Marcello Medeiros
Vítima de incêndio criminoso na última segunda-feira, o Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis, que tem como símbolo a Pedra da Tartaruga, deve ser reaberto no início da próxima semana. Equipes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, responsável pela gestão da unidade de conservação ambiental, trabalham na reconstrução do sistema de captação de água que abastece as torneiras ao longo das trilhas afetadas e dos banheiros do núcleo. Importante ressaltar que o incêndio ocorreu num dia de Inverno, ou seja, com temperatura amena, e em horário noturno. Assim, a conclusão é de que as chamas foram provocadas por ação humana, quer seja para queimar lixo ou para destruição intencional da mata. “A Secretaria informa que está apurando o ocorrido e que, se o responsável pelo incêndio for identificado, será multado e será encaminhada denúncia ao Ministério Público Estadual (MPE/RJ) para inquérito e posterior ação judicial”, divulgou a Prefeitura na última quinta-feira. O número de incêndios criminosos em áreas de floresta de Teresópolis é motivo de preocupação. De acordo com a Assessoria de Comunicação do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, justamente até o final da tarde da última segunda-feira eram 22 comunicações na região. À noite, foi registrado mais um fogo em vegetação em Venda Nova e o caso do Parque Montanhas de Teresópolis, uma média de pelo menos duas ocorrências diárias do tipo nas matas locais. Dessas, ainda segundo as anotações dos Bombeiros, que acabam acionados para apoio mesmo em locais onde há brigadas de incêndio, três aconteceram em áreas protegidas por lei.
No caso do PNMMT, o fogo destruiu área aproximada de 30 mil metros quadrados, principalmente nas proximidades da Pedra do Camelo – montanha de 1.260 metros de altitude vizinha à Tartaruga e que teve o acesso ao cume melhorado recentemente. O incêndio atingiu também trecho de vegetação em rocha, na parte mais alta, queimando algumas espécies raras, como bromélias e orquídeas. Criado em 6 de julho de 2009, o Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis tem uma área de 4.397 hectares. Abrange parcialmente alguns bairros, entre eles Caleme, Posse, Salaco e Campo Grande – na cidade, Santa Rita e Ponte Nova – no interior. Faz limite com Petrópolis e São José do Vale do Rio Preto. Enquanto o núcleo Tartaruga permanece fechado, a dica é visitar a sede Santa Rita, que tem opções de lazer variadas.
Bombeiros mantém helicópteros na região
Em tempos de seca os índices de queimada aumentam muito. Com objetivo de se antecipar às adversidades, o Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro (CBMERJ) baseou um socorro aéreo em Nova Friburgo para atender a Região Serrana. A localidade é propícia a esse tipo de ocorrência, conforme apontam os mapeamentos já realizados pela Defesa Civil do Estado. Denominada de Operação Extinctus, a ação conta com duas aeronaves que se revezam. Esses equipamentos e as tripulações foram fundamentais para que 75% dos focos em áreas verdes e de preservação fossem extintos antes mesmo do acionamento, via 193, desde o mês passado.
– O Governo do Estado e o comandante-geral do Corpo de Bombeiros criaram estratégias de atuação para essa época de seca, entre elas a Operação Extinctus. Nosso planejamento estabeleceu sobrevoos em locais recorrentes de propagação. O helicóptero sobrevoa estes pontos mais vulneráveis e detecta a ocorrência ainda no início, o que nos permite a antecipação do evento, sendo fundamental para a efetividade da ação – ressaltou o comandante do CBA II – Serrana, coronel Rafael Simão.
A operação já utilizou mais de 50 mil litros de água no combate às chamas que atingiram vegetação nos municípios de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo este mês. No total, 20 cidades da Serra são monitoradas pela força-tarefa formada por militares do CBMERJ e brigadistas do ICMBio e IBAMA.
De acordo com o oficial, outro ponto primordial da atuação das aeronaves é o acesso às encostas e aos locais de difícil acesso por terra. – A complexidade de se combater eventos na Região Serrana tem relação com a topografia. Muitas vezes não conseguimos nos aproximar com o uso de veículos ou a pé. São inclinações elevadas, maciços rochosos onde há vegetação. Por vezes, nem há estrada para acesso – disse Simão, lembrando que os militares precisam, ainda, levar equipamentos operacionais para atuação direta na ocorrência.
Período de muita preocupação
A falta de chuva e a vegetação seca, comuns entre os meses de julho e outubro, facilitam o alastramento de focos de incêndios. A população pode ajudar a prevenir este tipo de ocorrência ao evitar acender fogueiras, queimar lixo no quintal, soltar balões, jogar pontas de cigarro em qualquer ambiente, principalmente, nas estradas próximas à vegetação, e jogar garrafas de vidro em áreas florestais e em beira de estrada. Elas funcionam como lente de aumento para os raios solares, gerando calor.
– Algumas vezes são causas naturais, mas indícios nos levam a crer que a maioria dos incêndios é provocada por ação humana. Até mesmo por aquelas pessoas que não fazem por maldade. Vão queimar um pouco de lixo, por exemplo, e, quando se dão conta, as chamas já alastraram. Além da falta de chuva que facilita o processo, também é comum ventar bastante neste período, o que faz com que se perca o controle facilmente – explicou o coronel. Quem provoca incêndio está sujeito a pagar multas altas ou até mesmo ser preso, dependendo das consequências dos seus atos. O crime deve ser denunciado pelo telefone da Policia Militar (190).