, dessa vez um exemplar adulto da Sussuarana cruzando o mesmo local onde o pequeno – possivelmente seu filhote – havia passado semanas antes. Assim como da primeira vez, o fato foi comunicado à unidade de conservação através do aplicativo do SISS-GEO (Sistema de Informação em Saúde Silvestre), sistema gratuito e disponível na web e smartphones para o monitoramento da saúde dos animais silvestres em ambientes naturais, rurais e urbanos.
O segundo flagrante em tão pouco tempo mostra que, apesar do crescimento desenfreado das comunidades, na grande maioria das vezes sem se preocupar em destruir o lar de outras espécies, a natureza continua resistindo e nos presenteado com a presença de um animal tão impressionante. Apaixonados pela natureza e frequentemente voluntários em ações de conservação ambiental no município, os proprietários da residência, Katherine Ammon e Jajá Ayres, já registraram outras espécies no local onde funciona uma hospedagem voltada justamente para o público que valoriza as belezas naturais da nossa região. “Falando na rica fauna que nos visita, tenho registros de pacas, tatus, iraras, furão, teiús, macaco prego, micos, ouriços, entre muitos outros. Isso aqui é uma festa e nós amamos”, completa Katty.
Essa não foi a primeira vez que onças-pardas foram vistas na zona urbana de Teresópolis, mas há mais incidências em áreas vizinhas aos parques, como em Quebra-Frascos, que também é limítrofe ao PARNASO.
Não precisa ficar com medo
Entrevistado pelo “Mochileiro Podcast”, da Diário TV, o Biólogo Ricardo Mello, falou sobre fauna e conservação ambiental, destacando diversos temas fundamentais para a continuidade de diversas espécies e manutenção da qualidade de vida da população. Entre os tópicos, destacou justamente um que chama atenção sempre que alguém vídeo sobre esse animal ganha as redes sociais: as onças! Também conhecido como Sussuarana ou ainda Leão da Montanha, o Puma concolor é o maior felino presente hoje na Mata Atlântica e desperta sempre um misto de medo e admiração. Aliás, sobre o risco que muita gente acha que tem se cruzar com um deles em uma trilha ou no quintal de casa, Ricardo deixou claro que não existe perigo.
“Eles são animais que andam na maior parte do tempo no horário noturno, noite e madrugada à dentro. Além disso, é um animal que evita contato com o ser humano ao máximo. Por experiência própria, fazendo trabalhos de monitoramento noturno, de levantamento de fauna, procuramos as onças, isso tendo rastro, pegadas, o horário que ela teoricamente costuma passar, e nunca conseguimos encontrar nenhuma. Ela sente nosso cheiro, escuta chegando, e evita passar perto. Então, a chance de ser premiado, de encontrar uma onça, é mínima”, enfatizou, completando que “não há nenhum risco, pois ela tem o hábito de evitar o contato com o homem”.
Ricardo pontuou também que “no Brasil não tem nenhum registro de ataque a seres humanos. Quando ela passa perto, é sempre fugindo. Além disso, somos basicamente do tamanho dela, que chega em torno de 70 quilos e portanto se alimenta de animais menores”. Essa entrevista, na íntegra, pode ser vista no canal da Diário TV no YouTube. Basta pesquisar por “Mochileiro Podcast com Ricardo Mello”.