Marcello Medeiros
Enquanto a gestão municipal se empenha em conseguir a liberação de espaços públicos para empresas privadas ou com plantações de lúpulo para tentar justificar um título nacional referente ao elemento base para a produção de cerveja, moradores de diversas comunidades têm se unido para resolver problemas que são de competência da prefeitura – que mantém regularmente a cobrança de impostos mesmo sendo extremamente deficiente em diversos setores. Nos últimos meses, mostramos ações voluntárias em vários bairros e, nos últimos dois fins de semana, entraram para esse obscuro capítulo da história de Teresópolis moradores do Caleme. Cansados de esperar pelo asfaltamento da Rua Melro, entre tantas outras em péssimas condições naquele bairro, eles se cotizaram para comprar material de construção e montaram equipes para a colocação de concreto nos muitos buracos causados pela quase total inoperância dos setores específicos da prefeitura nos últimos anos.
No lugar do milionário e questionável asfalto da gestão Claussen, cimento, areia e pedras para melhorar o local onde centenas de pessoas trafegam diariamente correndo o risco de sofrerem acidentes ou conseguirem grandes prejuízos com seus meios de condução. Afastado a região central, o Caleme foi um dos bairros bastante afetados na maior catástrofe natural do país, em 12 de janeiro de 2011. Apesar de intervenções realizadas pelos governos estadual e federal, a comunidade guarda ainda as marcas das enxurradas e deslizamentos de terra e pedra, além do mesmo descaso dos governantes municipais.
Através das redes sociais, moradores do Caleme, e outras comunidades que também aguardam ansiosamente atenção daquele que deveria zelar pela qualidade de vida dos teresopolitanos, se pronunciaram quanto ao descaso dos setores competentes. “É uma vergonha, prefeito! Este parabéns seria para você, mas não é. É para o povo sofrido! Parabéns Caleme”, publicou Maria Dilia. “É isso aí, todo mundo unido sem depender da prefeitura”, frisou Kaíque Ferreira.
Importância das associações
Santa Cecília, Barroso, Paineiras, Parque do Imbuí… Já mostramos aqui diversos bairros onde foi necessária uma ação voluntária e solidária para resolver problemas que deveriam estar na pauta das secretarias de Obras e Serviços Públicos. Em dezembro passado, por exemplo, destacamos que a Associação de Moradores e Amigos da Granja Guarani estava dando um exemplo de como a comunidade pode promover melhorias em seu local de vivência sem depender exclusivamente do poder público. “Em um mutirão que atravessou a noite, eles promoveram o conserto de buracos em diversas vias, como Alameda Maués e José Bonifácio e outras ruas que promovem a ligação de várias partes do bairro e o ponto final do ônibus, conhecido como Pedreira. Eles se uniram para comprar o material necessário e juntos realizaram a manutenção, evitando acidentes e prejuízos com a suspensão de seus veículos, entre outros danos materiais”, destacou O DIÁRIO.
Importante frisar também que o sucateamento dos quadros da prefeitura, promovido pelos últimos desgovernos que passaram pelo Palácio Teresa Cristina – inclusive o anterior, que chegou a se intitular como “muito experiente para administrar” e “salvador da pátria”, mantido apenas graças a liminar no STF – dificultam ainda mais a prestação de serviços que parecem básicos e de pouco custo. Faltam equipamentos e pessoal para atender uma cidade que já caminha para 180 mil habitantes e, na contramão dessa necessária intervenção, a atual gestão parece se importar muito mais com supérfluos do que na resolução de problemas básicos como os citados acima.