Mais de uma semana depois de causar um grave acidente na Rua Flávio Bortoluzzi de Souza, próximo a Mucuri, no Bairro do Alto, um jovem que conduzia uma motocicleta Honda e que depois de atropelar deixou bastante ferida a Técnica em Enfermagem Neiva Quinteiro, de 49 anos, se apresentou na 110ª DP. De acordo com o Delegado Titular, Marcio Dubugrass, ele pode pegar até sete anos de prisão. “Vai responder pela manobra em via pública, por empinar a moto, por lesão corporal dolosa e dolo eventual, por omissão de socorro e pela falta de habilitação”, pontuou a autoridade policial do município, em entrevista ao Diário nesta terça-feira, 26.
Outra informação passada à polícia foi sobre o motivo de não ter prestado o devido atendimento e assumido a responsabilidade do acidente, o rapaz teria alegado “estar com pressa para chegar em casa para cuidar das filhas” e que “várias pessoas começaram a xingá-lo”. Porém, no segundo caso as imagens mostram apenas três pessoas no local, prestando ajuda à mulher vítima de atropelamento. Uma delas, um motociclista que sequer desce do seu veículo fazendo apenas uma “barreira” para evitar que a Neiva fosse atropelada novamente.
Ainda segundo o Delegado, a motocicleta utilizada na ação que se configurou em crime poderá ser apreendida em breve. “Ele confirmou o excesso de velocidade e que não tinha sequer habilitação. É mais um caso onde um imprudente empina moto em via pública e causa um acidente. Mas ele não vai ficar impune, vai responder como outros anteriormente. Vamos pedir ao Judiciário que a moto seja apreendida em definitivo e vá para leilão. Essa é uma forma de aprender que rua não é lugar de fazer manobras, retirando e leiloando o bem. Todos sabem que é proibido, que pode causar acidentes, mas ainda há quem insista”, destaca Dubugras.
Na semana passada, conversamos com a vítima de atropelamento. Autônoma, ela depende do que ganha nos plantões para manter a casa onde vive com três filhos, incluindo entre as despesas o aluguel. Neiva Quinteiro teve várias escoriações pelo corpo e a perna esquerda imobilizada devido a uma luxação. “Na hora fiquei imóvel, com dor, ânsia de vômito, tremia tudo. A impressão que tinha é que minha perna esquerda estava toda quebrada, mas graças a Deus não. Tive uma lesão no tornozelo e em cima do pé, várias escoriações. Ele feio perto de mim, mas não perguntou nada, me olhou como um lixo, não mostrou que se arrependeu, que estava desesperado, nada. E se fosse alguém da família dele que tivesse acontecido isso? Ele estaria feliz? Estaria dormindo bem, como estaria?”, contou ao Diário.
Na ocasião, a Técnica em Enfermagem também atentou para o fato que não foi um acidente. “Vi pessoas comentando que se assustou, que foi fatalidade. Não foi fatalidade. Ele escolheu empinar moto, pegar velocidade. E se fosse um idoso, uma criança com a mãe? Com a pancada que eu levei, eu não estaria viva não se fosse Deus”, enfatiza.