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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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O que aprendemos com a Tragédia de 12 de Janeiro de 2011?

Onze anos após a maior catástrofe natural do país, famílias ainda vivem em áreas de risco e aguardam por moradias

Marcello Medeiros

Nesta quarta-feira, 12 de Janeiro, a maior catástrofe natural do país completa mais um ciclo. No dia em que se lembra dos 11 anos da Tragédia que marcou a história de Teresópolis e outros municípios da Região Serrana, os responsáveis pela condução da vida política local, muitos em cargos públicos desde aquela época, nada fizeram. No sentido contrário, aprovaram um feriado no dia errado, 11, como maneira de “homenagear” aqueles que partiram na madrugada mais catastrófica registrada em nossa linha do tempo até então. Além do prejuízo histórico que pode vir a ser causado caso se insista nessa obrigatoriedade de simplesmente proibir o trabalho em uma data que não foi aquela onde centenas de teresopolitanos perderam suas vidas e milhares de outros viram desaparecer na lama parentes, amigos, e suas moradias, cuja enxurrada levou também suas histórias de vida, o início de janeiro de 2022 fica marcado por mais um ano que pouco ou nada se fala efetivamente do que realmente precisa ser tratado: O que aprendemos com o 12 de Janeiro de 2011? O que ainda precisa ser resolvido mesmo mais de uma década depois da catástrofe? Quantas famílias ainda aguardam por uma moradia digna, livre dos pesadelos ampliados principalmente no período de chuvas fortes? Quantas importantes obras prometidas desde 2011 não saíram do papel? Quantas casas que deveriam ter sido demolidas continuaram de pé e voltaram a ser ocupadas mesmo estando em áreas de extremo risco? Quantas pessoas ainda têm problemas psicológicos devido ao trauma e precisam de ajuda profissional? São muitas perguntas e quase nenhuma resposta. E não será um feriado que irá contribuir com um futuro melhor – ou sequer menos doloroso – para quem viu o mundo mudar de maneira drástica 11 anos atrás.
Em comentário publicado em um das redes sociais do jornal O Diário, um dos sobreviventes da fatídica madrugada de 12 de janeiro resumiu esse pensamento errôneo de criar um feriado como uma espécie de solução mágica para tamanha e complexa situação. “Esse feriado não tem lógica nenhuma. Não traz ninguém de volta, não dá benefício aos atingidos da Tragédia. É um feriado sem nexo. Coloca no segundo domingo de janeiro, aí sim, um dia para rezar, lembrar e pensar em resolver os problemas que ainda existem na cidade até hoje. Meu coração ficará ferido para sempre, saudades do meu filho e muitos amigos, mas um feriado não resolve em nada essa realidade. É verdade que foi um fenômeno da natureza, mas outras tragédias poderão ser evitadas se houver mais cuidado, zelo, em muitos bairros abandonados. Depois não adianta lamentar, chorar e nem inventar feriado”, pontuou, acertadamente, o sobrevivente Waldair Siqueira, que não informou em qual bairro residia na ocasião.
Fizemos contato com a Presidente da Associação de Moradores do Caleme e do Movimento Popular das Vítimas das Chuvas de 2011, uma continuidade da AVIT, para falar sobre a data. Néia Silva lembrou que segue na luta para ajudar diversas pessoas que ainda necessitam de moradia. “Encerramos os trabalhos da Associação em 2018 e criamos no mesmo dia, em assembleia, um movimento popular por moradia Avit. Agora só não fazemos mais aquela parte judicial, mas sim estamos no apoio às vítimas que ainda não conseguiram suas moradias e pessoas que moram em áreas de risco”, explicou Néia, que nesta quarta-feira estará no bairro onde reside atendendo, mais uma vez, vítimas da catástrofe que ainda precisam de ajuda.

E as obras?
Além de muitas pessoas que até hoje aguardam por uma moradia segura, dezenas de imóveis que deveriam ter sido demolidos, como em Campo Grande, Vila Muqui e Espanhol, só para citar, voltaram a ser ocupados. Tal situação é reflexo da falta de habitações populares e ausência do Estado para evitar a continuidade de ocupações em locais de risco de morte. Paralelo a isso, importante frisar que em diversos outros bairros, mesmo os que não foram afetados em 2011, há milhares de teresopolitanos em áreas extremamente perigosas em dias de temporal. Também são aguardadas obras prometidas desde os primeiros meses daquele ano. Barragens de contenção de cheias em Campo Grande e um Parque Fluvial na Posse/Cascata do Imbuí são apenas dois dos muitos exemplos que não saíram do papel.

Mais segurança
Para não dizer que Teresópolis nada aprendeu com a Tragédia de 12 de Janeiro de 2011, hoje a Secretaria Municipal de Defesa Civil tem sistema de monitoramento e alerta muito mais eficiente do que uma década atrás. Havendo previsão de situação de risco, a pasta já divulga mensagens e outros alertas para que as pessoas deixem suas residências e procurem locais seguros. Além do SMS, o sistema de alerta por sirenes, acionadas quando se alcança determinado volume de chuva em um período curto, é outro avanço para diminuir o número de vítimas fatais em tragédias naturais.

As capas do jornal O Diário, de 2011 e 2012, portanto documentos históricos relacionados à Tragédia, mostram o que os políticos locais deveriam saber antes de aprovar um feriado sem nexo: A data correta é 12, não 11 de Janeiro

 

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Edição 23/11/2024
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