Marcello Medeiros
Nas últimas semanas, boa parte dos moradores da Cascata do Imbuí, bairro localizado em uma aprazível região de Teresópolis, não tem conseguido dormir direito devido à possibilidade de realização de uma grande obra a qual sequer foram consultados: a construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto da empresa Águas da Imperatriz, concessionária que venceu a outorga do serviço com a anuência do governo Vinicius Claussen. Funcionários da empresa têm sido vistos com frequência analisando terrenos vizinhos a imóveis e a famosa queda d´água que dá nome à localidade, uma área de nove mil metros quadrados entre as ruas Henrique Claussen e Léo Vitor, paralela ainda à Estrada José Gomes da Costa Júnior. Nesse ponto, o córrego Antônio José deságua no rio Paquequer. Segundo projeto obtido pelos moradores, uma propriedade particular está dentro da marcação onde pode ser criada a ETE.
“A gente está preocupado porque aqui é uma área residencial e turística e a gente foi surpreendido com essa ideia da Águas da Imperatriz de fazer uma estação de tratamento de esgotos e estamos muito preocupados, eu mais ainda em virtude de desapropriação futura da minha propriedade, que a prefeitura venha decretar utilidade pública. Vamos tentar judicializar essa questão para que isso não aconteça, para que não ocorra a instalação da ETE no nosso bairro, já tão afetado pela Tragédia de 2011”, relatou ao Diário o morador Carlos Henrique Estevam Junior.
Além de atentar para a grande área residencial e turística, os moradores da Cascata do Imbuí questionam o necessário estudo técnico para a implantação de um empreendimento desse tipo e que tal obra já foi rejeitada pelo bairro vizinho. “Essa é uma pergunta que todos nos fazemos. Não nos foi apresentado nenhum estudo de impacto de vizinhança e ficamos preocupados. Como é que vai ser se vier a ser instalada essa ETE? Tem que se fazer esse estudo ambiental e qual impacto moradores vão ter, tanto visual como sonoro. Temos que questionar. Não podemos ficar simplesmente tem fazer nada. Até o momento não tem nenhuma justificativa. Inicialmente seria no Caleme, depois passaria para o Golfe e agora repassado para a Cascata. Queremos resposta, não nos foi apresentado nada”, pontua o morador Diego Avila Xavier.
Desvalorização do bairro
Outro ponto observado pelos moradores da Cascata do Imbuí é a desvalorização dos imóveis vizinhos à Estação de Tratamento de Esgoto. “Sabemos da necessidade de haver estação uma estação de tratamento, ninguém é contra. Só que ela não deve ser colocada em um bairro extremamente residencial. Quem é que vai querer comprar casa ou morando local pagando IPTU com todos os problemas gerados por uma construção dessas? O ideal é procurar um local mais adequado, inabitado, mas talvez aqui seja mais fácil, melhor para desapropriar, muito mais cômodo para a Águas da Imperatriz do que um local mais distante, com custo mais caro”, frisou o aposentado Délio Couto.
“Ainda não foi definido”
Em nota encaminhada para a redação do Diário, a Águas da Imperatriz informou que ainda não há uma decisão final quanto ao local para a implantação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) na cidade. “Estão sendo avaliados terrenos que ofereçam possibilidades técnicas para otimizar a operação de coleta e tratamento de esgoto, promovendo a maior eficiência do sistema. A área a ser escolhida deverá considerar uma topografia que reduza a necessidade de construção de unidades de bombeamento pela cidade, favoreça a estética da unidade e minimize os impactos e transtornos para a população durante a fase das obras e também durante a operação futura, pois o sistema a ser construído será revertido ao município ao final da concessão”, informa a concessionária. A Águas da Imperatriz informa, ainda, que, assim que o espaço for escolhido, será amplamente divulgado para a população.
Mobilização
Para tentar frear a ideia de uma construção que já foi descartada em outros dois bairros, os moradores estão realizando uma petição pública. O documento e mais informações sobre a causa podem ser acessados no Instagram @amigosdacascata. “A gente clama ao prefeito Vinicius Claussen para que não deixe esse legado para o nosso bairro. Tem outras áreas para que a empresa implante esse ETE, locais totalmente desabitados e onde não será necessário desapropriar nada”, destaca Estevam.